- Pele humana é impermeável?
- É. Ou quando você toma chuva você fica cheio de água?
- Não, não fico. Mas não sabia que era a pele que protegia. Achei que pudesse ser uma camada protetora que fica embaixo da pele. Ou, talvez, que o sangue fosse impermeável, sei lá.
- Como o sangue seria impermeável, sendo que ele é molhado? É o mesmo que você dizer que a água é impermeável. Não funciona.
- A água é permeável?
- A água é o diabo do agente permeabilizante.
- Bom, mas de qualquer forma, a pele é impermeável, certo?
- Certo.
- Por que será que nunca usaram pele para fazer guarda-chuva?
- Olha, acho que o Leatherface começou com esse tipo de ponderação e quando viu estava fazendo sofá e abajour com pele humana.
- Mas é sério, pensa bem. E não é só guarda-chuvas que daria para fazer com pele. Como trata-se de um tecido resistente, acho que daria para fazer cinto de segurança e até mesmo corda para rebocar pequenos automóveis. É uma espécie de tecido tudo em um, serve para proteger da chuva, para rebocar carros e para garantir a segurança de pessoas dentro de carros.
- Não sei não, mas acho que o pessoal do Greempeace iria chiar com a sua idéia.
- Ia nada. Se eu estivesse falando de pele de mico leão dourado ou de jacaré de papo amarelo, aí sim, eles implicariam. Mas estou falando de pele de gente. E todo mundo sabe que, para gente, eles estão cagando e andando.
- Cagando, recolhendo as fezes em saquinhos biodegradáveis e andando, eu diria.
- Isso se estivéssemos falando de micos leões e de lobos guarás. Para pessoas, eles cagam e andam mesmo. Olha só, outra vantagem de usar pele humana para várias coisas: limpa fácil. Se cair vinho no seu sofá de pele de gente, basta usar um sabonete qualquer, tipo Palmolive. Graxa? Sabão. Tinta? Sabão.
- Queimou? Pasta de dente.
- Dizem que isso é lenda urbana. Que pasta de dente não funciona para queimaduras. Acho que, em caso de queimadura no seu guarda-chuvas de pele ou no seu sofá, só tem uma saída.
- Qual?
- Panela.
- Como?
- Aproveita que queimou e frita. Vira uma bela de uma torresmada humana. Dá para servir as visitas.
- Que vão ter que comer em pé, né? Porque o sofá foi para o saco.
- Ah, mas tem as cadeiras da cozinha. Aliás, osso é bem resistente, né?
- É. Se você não for aquele coitado daquele filme do Shamalayan.
- Daria para criar umas cadeiras de osso. Cara, eu acho que esse nicho inexplorado pode me deixar rico.
- Daqui a pouco você vai falar que cabelo humano vira tapete, que os olhos podem virar bolinhas de gude para as crianças e que os dentes, colocados em um aparato propício, virariam ótimos moedores de carne.
- Credo! Eu não iria tão longe. Mas acho que pele tatuada seria mais cara. A completamente lisa também teria mais valor de revenda. Pele de segunda mão, cheia de marca de espinha ou com pé de galinha, estria e rugas seria mais barata. Agora, a dúvida, onde eu compraria pele?
- Olha, acho que você teria que roubar em necrotérios ou em cemitérios.
- Ah, é? Mas eu tenho medo de morto. Queria comprar a pele de algum vivo. Não rola?
- Ao que me consta, não dá para viver sem pele. E, se dá para viver, não dá para viver muito bem.
- Eu achava que eu ofereceria uma grana e a pessoa me daria a pele. Não tinha realmente pensado no operacional. Nesse caso, acho que não vai rolar.
- Não. A não ser que você queira pegar umas peles na marra, com uma motossera ou coisa assim.
- Não, não. Odeio violência. Vou ter que pensar em algo para substituir pele humana. E se eu pegar pele de algum bicho?
- Problemas com o Greenpeace.
- E se eu pegar pele de algum bicho e disser que é de gente?
- Você pega a pele de um sapo e diz que pegou do Hulk?
- Será que cola?
- Tanto trabalho... Por que você não aposta em algo mais tradicional?
- Prostitutas de luxo, escravas brancas, armamento pesado e drogas sintéticas?
- Isso, algo assim.
- Vou pensar a respeito.
Um comentário:
Bucha, seu cérebro é absolutamente permeável a bobagens. E, pelo jeito, tá chovendo merda em São Bernardo. Animal o diálogo!!! E ainda reviveu a história da impermeabilização, que é um verdadeiro clássico dos anos 90.
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