sexta-feira, 10 de junho de 2011

A coisa é tombada "pelo" ou "como" Patrimônio Histórico?

- Eu acho que o disco Exile on Main St. dos Stones deveria ser tombado pelo Patrimônio Histórico como, a rá!, patrimônio histórico da humanidade.

- Eu acho o mesmo. Além desse disco eu colocaria também a atual camisa do Peñarol sem patrocínio. Sai o patrocínio, entra o patrimônio.

- Mas ela nem tem patrocínio mesmo.

- Melhor ainda. Assim o patrimônio não tem que chegar dando cotovelada ou pedindo licencinha.

- Ai, ai.

- Outra coisa que, por mim, deveria ser tombada pelo Patrimônio Histórico: Amelia Vega.

- Boa pedida, embora ela não seja uma coisa no sentido objetico da palavra.

- Mas é uma coisa, não? Tipo "coisa bonita, coisa gostosa, quem disse que tem que ser magra para ser maravilhosa?".

- Roberto Carlos sabe das coisas, embora a Ameli Vega também não seja gorda.

- Não importa.

- Sabe o que mais eu tombaria como patrimônio histórico? A novela Chocolate com Pimenta. Rapaz, que novela boa.

- Eu gostei também. As primeirs 4 temporadas de Malhação e ainda uma coletânea que baixei ontem do Charlie Brown Jr. também poderiam ser tombadas. Ou acha que exagerei?

- Não, não. Tens razão. Eu tombaria também a Daniela Cicarelli como patrimônio histórico. Pode?

- Se a gente fizer umas adaptações, acho que rola.

- Como assim?

- Se a gente incluir junto com ela o Ronaldo Gordo. E ambientar os dois no Castelo de Chantilly, no momento que casaram, fica mais fácil.

- Quer tombar esse casamento como patrimônio histórico?

- É. Se não der, a gente tenta incluir nos matrimônios históricos. Aí não tem erro.

- Ai, ai.

- Acha que exagerei?

- Não, exagero seria colocar o Pinel como manicômio histórico ou o Fontoura, como biotônico histórico.

- A gente faz tanto trocadilho estúpido aqui que se o Humberto Gessinger lesse isso, ficaria orgulhoso.

- Ou ele ou o Arnaldo.

- Que Arnaldo?

- O Antunes. Manja?

- Arnaldo Antunes?

- Isso. Aquele tribalista histórico.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Válber, Antônio Carlos e outras entidades

- Tava lembrando daquele soco de caiçara que o Válber deu na fuça do Antônio Carlos, naquele Bambi versus Porco de 94.

- E eu estava montando uma seleção de entidades.

- Eu acho que aquele lance é um dos mais emblemáticos do futebol.

- Tá meio complicado, mas meu time joga com Edilson Capetinha e Paulo Nunes, o Diabo Loiro, na frente.

- Eu digo emblemático porque, pelo que me lembro, foi uma vingança de um jogo anterior, quando o Antônio Carlos tinha dado uma nele. Mas sem tanta graça e em um lance de bola. O soco do Válber foi sem contexto futebolístico, foi uma agressão pura e simples.

- Aí, na meia da seleção de entidades, podemos ter Marcelinho Pé de Anjo e Tupãzinho, armando.

- Então, mas há vários detalhes interessantes. Um: o jogo foi no dia que o Senna morreu. Dois: estão envolvidos dois dos melhores e mais mals caráters zagueiros que já vi. Existe isso? Mals caráters?

- De volantes, vamos de Vampiro com Capeta, Vampeta. Ao lado dele, acho que coloco o Boa Morte recuado, bem recuado. Posso improvisar, afinal.

- Bom, aí, teve mais. Por conta do Válber ter partido para cima do Antônio Carlos no escanteio, deixou o Maurílio livre, que fez o gol na sequência. E a torcida chamava o Luxa de burro, por tê-lo colocado – o Maurílio, no caso – no lugar do Cláudio. E a substituição foi bem antes do escanteio.

- Nas laterais, vamos de Welington Saci de um lado. Do outro, pode ser o Índio, que se for muito rezador vira pajé, ou o Coelho, que como tem pé vira amuleto ou se jogar na páscoa vira Coelho na Páscoa.

- Aí o juiz nem falta deu. O Antônio Carlos passou o resto do jogo com a mão no rosto, depois foi parar no hospital. Ficou lá esperando com gelo dentro de um copinho de café no rosto e teve que fazer reconstrução facial ou algo assim.

- No gol, entra o R. Berna, que tem nome de milagre. Técnico, Papai Joel. Só a dupla de zaga que não encontro. Aliás, penso, penso, penso e só vem dois nomes de zagueiro na minha cabeça. Válber e Antônio Carlos. Não são entidades, são?

- Do jeito que são briguentos, são tretidades.

- Eles brigaram, foi? Conta isso aí.

- Acabei de contar. Você não tava ouvindo?

- Tava meio perdido na minha seleção de entidades. Conta aí o que rolou.

- Agora não dá. Pensei em montar uma seleção bíblica. Já tenho Elias, Ezequiel, Matusalén, Lucas, Misael. Jesus Cristian e Jô, que vira Jó, fácil, fácil, no ataque. Tem sugestão?

- Nada. Só me vem Válber e Antonio Carlos na cabeça. Sei lá o porquê.

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Aos oito minutos, um dos lances mais emblemáticos do futebol.

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Texto meu, originalmente publicado outro dia no excelente Yougol.