quarta-feira, 28 de julho de 2010

O que diabos faz um maçom?

- Pensei em um argumento para um filme.

- Conte-me.

- Um bêbado começa a tremer porque tá com abstinência de álcool. Ele quer parar de tremer. Aí, ele encontrar uma garrafa de pinga. Quando vai virá-la goela abaixo, como tá com tremedeira, a deixa cair no chão. Fim. 

- E como ia chamar o filme? "Ironia idiota"?

- Algo assim. Agora preciso pensar em como preencher os outros 120 minutos. Mesmo porque essa cena dá só uns 30 segundos. 

- Eu queria fazer um filme sobre a Maçonaria. Mas primeiro preciso descobrir o que eles fazem.

- Eu sei o que os maçons fazem. Passam o tempo todo negando que são maçons. E só. Isso também daria um filme bem curto. Olha só: se seu bêbado for maçom, já temos 1 minuto de filme. Agora, só faltam 119 minutos.

- Sabe o que demora? Baliza. Podemos colocar uma cena de alguém fazendo uma baliza com o carro. Esse bêbado, no caso. Se ele estiver tremendo, demora mais ainda para terminar a baliza. Pronto, já temos uns 5 minutos de filme.

- Melhor ainda. O maçom bêbado treme para a porra. Aí, vê uma garrafa na rua e pára o carro apressado. Só que a vaga é apertada e ele demora muito para entrar. Quando entra, desce do carro com pressa. Mas não percebeu que está na porta de uma garagem. Um cidadão de bem diz a ele "moço, tá na frente da garagem". Aí é uma meia hora para o bêbado tirar o carro, achar outra vaga, descer e buscar a cachaça.

- Bom, agora só faltam 90 minutos.  

- A gente pode preencher com perguntas idiotas e também com muito colorido. Alguns mortos-vivos e umas garotas com biquinis dos Estados Unidos jogando vôlei em uma piscina indoor também podem ajudar a passar o tempo.

- Beleza. E para dar uma aumentada na parada e ainda passarmos por intelectuais, podemos colocar trilha sonora do Los Hermanos e do Chico e incluir umas perguntas estúpidas, que passam pela mente do mendigo.

- Que tipo de perguntas?

- Ah, sei lá. Por exemplo: por que se escreve maçom com eme no final, mas a congregação é chamada de maçonaria e não maçomaria. 

- Cacete. Que dúvida boa. Por que será, hein?

- Sei lá. Mas a gente pode revelar isso no filme. 

- Podemos. Mas como? Temos que perguntar para algum maçom. Você conhece algum?

- Não. Mas isso é fácil. Saímos à rua perguntando quem é e quem não é. O primeiro caboclo que negar é maçom. Aí, é só perguntar para ele esse lance gramatical. 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Bom dia, seus lindos!

- Vai vendo.

- Vai.

- Depois de receber muitos emails por engano, achei o diabo do "Sérgio Vinicius" que nunca recebia os emails. Falei com ele e vivo encaminhando os emails errados. 

- Que bonito.

 - Daí, ontem, recebi um que me pareceu estranho e encaminhei. Hoje, revendo, descobri que era pra mim mesmo.

- Gênio

- Agora, mandei outro email para ele dizendo que era pra mim mesmo. 

- E ele?

- Não respondeu. Deve ter ficado confuso. 

- Como você o encontrou?

 - Resolvi procurá-lo porque chegaram a mandar uma NOTA FISCAL por engano para mim. Aí achei que tudo tinha limite.

- Rapaz...

- Pior é que só vem por engano email de trabalho, de faculdade. Aposto que putaria, piada de mau gosto, essas coisas, ele recebe direitinho.

- Aliás, ia te perguntar, como você tinha achando o cara. Porque eu recebo muito e-mail por engano, para outra pessoa que tem o mesmo nome que o meu. 

- Bom, quando recebi a nota fiscal, vi que o cara trabalhava com informática e veio o nome completo dele. Aí digital "Sérgio Vinícius" no Google e em um dos primeiros links achei um blog de um tal "Sérgio Viníicius" que era perito em informática.

- Puta merda. Vai ver que meu caso é bem parecido. Mas eu não tenho como ficar chutando.

- Se receber uma nota fiscal, fica fácil. Ou mesmo algo meio revelador, como "Oi, Vanessa, excelente o filme pornô que você fez com o apelido Megera Pintuda, hein". Aí você procura um travesti chamado Vanessa na internet e resolve.

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Conversado com @vannmarques


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Furadeiras, água, cadarço desamarrado, essas coisas

- Hoje um cara me ofereceu uma furadeira na rua.

- Como assim?

- Estava vindo para cá e cruzei com um sujeito, que balbuciou algo. Tirei o fone e perguntei o que ele queria. Achava que era informação. Mas não. Ofereceu uma furadeira. Queria vender. Ele estava também com três relógios na mão. Mas isso ele não ofereceu.

- Esse sujeito vai pastar para vender. Qual a chance de ele cruzar com alguém na rua que queira uma furadeira?

- Foi o que eu disse para ele. Falei para ele anunciar no Mercado Livre, que era mais jogo. 

- E ele?

- Bom, foi daí que eu percebi que era material roubado que ele queria me vender. Ele disse "o que é Mercado Livre?". Aí eu expliquei. 

- E ele?

- Ele disse algo como "vixe, maria. Já deu um trabalhão roubar isso aqui. Agora vou ter que me matar, ou matar alguém, para roubar um computador e roubar essa tal internet. Daí preciso invadir esse Mercado Livre. Prefiro ir tentando me desfazer disso aqui no boca-a-boca ou na base da intimidação".

- E você?

- Dei um "boa sorte" e saí andando.

- Você já reparou como acontece coisa estranha contigo? Que os tipos mais esquisitos aparecem para conversar com você, do nada?

- Já. Mas conclui que há um bom motivo para isso.

- Que seria?

- Sou bonito.

- Como é?

- As pessoas vêem minha beleza. Aí, querem se aproximar de qualquer jeito, para tirar uma casquinha, sabe? Então me oferecem furadeiras, pedem água, avisam que meu cadarço está desamarrado, essas coisas.

- Baseado na minha vasta experiência de mundo, eu diria que você tá falando abobrinha.

- Por quê?

- Porque tirando nas novelas, ninguém tem coragem de chegar perto de pessoas bonitas. Isso é um fato. Beleza intimida as pessoas. Quanto mais bonita, menos a pessoa é abordada. É por isso que todo mundo casa com gente feia e o mundo anda cada vez mais horroroso. Ao passo que as pessoas bonitas estão cada vez mais solitárias, esperando envelhecer ou torcendo para terem um acidente e ficarem desfiguradas, para, finalmente, ter uma conversa na fila ou no elevador com outras pessoas.

- Você tá me dizendo que as pessoas conversam comigo na rua porque sou feio?

- Eu converso com você porque você é feio. Se você fosse bonito, eu estaria mudo aqui. 

- Acho que sou feio mesmo. Quando eu estou sozinho, vivo conversando em voz alta comigo mesmo. Se eu fosse bonito, ficaria mudo. Mas não, falo até que com certa frequência. Isso prova que sou feio, né?

- Isso. E também que você é louco.

terça-feira, 20 de julho de 2010

40 dias jejuando, meditando e assistindo a filmes com explosão e mortos-vivos

- Hoje fiz uma experiência antropológica-espiritual vindo para cá.

- De novo?

- Como de novo?

- E aquela vez que você resolveu passar 40 dias só jejuando, pensando, esperando, meditando e assistindo a filmes com explosão e mortos-vivos?

- Ah, naquela época eu estava em outra fase. Já passou. Agora estou nessa de experiências antropológicas-espirituais.

- Sei. E em que consiste isso?

- Bom, na verdade, só queria dizer que hoje, ao sair de casa, percebi que um dos cadarços do meu tênis estava desamarrado. 

- Seu pênis? Hahahaha.

- Babaca!

- Eu sei. 

- Então, aí resolvi não amarrar. 

- E você deve ter um bom motivo para isso, além da preguiça de abaixar.

- Sim. Juntando o útil à preguiça, resolvi vir para cá com ele desamarrado, só para ver quantas pessoas na rua iriam me avisar que ele estava desamarrado.

- Pelo jeito, ninguém avisou. Ele continua desamarrado. Estou vendo que não há a solidariedade da porta do carro meio aberta ou do erro de digitação no MSN no caso do tênis desamarrado. 

- Não é o tênis que é desamarrado, é o cadarço. Hahaha.

- Babaca.

- Eu sei. Mas você que começou com o negócio do pênis. Me explica esse negócio da solidariedade aí, que não conheço.

- Acho que li em um texto do Luis Fernando Veríssimo. De um jeito mais inteligente e polido, ele dizia mais ou menos que todo mundo caga para todo mundo. Bate a carteira, taca fogo em mendigo, fecha no trânsito, fura fila. Mas basta alguém ver, no trânsito, a porta de outro carro mal fechada, meio aberta, avisa. Buzina, abaixa o vidro, faz sinal. É a solidariedade da porta meio aberta.

- E o negócio do MSN?

- Mesmo princípio. Mas isso aí fui eu mesmo que descobri. Toda vez que escrevo algo errado no nick ou no subnick, por erro de digitação...

- Ou por burrice.

- Babaca.

- Eu sei.

- ...Por erro de digitação, alguém me avisa. Com a maior delicadeza do mundo, mas me avisa. Pelo visto, isso não é aplicado ao cadarço.

- É verdade. Veja meu caso. Vindo para cá a pé, cruzei com umas, chuto, 100 pessoas. Delas, uma só um senhor me avisou que eu estava com o tênis desamarrado.

- Se ele avisou, porque seu tênis continua desamarrado?

- Porque para me vingar de todos que não avisaram, acabei dizendo para o senhor que eu sabia que estava desamarrado mas que não ia amarrar. E comecei a contar minha experiência para ele.

- E ele? Te chamou de mal educado, lunático, debilóide ou... BABACA?

- Eu sei

- Tá, mas e ele?

- Nem ouviu.

-  Era surdo?

- Não. Quando comecei a falar, passou por nós Passat velho com a porta meio aberta, bem mal fechada. O senhor saiu correndo atrás e me deixou falando sozinho, com o tênis desamarrado e minha experiência antropológica-espiritual.

- Você não sabe o que significam as palavras "antropológica" e "espiritual", ?

- Não faço ideia.

- Percebo. Não use como nick no MSN, ok?

- Ok.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dilma, Serra e a Final da Copa


- E o Henry, que tá dando chilique sobre a mão do Luiz Fabiano na Copa?

- O da França?

- É.

- Pra mim, qualquer atleta da seleção francesa de futebol que jogou a Copa de 2010 devia ficar quieto e usar chapéu com orelha de burro pelos próximos 4 anos. Ha, e a cada semana seria obrigado a subir em um coreto em qualquer praça francesa e receber uma via de 20 minutos, sem reclamar. Em silêncio. Não importa se tem razão ou não. Com o papelão deste ano, perde qualquer moral.

- Concordo. Aliás, entre os três maiores papelões desta Copa, em primeiro coloco a França.

- E o segundo e terceiro?

- Espanha em segundo. Holanda, terceiro.

- Como?

- Bom, Espanha e Holanda fizeram dois papelões pelo jogo final. Nenhum dos dois times queria ganhar de jeito nenhum. E a Espanha, nem isso conseguiu. A Holanda, pelo motivo inverso fica em terceiro.

- O Robben, eu metia no calabouço ainda no primeiro tempo. A final me pareceu um marco do fim do futebol mundial como o conhecemos. 

- Ainda espero fervorosamente que anulem a final e dêem a Copa para a Alemanha. Ou para o Uruguai, como campeão filosófico da parada.

- Verdade. Onde já se viu um campeão da Copa que nunca foi campeão antes? 

- E já dá para falar que a Holanda assumiu o posto de Botafogo do futebol mundial, não? 

- Ah, podemos. Sem pestanejar.  A diferenã é que o Botafogo quer ganhar. A Holanda, não.

- Era muito amarelo em uma final só. Tentaram perder e não fazer gol ao extremo. A final da Copa foi uma espécie de Bangu e Coritiba. 

- Se fosse para os penaltis, era capaz de todos os jogadores errarem. 

- Certeza. COmo já falaram por aí, o Mick Jagger devia estar com a camisa metade da Holanda e metade da Espanha. 

- E o polvo, hein ?

- Acho que tava pelado. Afinal, quem é que nada de roupa?

- Ele não erra uma. 

- O polvo deveria escolher o próximo presidente do Brasil. 

- Sem dúvida.

- Colocam dois potes, um com a ração e a foto da Dilma e outro com a ração com a foto do Serra. E ele abraça. Quem você abraçaria?

- Difícil. Preferia que esquecessem de colocar a foto de um dos dois. Aí eu ia para o pote só com ração, sem Serra ou Dilma.

- Se você abraçasse um pote só com ração, seríamos governados, por 4 anos, por um grande amontoado de comida de polvo. 

- Melhor que a Dilma e o Serra, não?

- Não sei, nunca comi. Será que parece com ração de cachorro?

- Bom, o polvo poderia não abraçar nada e apontar para si mesmo. 

- Isso quer dizer o que?

- Várias coisas. Que seríamos governados pelo povo.

- Ai, ai.

- Ou pelo Lula.

- Por quê?

- Lula e polvo não é tudo a mesma coisa?

- Teria mais sentido se fosse um sapo barbudo que escolhesse o presidente. 

- Baixou o Collor aí?

- Em mim? Não. Mas se o sapo barbudo pegasse guache e se pintasse, daí seríamos governados por uma mistura de Lula com Collor.

- Credo. Prefiro o...

- Serra?

- Não. O... a....

- A Dilma?

- Não. A comida de polvo mesmo. 

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Colaboração involuntária de @terciors


 

segunda-feira, 12 de julho de 2010

No MSN, com Daniell Rezende

- Aí, Buchabick, o que o Bruno desencavou: http://youtu.be/watch?v=6QLr0jYSCBw

- Porra, vocês têm um montão de vídeos aí. Dá-lhe Starving Bluesmen Quartet!

- Justamente. Tem um DVD com as duas primeiras apresentações, que eu nunca vi.

- Eu já vi. Tenho aqui o DVD.

- Imaginei. Você tem absolutamente tudo do Starving Bluesmen Quartet. Deve ter até quando a gente abriu pro Latino, num show que eu nem estive.

- Tenho sim. Acontece que, de manhã, todo dia e há mais de 12 anos, um gato misterioso aparece na minha porta com algum material do Starving

- Isso é meio assustador, não?

- Isso porque você nunca viu o gato. Tem cabeça de leão.

- Sim. Mas é assustador, principalmente, porque o Starving Bluesmen Quartet não tem 12 anos.

- O mais assustador mesmo foi no dia que veio uma cueca que tinha uma caricatura de todo mundo do trio quarteto.

- Ah, essa cueca eu tenho. Fizemos 300 mil e encalharam. Eu só uso ela agora.

- Foi ela que deu orginem à banda, imagino. Algo como "Se a gente pode ser estampa de cuecas, podemos fazer qualquer coisa! Vai, Tigrão! Grrrrr!"

-  Mais ou menos isso. A gente vendia na porta do barzinho. E aí o dono do lugar perguntou se não era melhor a gente fazer uma banda. A banda, na verdade, foi só pra tentar desencalhar as cuecas.

- Sei disso tudo. Uma vez o gato apareceu com um VHS com um curta-metragem documentário sobre a banda. Tinha 32 segundos, mas deu para entender bem a origem, o auge e a queda.

- Sim, resumindo, dá isso mesmo.

- Só não ficou claro se você morreu mesmo e foi substituído por um sósia ou se você mesmo substituiu o sósia, que era o vocalista original. Precisaria ver a versão extendida. Mas o gato trouxe essa versão em LD. E ninguem tem LD hoje em dia.

- Na verdade, o sósia morreu e colocaram um outro sósia no lugar. Eu nunca fui da banda mesmo. E isso explica o fato de eu não ter material nenhum da banda. Exceto as cuecas.

- Hummm. Não sabia disso. Provavelemente estava nos slides que o gato trouxe outro dia, mas que fiz corpo mole para ver.

- Ah, não. Esses slides são do nosso ensaio sensual.

- Ah, isso eu já vi. Isso aconteceu em um dia que o gato apareceu com as mãos abanando. Quando reclamei, ele fez assim com os ombros, acendeu uma lanterna e fez show de sombras com as maãos, na parede, encenando o ensaio sensual.

- Aí não era o gato. Era eu mesmo, fantasiado de gato. O ensaio sensual exigia.

- É mesmo? Já te falaram que fantasiado de gato você fica um gato?

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Além do Starving Bluesmen Quartet, Daniell atende aqui, aqui e em carreira solo também.

sábado, 10 de julho de 2010

Dando um Reforço no Lanche da Galera

- Você acha que o Bruno joga papel na rua?

- Como é?

- Ah, estava pensando. Se um cidadão comete um assassinato, por exemplo. Será que, no dia-a-dia, ele é uma pessoa pacata, que se comporta bem no trânsito e joga o lixo na lixeira, ou será que joga o lixo no chão e vive fechando os outros no tráfego?

- Pela cara dele, posso chutar. Serve?

- Vai ter que servir.

- Bom, acho que ela fecha os outros no trânsito, mas que não joga lixo no chão, não.

- Interessante. Isso quer dizer que ele só é transgressor para certas coisas. Certo?

- Basicamente. Você, por exemplo, nunca roubou nada na sua vida, correto?

- Correto. Nem bala quando era criança, nem chiclete. Nada, nunca. Aliás, foi por isso que parei de ir a uma antiga psicóloga. Ela me acusou de ter roubado um boné, por conta de um desenho que fiz. Fiquei tão indignado, principalmente por ela não acreditar na minha, depois de todas as minhas negativas, que parei de frequentar o consultório.

- O que diabos você desenhou? Uma caricatura do Ronald Biggs?

- Não. Um rapaz com a mão no bolso. Ela entendeu que as mãos no bolso era sinal de que eu tinha roubado algo.

- Algo como o corpo fala levado ao mundo da ilustração infantil?

- Por aí. Tentei explicar para ela que eu desenhei as mãos no bolso porque não sabia desenhar mãos mas ela não acreditou. Eu tava vendo a hora que ela ia chamar o 190.

- O que ela dizia?

- Ah, não lembro bem. Algo como "você não me engana, ladrãozinho".

- Bela psicóloga, hein. Mas, voltando à vaca fria...

- Não. Não quero mais falar da psicóloga.

- Quero dizer, voltando ao assunto. Você nunca roubou nada. Mas no truco vive roubando. Acho que é o mesmo no caso do Bruno. Não joga papel no chão, mas vive matando.

- Falando nisso, estava lendo uma notícia interessante. Presos esperam que Bruno reforce time do presídio.

- Reforço é reforço. Aposto que eles ficaram muito tristes quando o Edmundo foi absolvido naquele caso de atropelamento.

- Verdade. Imagina a tristeza da população carcerária norte-americana quando o OJ Simpson saiu impune daquela matança contra Deus e o mundo e a mulher dele.

- Por essa ótica, imagino que as presas do Brasil torçam para a Dona Palmirinha matar alguém ou roubar qualquer coisa. Assim, presa, ela poderia dar um reforço no lanche da galera.

- Alto lá. A Dona Palmirinha jamais iria fazer algum mal para alguém.

- Sei não. Ela vive assassinando o português. "Nóis vumo fazê isso, amiguinha." "Vamo pegar os prato e colocar nos forno." Daí para pegar gosto pela coisa e envenenar mais alguém é um pulo.

- Acho que não. Acho que ela é o típico caso que assassina o português, mas nunca jogou a matemática no chão ou fechou alguém no truco.

- Será?

- Ah, é certeza.

- Certeza, não. Batata. Aposto que a dona Palmirinha prefere essa expressão.

- Conhecendo o linguajar dela, acho que tá mais para "é batatas" ou "são batata".

- Ou "tudo batato". Certo?

- Batata.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Quem foi que roubou a sopeira?

- Passei por uma saia justa dos diabos agora.

- O que rolou?

- Estava quase chegando aqui quando um mendigo me parou na rua.

- O que ele queria?

- Viu que eu estava com essa garrafa de um litro e meio de água mineral e me pediu um gole.

- E você ficou em dúvida em dar água a um homem com sede?

- Claro que não. Dei a água imediatamente. O problema é que só foi aí que percebi que estávamos no meio da rua.

- E?

- E aí o cidadão resolveu beber ali mesmo, no meio da rua, impedindo o tráfego dos carros.

- Começou um buzinaço?

- Começou. E ele estava tão entretido com a água que não sabia se puxava ele para a calçada ou se deixava beber ali mesmo, atrapalhando o tráfego.

- E o que você fez?

- Bom, de saída, achei que ele não fosse demorar muito. Aí resolvi não interromper.

- Ótimo.

- Mas foi só impressão. Porque depois da primeira golada, ele só parou para comentar algo como 'melhor, só se fosse vodka' e depois voltou a beber a água calmamente. Sem se preocupar com o trânsito. 

- Bom, aí acho que já era bom você ter o puxado para a calçada.

- Também. Mas aí considerei que se ele era um sem-teto, então a rua é a casa dele. Que direito eu tinha para tirá-lo de dentro de casa? 

- Como?

- Bom, depois acabei me distraindo com a frase sobre a vodka. Fiquei pensando se ele beberia a vodka com a mesma desenvoltura que bebia a água. Na sequencia, considerei que se eu passasse por ele com uma garrafa de vodka, se ele iria pedir um gole ou ia logo me roubar.

- Pronto. Agora só porque é pobre não pode ser honrado. Eu acho que é provável que ele pedisse. E educadamente.

- É. Eu conclui que sim. Mesmo porque antes de passar por ele, percebi ao longe que ele já havia parado mais dois transeuntes cheio de petições. Para um, pediu cigarros. Para o outro, isqueiro. Em ambos os casos foi prontamente atendido.

- Sempre no meio da rua?

- Sempre. E, pensando bem, acho que depois que ele me devolveu a água e eu vim para cá, ele ficou lá parado, ainda no meio da rua. Acho que ele gosta muito do local. Realmente, deve ser a casa dele. 

- Ainda bem que você não vinha para cá com uma garrafa de vodka. 

- Por quê?

- Ah, se ele virasse meia garrafa de vodka, dificilmente iria conseguir ficar parado ali, guardando caixão no meio da rua e, por conseguinte, atravessando e atrapalhando o trânsito.

- É verdade. Não ia conseguir ficar dentro de sua própria casa, curtindo uma boa bebedeira. Que mundo é esse em que pessoas de bem não conseguem nem beber em paz, que já aparecem carros buzinando e passando pela sua sala?

- Verdade. Um cidadão de bem não pode nem tomar um rabo de galo no seio do seu lar que já aparece um Opala fumaçando tudo e buzinando como se não houvesse amanhã. E nem outras vias públicas para andar. Que inferno. 

- Por isso que eu sempre digo: este mundo está perdido. E não é de hoje. Maldito Henry Ford.