quarta-feira, 29 de abril de 2009

Paçocas Amor

- Esses dias eu comprei este saco de bala de paçoca num semáforo. Achei bem ruim. Quer uma?

- Sou contra esse tipo de coisa.

- Comprar coisas em semáforo?

- Não, não. Disso sou a favor. Já comprei de tudo e sempre dá para negociar. O último globo terrestre que adquiri, comprei em um farol do Butantã. Acho que na rua Vital Brasil. O vendedor me fez pela metade do preço e, como não tinha troco, me voltou uma bóia do Pato Donald. Farol é garantia de bons negócios.

- Nem sempre. Essa bala de paçoca aqui é horrível. 

- Acredito. Mas como eu dizia, sou contra esse tipo de coisa. 

- Não falou o tipo de coisa. Semáforo? Paçoca? Bala? Não entendi.

- Sou contra coisas que emulam outras coisas que são feitas de outras coisas.

- Você é contra bala de paçoca?

-  Isso. Mas não só. Toda paçoca é de amendoim, correto?

- Parece que tem uma paçoca no nordeste que é salgada e é feita de carne. Serve essa?

- Não serve. Esotu falando da paçoca doce, a que nós conhecemos como paçoca. Tipo a Amor.

- Tipo a Amor, então aí, sim, todas são de amendoim.

- Certo. Nesse caso, então, a bala teria de ser de amendoim, não de paçoca.  Qual a diferença entre uma bala de paçoca e uma bala de amendoim? Nenhuma. Então, a bala de paçoca é uma enganação.

- Desenvolva.

- Para ser uma bala de paçoca, ela deveria esfarelar, já que a principal característica da paçoca, ao lado do fato de ser se amendoim, é esfarelar. Mas a partir do momento que ela esfarelar, vai deixar de ser bala e se tornará uma paçoca. Bala e paçocas são antíteses. Não se pode criar balas de paçocas assim como não se pode criar paçocas de balas de amendoim.

-  Mas criaram. Olha aqui na minha mão: tenho um pacote pela metade de bala de paçoca. Como você chama isso?

- Bala de amendoim querendo te enganar. Aliás, me dá uma, para eu experimentar.

- Pega todas.

- ...

- Gostou?

- Argh! Parece que tem areia dentro. Acho que tá podre.

- É a textura do tipo paçoca que dá a impressão arenosa na bala.

- Nossa! Eu já era contra na teoria, agora sou contra na prática. 

- Falei que era ruim.

- Então,mas essa minha implicância com coisas que emulam outras que são feita de outras vai além da bala de paçoca. Por exemplo, pastel de pizza. 

- Aquele que vai queijo, orégano e tomate?

- Exatamente. O pastel de pizza me irrita porque tem um nome muito genérico para algo bem singular. Existem pizzas de atum, pizzas portuguesas, pizzas quatro queijos. Acho que o pastel deveria chamar pastel de pizza de queijo, tomate e orégano. Porque deixando o termo "pastel de pizza" em aberto, o vendedor poderia, em tese, enfiar o que quisesse dentro e dizer " é de pizza de atum", "é de pizza portuguesa" e assim vai.

- No caso, o mais correto seria chama de "pastel de queijo, tomate e orégano", porque de pizza ele não tem nada. A não ser que o pastel de pizza passe a ter, dentro dele, massa de pizza. Nesse caso, o nome pastel de pizza teria a ver. 

- Pois é, é muita falta de lógica. Isso me irrita. Muito. Extremamente. Absurdamente. Fico uma fera. E me dá mais uma bala, porque minha boca ficou seja. 

- Mas só tem a de paçoca.

- Me dá já!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Obesidade Mórbida, Humor Negro

- Olha que ser humano exemplar: Mãe de 190 kg alimenta bebês trigêmeos com fast food.

- Que delícia! Como eu queria viver a base de cheddar do MacDonalds.

- Olha esse trecho: "Foi necessária uma equipe com 68 pessoas e despesas de 200 mil libras (cerca de R$ 650 mil) pagas pelo Serviço Nacional de Saúde para realizar o parto". 68 pessoas!

- Imagina o quanto não foi necessário de gente para fazer os filhos.

- Uma pessoa, imagino. Só o pai.

- Uma para entrar nela, claro. Mas imagina o tanto de operário necessário para abrir as pernas dela, socar o pai lá dentro, ficar fazendo movimentos de vai-e-vem com ele e depois retirá-lo de lá sem escoriações.

- Ah, acho que, além do pai, umas três pessoas bem capacitadas a operar maquinário pesado, como um trator ou um guindaste, fariam isso com um pé nas costas.

- Se é um guindaste ou um trator, então só seria preciso uma pessoa.

- As outras duas seriam as pessoas responsáveis por encorajar o futuro pai. No caso, imagino que o dono do alambique local e um psicólogo.

- Falando nesse caso, eu estava pensando na Gorda Jô esses dias. 

- Aquela a manicure que pesava uns 300 kilos e que faleceu depois de entrar e sair de spas?

- Isso. Você lembra que foi necessário aos bombeiros abrir um rombo na parede, para tirá-la do quarto, porque ela não andava e, obviamente, não passava pela porta?

- Sim, lembro. 

- Pois é, eu estava pensando uma coisa. Se ela não andava mais e nem conseguia sair do quarto, tinha alguém que a alimentava, não?

- Sim. Alguém da família, provavelmente.

- Pois é. Essa essa pessoa que a alimentava, dava o que para ela comer? Banha de porco com leite condensado?

- Sei lá. Por quê?

- Ué, se essa pessoa que a alimentava desse regularmente alface, alfafa e uma fatia bem fininha de ricota durante as três refeições diárias, a Gorda Jô teria emagrecido sem necessidade de spa e essas coisas. Acho que o culpado pela gordura em excesso era o alimentador da mulher.

-Nada. Vamos supor que o alimentador forçasse um regime para a Gorda Jô. Assim que ela emagrecesse o suficiente para andar e passar pela porta, ficaria na frente da geladeiraaté esvaziar o que tivesse lá dentro. E ia engordar tudo de novo.

- Não se o alimentador tivesse na geladeira alface, alfafa e ricota. E é o que ele teria, já que a alimentaria somente com isso.

- Teria mais coisa na geladeira. Porque se o alimentador era familiar, devia morar com ela. E se morava, ele devia ter comida para consumo próprio. E duvido muito que quisesse viver de alface, alfafa e ricota. É muito sacrifício. Se você é obrigado, tudo bem. Mas por livre e espontânea vontade, não rola.

- Esse é o típico pensamento que levou a gorda Jô aos incríveis 300 kilos.

- E ela era manicure só de mãos, né.

- Sei lá. Como você sabe que era só de mãos?

- Se eu não consigo me curvar, por causa da barriga, imagina se ela conseguiria alcançar o pé de alguém. 

- Só de tentar, devia dar uma fome. E aí, você sabe, ela fazia uma pausa para o lanchinho e só voltava no dia seguinte...

- Isso se a fome não fosse muito grande e ela não mandasse para dentro a mão de algum cliente, sei lá.

- Passava esmalte, manteiga e nhac. Que delícia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Benjamin Button e Seus Miquinhos Amestrados

- Ontem assisti a O Curioso Caso de Benjamin Button.

- Filmão, hein.

- Gostei também. Mas eu acho que ele precisaria de alguns ajustes para ficar perfeito. 

- Por exemplo?

- Eu trocaria alguns atores. O papel do Brad Pitt, eu daria para o Vin Diesel. O da mina principal, a Cate Blanchet, eu daria para a Eva Wilma

- Não vou falar nada, porque estou curioso para ver onde isso vai parar.

- Pensa comigo. Já que era para usar maquiagem e efeitos para deixar os personagens mais velhos ou mais novos, o ideal seria maquiar uma pessoa careca e sem feições, como o Vin Diesel. 

- E a Eva Wilma, entra onde?

- Ah, eu acho ela boa atriz mesmo. Melhor do que aquela enganação chamada Fernanda Montenegro, que faz o mesmo papel de Dora em qualquer coisa que atue. E faz isso desde muito antes de Central do Brasil.

- Tá louco?

- Não. Mas deixe-me continuar.

- Só depois de você me dizer se acha que Vin Diesel teria capacidade de desempenhar bem um papel com carga dramática que um Benjamin Button exige.

- Vish, lógico. Já viu Triplo X? Ele dá um banho de atuação. Na cena que ele pula da ponte, eu sempre choro.

- Qual delas? Devem ter umas doze no filme.

- Eu choro em todas.

- Deus!

- Outra coisa que eu mudaria no filme é esse lance do tal Benjamin nascer velho e morrer novo. Não faz sentido. Para mim, ele deveria nascer novo e morrer velho, como todo mundo.

-Com isso, o nome "O Curioso Caso de Benjamin Button" teria de ser mudado, não?

- Sim, sem dúvida. Pensei nisso também. Eu mudaria para "O Curioso Caso de Benjamin Franklin."

Benjamin Franklin?

- É. Eu acho que teria mais apelo a vida de um cara famoso que soltava pipa tentando tomar choque e tinha um cabelo engraçado do que um que nasceu velho e morreu novo.

- E daí o filme ficaria perfeito?

- Quase. Das duas horas e quarenta de filme, eu reduziria para 15 minutos no máximo. E ele terminaria com o Vin Diesel, como Benjamin Franklin, pulando de uma ponte. Antes de ele chegar ao chão, o filme acabaria.

- E isso deixaria em aberto o que aconteceu com o personagem e, de quebra, indicaria uma sequência, algo como "O Curioso Caso de Benjamin Franklin II - A Guerra dos Clones de Abraham Lincoln"?

- Também. Mas eu terminaria o filme assim porque essa cena da ponte sempre me emociona. E eu adoro chorar em finais de filme.

sábado, 25 de abril de 2009

Vários Casamentos e, Se Pans, Um Funeral

- Meu final de semana está, no mínimo, bem... sei lá, religioso, ecumênico, sincretista.

- Como assim?

- Ontem fui a um enterro. Hoje, vou a um casamento. Amanhã, vou me benzer.

- Caramba! E vai fazer o que na segunda? Vai a uma encruzilhada vender a alma ao diabo?

- Pensei em ir a um batizado. Sobre esse lance de vender a alma, estou pensando em deixar para a sexta-feira. 

- Bom, ainda tem terça, quarta e quinta. Já tem planos? Sugiro um exorcismo leve na terça, uma procissão na quarta e uma unção dos enfermos na quinta.

-As tarefas de terça e quarta, beleza, eu encaro. Mas a de quinta, pulo.

- Não quer beirar a morte?

- Não, nada disso. Beiraria a morte com prazer, mas não gosto desse negócio de unção dos enfermos. Preferia quando chamava extrema-unção. Agora que mudou de nome, acho que perdeu a graça.

- Extrema-unção é bem mais interessante mesmo. Bom, troca então por alguma atividade mórmon. 

- Boa. O que os mórmons fazem?

- Mormoneiam.

- Como assim?

- O gato mia, o cachorro late. Os mórmons mormoneiam.

- Rapaz... e eu vou passar a quinta inteira mormonando?

- Só se quiser.

- Acho que vou sim. No dia seguinte vou vender a alma ao diabo mesmo, daí não poderei mais mormonar, né? 

-A não ser que você venda sua alma ao diabo em troca de poder mormonar eternamente. Não sei se é o caso. 

- Não é. Tava pensando em pedir uma cópia VHS de 4 Casamentos e Um Funeral.

- Eu tenho uma birra com esse filme, sabe?

- Por que? 

-O nome do filme. Todo mundo fala de Aluga-se Moças, que tem erro de concordência e tals. Mas ninguém nunca diz que o 4 Casamentos e Um Funeral tem o nome errado.

- Por que?

- Ué, o filme tem 3 casamentos, um funeral e um não casamento. No final do filme, não tem um casamento. O Hugh Grant desiste na hora agá. Tá todo mundo na igreja, o noivo e a noiva e o padre tá celebrando, mas para ser um casamento, os noivos precisariam casar, mas não casam.

-Mas se o título fosse 3 Casamentos, 1 Funeral e um Não Casamento entregaria o final do filme, não?

- Sim. Por isso minha sugestão é que o nome fosse Vários Casamentos e, Se Pans, Um Funeral.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Esquema Médium

- E esse esquema de médium, hein? Como é que funciona?

- Como assim "esquema médium"?

- Tipo o Chico Xavier, psicografia, essas coisas. Como é que funciona a parada?

- Ah. Acho que entendi a pergunta. Bom, se eu não estiver muito enganado, o caboclo senta em uma mesa, daí vem o espírito, sopra uns negócios na orelha dele e ele escreve. 

- Que caboclo?

- O médium, pô.

- Ah. Mas esse tal espírito sopra esses negócios ou encarna no caboclo e escreve ele mesmo?

- Faz diferença?

- Acho que faz. Porque se ele somente soprar o que escrever e o médium for analfabeto, daí não adianta nada. Agora, se o fantasma encarnar no médium, daí sim a coisa funciona.

- Bom, acho que se o médium for analfabeto, ele pode terceirizar o serviço de escrita. Basta contratar um cara que saiba escrever. Daí, o espírito fala pro médium, que fala pro escrivão o que escrever.

- Mas isso daí vira um telefone sem fio dos diabos, hein. Imagina se o espírito manda escrever "em verdade vos digo"... no final sairia algo como "gosto muito de trigo".

- Por isso que médium pode ser analfabeto, mas tem que manter a orelha bem limpa.

- Mas pensando bem, eu acho que o espírito encarna no médium. Faz mais sentido e é bem mais fácil também. Basta entrar, tomar conta do corpo e beleza, manda bala.

- Mas e se o espírito for analfabeto, como faz? 

- Daí é melhor soprar na orelha do médium.

- E se o médium também for?

- Daí ambos podem combinar de ir ao mobral juntos se alfabetizar, antes de começarem a tentar mandar mensagens positiva para todo mundo.

- É fato. Afinal, eles têm que dar o exemplo, né?

- Isso. E uma ação vale mais do que mil palavras, sendo elas psicografadas ou não.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Mulheres no Gel e Abobrinha

- Já que tem tanto esporte idiota por aí, pensei em engrossar a lista com um bem estúpido que acabei de inventar.

- De novo a história de mulheres vestidas com biquini de oncinha lutando em um ringue com gel e alface?

- Não. Mesmo porque esse esporte não é idiota. É bem divertido. Na escala de esportes de treta, fica na frente de judô e boxe em termos de qualidade e de nutrição.

- É um esporte nutritivo?

- A alface pode ser ingerida durante a briga.

- Ah.

- De qualquer forma, o esporte que pensei foi 100 metros livres na areia movediça.

- Natação?

- É livre. Se neguinho conseguir correr sobre a areia, corre. Se quiser nadar, pode também. Caso queira boiar e ser levado pelo vento, tá valendo. Mesmo porque eu não tenho a mínima idéia de como a pessoa se locomove dentro da areia movediça.

- Ela se locomove para baixo. Basicamente, afunda. Pelo menos, é isso que eu aprendi vendo desenhos animados e seriados em geral. 

- Bom, então os 100 metros livres poderiam ser realizados na vertical, não na horizontal. Quem chegasse aos 100 metros para baixo mais rápido ganharia.

- Você pode deixar essa opção em aberto. O competidor que realizasse o percurso de 100 metros mais rápido, ganharia a medalha de ouro. Pode ser na horizontal, na vertical, vai e vem, zigue zague. 

- Taí, gostei. Só tenho uma dúvida: onde há areia movediça? Acho que esse esporte teria de ser feito em lugares bastante restritos, não?

- Não sei bem onde tem. Mas acho que dá para fabricar.  Uma mistura de maizena, água e leite deve bastar. A gente junta um caminhão pipa com leite, outro caminhão com água e mais umas 50 betoneiras com maizena, mistura bem e pronto, temos a areia movediça.

- Isso aí tá mais me parecendo mingau movediço. Não entra areia de verdade nessa mistura?

- Areia não, porque é muito arenosa e a textura dela me incomoda. Mas posso aumentar para 70 betoneiras de maizena, para engrossar e dar a aparência de areia.

- Acho bom jogar um pouco de cloro também.

- Para que?

- Sei lá, mas se jogam cloro em piscinas, talvez seja útil nesse mingau movediço. 

- Pode ser. 

- E mete um pouco de açúcar também, para ficar gostoso. Daí, além de divertido, vira também outro esporte nutritivo. 

-Excelente! E se essa minha areia nutritiva virar um mingau gostoso, posso ainda aumentar as possibilidades de competição.

- Como assim?

- Bom, os 100 metros livres poderiam ser realizados nadando, boiando, corredo, afundando, em zigue zague, etc, etc, correto?

- Correto.

- Poderia incluir também 100 metros de colherada para dentro da boca. Quem conseguisse comer 100 metros de areia movediça antes de alguém nadar ou correr os 100 metros, ganharia a medalha.

-  Esse esporte poderia acabar com a fome no mundo. Divertido, nutritivo e meio saudável. 

- Por que meio?

- Saudável mesmo seria se o açúcar fosse substituído por adoçante. 

- Posso providenciar isso. Mas do leite não abro mão: tem que ser o integral.  Nada de desnatado ou semi-desnatado.

- É justo. E a maizena, qual será?

- Bom, eu só conheço uma. Tem outra?

- Não sei dizer. Vou procurar no Google. 

- Boa, aproveita e pesquisa também onde a gente encontra areia movediça natural. Já estou pensando em criar uma versão do esporte "roots", com areia movediça de verdade.

- Mas não era essa a idéia original?

- Era? Não lembro, não consegui prestar atenção direito no que falávamos depois que citamos as garotas de oncinha no gel. 

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Dimas e o Plano Verão

- Se tem uma coisa que me irrita é nome óbvio.

- Eu não me incomodo com Maria e José. João e Dimas me enervam um pouco, mas nada que me deixe louco.

- Não é bem disso que estou falando.

- Não está falando de nomes comuns?

- Não. Eu disse "nomes óbvios".

- Ah. Entendi "nomes comuns".

- E, de qualquer forma, eu até aceito José, João e Maria como nomes bem comuns. Mas Dimas, não.

- Não? Na minha rua havia três Dimas quando eu era criança. Na minha sala, no pré, tinham três também.

- Caramba! Você conhece seis Dimas?

- Não, só três mesmo. Os da escola moravam na minha rua.

- Engraçadão, o senhor. 

- Sim, mas o fato de eu ter conhecido três Dimases não te espanta?

- Dimases?

- Plural de Dimas.

- Como você sabe?

- Perguntei para eles. Os três foram unânimes.

- Isso no pré?

- É.

- Hummm. Informação confiável, não?

- Não importa. Só reiterando: é muito Dimas. Por isso até achei que era um nome comum. 

- É um fato interessante conhecer tantos Dimas. Mas...

- Dimases.

- Como?

- Você errou a flexão. Três Dimas são três Dimases.

- De qualquer forma, voltando à questão inicial, eu disse "nomes óbvios", não "nomes comuns".

- E o que vem a ser "nomes óbvios"? Paulo Paulada? Maria Marieta?

- Não, nada disso. Me referia a estabelecimentos comerciais. Por exemplo: "Padaria Bom Pão", "Açougue Boi Farto". Acho desnecessário se referir ao produto que a empresa trabalha no nome dela.

- Bom, para mim, padaria tem que ter flor no nome. "Flor do Castelo", "Flor da Vila Rudge". E tem que ficar, necessariamente, em esquina. Padaria que fica no meio do quarteirão me dá angústia, falta de ar, essas coisas. Nem entro. Cruz credo.

- Mas você não acha desnecessário citar o produto no meio do nome da empresa? Que falta de imaginação dos diabos.

- Nunca tinha pensado a respeito. Mas acho que o nome facilita. Tem uma churrascaria em Curitiba chamada Per Tutti. Aposto que muita gente já chegou lá e pediu logo umas 4 pizzas para viagem.

- Ninguém mais pede pessoalmente pizza para viagem. No máximo ligaram lá pedindo.

- E receberam um cupim bem mal passado no lugar da muzzarella. Mas esse não é o ponto. O ponto é: você prefere uma padaria chamada "Padaria Centro Textil de Sorocaba" do que "Bom Pão"? 

- Sem dúvida. Sou mil vezes "Açougue Equipamentos Aquáticos do Glick" do que "Boi Gordo".

- Tem um diabo de um lugar no Sumaré, perto da MTV, chamado "Padaria dos Artistas". Pelo menos é conhecido assim. Esse nome me agrada.

- Porque não é uma padaria, procede?

- Exato. É uma lanchonete. Eles não fabricam pão. E os artistas que vão lá são só uns meio falidos da MTV, que nem dá para considerar artista. O nome é muito nada a ver.

- Imagina o que não entrou de gente lá querendo uns pãeszinhos e recebeu um "não" na cara. Triste isso.

- Bom, mas aí o cliente pode se virar, se quiser mesmo um pão puro. Basta pedir um pão com manteiga e tirar a manteiga.

- Nesse caso, é mais fácil pedir um pão com queijo frio. Daí, basta jogar longe o queijo e pronto. O pão volta a ser um pão francês comum, exceção ao fato de estar cortado.

-Interessante é que um pão com queijo é mais caro do que um pão com manteiga, que é mais caro do que um pão francês simples. Mas para o cidadão conseguir seu pão francês, nesse caso, terá de pagar mais para ter menos. Incrível o mundo da economia, do pão francês e da Padaria dos Artistas, né? 

-Parece até o Plano Cruzado II.

- Era assim a base do Plano Cruzado II?

- Sei lá, esse nome não significa nada para mim. Assim como Plano Verão. Aliás, é por isso que eu gosto dos nomes dos planos econômicos do Brasil. O nome nunca tem a ver com o que eles propõem. O dia que criarem um Plano Boi Gordo ou Plano Bom Pão, aí sim morro feliz.  

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Colaboração incidental: Camila, a menina que odeia nomes óbvios.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estátuas e Furtos

- E se a gente sequestrasse aquela menina ali?

- Que menina?

- Aquela ali, parada sobre aquele pedestal.

- Aquilo ali não é uma menina, é uma estátua.

- Tá. E se a gente sequestrasse aquela estátua de menina.

- Bom, acho que tecnicamente, se a gente pegar aquela estátua e levar embora, não é sequestro, é roubo. E mais: não é uma menina. Daqui de onde vejo, parece um miltar. Talvez um general ou coisa assim.

- Ah, então esquece. Queria sequestrar, não roubar.

- Bom, você pode escolher qualquer pessoa a esmo e levar embora, daí é sequestro.

- E você acha que eu teria coragem de fazer isso com um ser vivo? Por isso pensei em sequestrar estátuas.

- Mas daí vira roubo.

- Pois é, por isso me desinteressei. Crimezinho muito chinfrim esse de roubar. Legal mesmo é fazer coisas mais excitantes, como sequestrar ou danificar o patrimônio público.

- Tipo depredar um orelhão?

- É.

- A gente podia fazer isso. Vamos?

- Acho melhor não. Ninguém mais usa orelhão hoje em dia. Todo mundo tem celular. Não iríamos prejudicar ninguém.

- A gente pode então escolher uma pessoa a esmo, esperar ela bobear, furtar o celular e depois chutar e espancar ele.

- Espancar quem? A pessoa?

- Não, o celular. Seria uma versão moderna de depredar um orelhão.

- Gostei, mas não sei se teria coragem de fazer isso com uma pessoa em especial ou com qualquer ser vivo. Será que aquela estátua de menina ali tem uma estátua de celular?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Asas do Desejo

- Se aparecesse um gênio, assim do nada, e te oferecesse três desejos, quais você faria?

- Do nada ou eu esfregaria uma lâmpada e ele sairia?

- Faz diferença?

- Faz. Se eu tivesse que esfregar uma lâmpada, quer dizer que tive de realizar algum esforço. Logo, meu desejo seria mais bem elaborado do que se eu não tivesse que fazer nada para o gênio aparecer. Questão de mérito, sabe?

- Certo. Supondo que ele aparecesse do nada, quais seriam seus três pedidos?

-Ia pedir para ficar milionário, para casar com a Amélia Vega  e, por fim, ia pedir umas asas bem grandes para sair voando por aí.

- E se você tivesse esfregado a lâmpada, o que pediria?

- Para ficar trilhardário, para fazer sexo sem compromisso com a Amelia Vega até eu cansar e ia pedir para conseguir voar sem ter asas. 

- Que upgrade, hein. 

- Sim. E ainda mais na questão das asas. Imagina como elas não iam coçar nas costas. E o pior é que eu não ia ter braços para coçar.

- Não?

- Não. Se o gênio aparecesse do nada, eu ia pedir para me dar asar no lugar dos braços. Não ia querer abusar, sabe?

- Você ia ser rico, casado e meio deformado só por causa da falta de uma lâmpada?

- Isso. Por isso mesmo que se alguém aparecer para mim como gênio, sem eu ter esfregado qualquer lâmpada, eu corro antes que ele fale mais qualquer coisa. Pode ser que queira oferecer pedidos, ou que queira informação de rua ou mesmo de horas... naõ importa. Na dúvida, eu corro.

- Se tivesse asas, voaria rápido.

- Tentaria. Mas não sei se conseguiria com a maldita coceira nas costas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Doritos sabor Hóstia

- Eu estava na missa outro dia pensando em que gosto teria uma hóstia.

- Se você estava na missa, por que não aproveitou para pegar a fila e experimentar?

- Não sou católico. Achei que seria falta de respeito ir filar o corpo de Cristo sem nem ter sido batizado, nunca ter feito crisma, catecismo, essas coisas.

- E o que você estava fazendo na missa?

- Era missa de Ramos, sabe? Eu gosto muito de ver o povo dentro da igreja erguendo aquelas plantinhas. Fui mais pelo espetáculo do que propriamente pelo sermão. 

- Bom, eu sou católico médio-praticante e já comi hóstia. Se quiser, te falo que gosto tem.

- Que gosto tem?

- Se colocar maionese nela, tem gosto de maionese. Se colocar requeijão, tem gosto de requeijão.

- Isso quer dizer que tem gosto do que?

- Isso quer dizer que hóstia não tem gosto de nada. O que você coloca em cima é que dá o gosto nela.

- Você já comeu hóstia com maionese? Ou com requeijão?

- Não! Que absurdo! Tá doido?

- Ah.

- Prefiro com catchup.

- ...

- Tô brincando. Nunca experimentei com catchup também.

- Que sabor dará à hóstia um patê de chuchu?

- Duas coisas com gosto de nada. Deve dar revertério no estômago.

- Aí, para melhorar, só chá de boldo.

- Isso. Feito com água-benta fervida.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nomes e Coisas

- É impressionante como tem nome que não combina com homem. Déboro, por exemplo.

- Você conhece algum Déboro?

- Não. Ainda bem. E também não conheço nenhum Tatiano, Marílio, Sofio e Vanuso. Esses nomes não cabem em homem, só em mulher.

- Tem um Edno, que joga na Portuguesa. Nome de mulher passado para o masculino. Há uns dois ou três Vandinhos jogando por aí também. Nome de menina de família mal-assombrada passado para o masculino.

- Achei que o masculino de Vandinha fosse Feioso.

-Eu também, até conhecer esses Vandinhos. Ou esse Vandinho, não sei se é o mesmo jogador que troca muito de clube.

- Falando em nome de jogador, ultimamente eu tenho reparado que os nomes nas camisas do Palmeiras são os mais legais que têm por aí. Pelo menos o do Armero e o do Cleiton Xavier.

- Por quê?

- Porque como o Armero chama Pablo Armero, na camisa fica P. Armero. Que parece Parmero, o masculino de Parmera. E Parmera, todo mundo sabe, é o nome correto de se falar Palmeiras. Pode perguntar para qualquer um no Bixiga.

- Eu gosto muito de jogadores com mesmo nome que os times. P. Armero combina direitinho com Palmeiras. Assim como o Ramalho, que jogava no Santo André, combinava com o time, que tem o apelido de Ramalhão.

- Bacana isso mesmo. Por essa lógica, Márcio Santos, Fábio Santos, André Santos e mais um monte de nego deveriam jogar no Santos. 

- Não que deveriam, mas seria legal. Assim como seria legal aquele jogador italiano, o Di Bambi, jogar no São Paulo. 

- E o Palermo, da Argetina, no Palermo da Itália. E o Michael Phelps no Náutico, por motivos óbvios.

- Falando em Náutico, você considera Remo versus Timão o maior confronto aquático do futebol?

- Tem o Velo Clube também.

- Mais um nome de mulher passado para o masculino. 

- Mulher?

- Bom, vela não é bem mulher, mas é coisa no feminino. Tá valendo.

- ...

- Você falou do Cleiton Xavier lá em cima. Por que gosta do nome dele?

- Lá em cima?

- Isso, umas linhas ali para cima. Não sei quantas.

- Bom, na camisa do Cleiton Xavier fica estampado C. Xavier. Sempre que eu leio, imagino Chico Xavier. 

- Se fosse, seria especialista em gol espírita. 

- Essa piada já foi feita exaustivamente com o Alan Kardec, do Vasco.

- Verdade. Mas nunca vi ninguém falar que ele seria especialista em passe. E mais ainda em "passe psicografado".

- Em passe, ok, a piada é válida. Mas passe psicografado não dá. O correto é passe telegrafado.

- Ah é. Deve ser por isso que não vi ninguém falando isso, então. 

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Light

— Aposto que eu consigo emagrecer mais do que você em 20 dias.

— Eu aceito. Só nestes últimos 20 minutos, você já tomou oito chopes. Está bem encaminhado.

— Mas aí eu vou começar um regime amanhã.

— Beleza. Eu começo amanhã também. Neste caso acho que podemos pedir essa porção de costeletas de porco. Parece muito boa.

— E desce mais dois chopes.

— Boa, temos que aproveitar enquanto podemos.

— E o que vamos apostar?

— Cinquenta reais?

— Prefiro apostar logo uma feijoada.

— Fechado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Um Brinde à Família Miranda

- Eu considero a ala feminina da família Miranda a mais alternativa do Brasil.

- Que ala feminina da família Miranda?

- Ah, a da Carmen, da Gretchen, essas aí.

- Que Carmen? Que Gretchen?

- A Gretchen do rebolado, a rainda do bumbum. Você conhece outra?

- Tem um filme chamado "Aleluia, Gretchen", mas nem sei do que se trata. E de que Carmen você tá falando?

- A Carmen Miranda. Ou, mesma pergunta, você conhece outra Carmen que não a Miranda?

- Eu tive uma namorada chamada Carminha. Acho que ela chamava Carmen. 

- De qualquer forma...

- E ela achava que eu era criativo. Só porque toda vez que nós íamos para um bar, eu pedia tequila. 

- Pedir tequila é sinal de criatividade?

- Na cabeça da Carminha, era. 

- Estranha a Carminha. Será que o sobrenome dela não era Miranda?

-Acho que era Barnabé. Mas não tenho certeza. Mas diga: por que a família Miranda, em sua ala feminina, é alternativa?

- A Carmen usava um chapéu com bananas e abacaxi da cabeça. Era portuguesa, mas todo mundo achava que era brasileira. E, de quebra, ainda fez um filme com o Zé Carioca. Por fim, é a idola de qualquer travesti que se preze. Isso é que é alternatividade, não?

- Por que?

- Porque se não fosse alternativa, faria um filme com o Mickey...

- Aquele rato nazista...

- ...e usaria chapéu-coco, não chapéu-banana.

- ... que é amigo do Coronel Cintra, um milico facista.

- Além disso, se não fosse alternativa, seria musa de cheerleaders, chacretes ou dançarinas de auditório, não de travestis.

- Por que o Pluto, que é um cão, não sabe falar e o Pateta, que é outro cão, sabe?

- Mas a Carmen não é a mais alternativa da família Miranda, não. A Gretchen ganha.

- Como assim?

-Pensa comigo. Ela foi rainha do bumbum e fez um filme chamado "Aluga-se moças", com erro na flexão verbal e tudo mais. Eu lembro que ela perdia a virgindade... digamos, anal... nesse filme no banco de trás de uma Brasília.

- Sem contar que o umbigo dela é horrível.

- Sim. Mas tem mais. Depois, ela casou e descasou umas 12 vezes, duas delas com o mesmo caboclo, se candidatou a um cargo de prefeita de Itamaracá pelo PPS e ganhou 300 votos. Daí virou atriz pornô, teve uma filha que era uma mega gostosa que virou uma menina-menino, descolou uma sobrinha que nem é muito sobrinha que virou atriz pornô e que perdeu a virgindade em um filme de sexo. Que família agitada, não?

- Sempre dá para piorar. Imagina se a filha dela resolve fazer um implante peniano e, numa dessas reviravoltas do destino, acaba engravidando a mãe. Aí sim, seria alternatividade demais.

- Isso não tem o menor sentido. 

- E Conga Conga Conga tem?

- Mais do que Freak Le Boom Boom, sim.

- Herege!

- Cabeça de mamão!

domingo, 5 de abril de 2009

Rocky, Um Lutador

- Eu estava assistindo à uma maratona de Rocky até agora. Assisti do Rocky - Um Lutador até Rocky Balboa sem sair do sofá.

- O Rocky 4 é o melhor. O primeiro é sensacional, assim como o último. O dois e o três são excelentes. E o Rocky 5 dá uma vergonha danada.

- O que eu mais gosto é aquele que ele apanha, apanha, apanha, quase cai, apanha, apanha, apanha, cai, levanta, apanha, apanha, apanha, bate, bate, bate, bate, bate, bate, grita Adrian e acaba.

- Qual é esse?

- Todos.

- Fato.

- Mas simpatizo muito com o Rocky 4 também. E toda vez que assisto, torço para o Ivan Drago. 

- Eu também. O que eu queria mesmo era um Rocky 7, com o Drago lutando contra o B.A.

- A luta ia ser boa, mas não ia dar nem pro cheiro pro B.A. O Drago é imbatível. Aliás, o filme não precisava ser Rocky 7, poderia ser Drago II.

- E qual é o Drago I? 

- O que ele luta contra o Rocky, também conhecido como Rocky 4.

- Quem você acha que é mais apaixonado? O Roberto Carlos pela Maria Rita ou o Rocky pela Adrian.

- O Rocky pela Adrian. Tá na cara que o Roberto Carlos, por mais que goste da Maria Rita, não esqueceu a Mirian Rios.

- Como você sabe?

- Se você tivesse namorado a Mirian Rios, você a teria esquecido?

-...

- E mais: depois que eles terminaram, foi que começou a fase em que ele fez música para mulher de óculos, para mulher gordinha. Só podia estar maluco pela separação. Depressão braba mesmo. Além disso, depois da separação, ele começou a usar uma pena na cabeça. Tá na cara que estava transtornado. Não é fácil superar um amor assim. 

- Mas eu não sei se o Rocky gosta mais da Adrian não.

- Por que?

- Pelo que eu li por aí, a atriz que fazia a Adrian ficou muito chateada em não participar do Rocky Balboa, que é o último Rocky. Ela ficou triste que o personagem dela havia morrido. E quem escreveu o roteiro foi o Stallone. Se ele gostasse tanto dela, não a teria matado.

- Não fala besteira. Você tá confundindo o Rocky com o Stallone. O Rocky ama ela. O Stallone é que não ia muito com a pinta da Adrian e decidiu matá-la.

- Aposto que se ele tivesse escalado a Vera Fisher para o papel desde o Rocky - Um Lutador, ele não a teria matado neste último filme. Mas como pegou uma mulher meio baranga, matou.

- Falando nela, é incrível como essa série de filmes tem coadjuvantes que sabem escolher papéis. A Adrian trabalha em O Poderoso Chefão. O Apollo fez dois Guerra nas Estrelas e fez O Predador. O Paulie fez todos os filmes de mafioso da história, sempre como capanga coitado.

- E o Mickey?

- O que tem?

- Ele era o Pinguin, na série do Batman com o Adan West. Também trabalhou em Cheers. Desses aí, realmente, o único que escolheu mal foi o Stallone mesmo, NUnca achou um papel que se encaixasse perfeitamente com ele.

- Tá louco?

- Eu acho que qualquer filme que ele fez como ator, poderia ter sido substituído sem perdas por outro ator musculoso qualquer. O Victor Fasano, por exemplo.

- Até Rambo?

- Não, Rambo não. 

- Tá vendo!

- Esse poderia ter sido encenado pelo Lou Ferrigno. Desde que, claro, ele não fosse verde.

- O Lou Ferrigno não é verde.

- Não?

- Não. Ele se pintava de verde quando fazia o Hulk, mas só.

- Não era verde mesmo?

- Not.

- ...

- Não.

- Mas...

- Tsc, tsc.

- Então pronto. O papel seria perfeito para ele. E digo mais: não sendo verde, acho que ele se encaixaria como uma luva em Stallone - Cobra.

- Daí viraria Ferrigno - Cobra, não?

- Poderia manter o nome. O importante é o personagem.

- Mas talvez seja por isso que o Stallone escolheu fazer esse filme.

- Por que?

- Porque tinah o nome dele. Daí ele achou que foi a calhar. Pronto, eis um filme que se encaixa perfeitamente com ele. 

- Pela sua lógica, ele poderia fazer o papel do Frajola no cinema.

- Como?

- Que eu saiba, o Frajola chama Silvester em inglês. E o Stallone também.

- É, eu acho que ele ficaria bem. Ou ele ou o Ferrugem.

- Não, não, o Ferrugem já tem lugar marcado na versão de Thundercats para o cinema.

- Como o que? Lion?

- Não. Snarf mesmo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nó tático

— Tu não é o Diabo nem a pau.

— Duvidas de mim, pobre-diabo?

— Espera aí. Mas você está dizendo que o Diabo sou eu ou é você?

— Isso é só uma expressão. Eu sou o Diabo, e tu és o pobre-diabo. Ou burro. Ou pobre-burro, melhor.

— Eu posso ser burro. Ou pobre-burro. Mas tu não é o Diabo nem a pau.

— Peças qualquer coisa e eu provo.

— Mas e o que você vai querer em troca?

— Tua alma. É o de praxe. Pelo regulamento eu nem posso pedir outra coisa.

— Pois bem. Então eu quero ser o Diabo.

— Mas se eu fizer com tu sejas o Diabo e eu ficar com tua alma, então tu serás o Diabo e eu, o pobre-diabo.

— Sem contar burro.

— Que Diabo! Tu vais é para o Inferno.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Livros e Outros Rascunhos

- Finalmente tive uma idéia para meu primeiro livro.

- Que seria?

- Escrever um livro sobre o que meus leitores acharam do meu livro anterior.

- Mas esse não seria seu primeiro livro?

- Sim.

- E como você faria para ter opiniões dos leitores sobre algo que não existe?

-Aí é que está a grande sacada. Eu poderia inventar as cartas, os emails, os comentários e qualquer outra mensagem dos leitores. 

- Mas para isso você teria que pensar em um livro, não? Ou você iria inventar cartas de opiniões de seus leitores a partir de assunto algum?

- Eu estava pensando em inventar as cartas diretamente. Escrever um livro daria muito trabalho.

- Dois, no caso.

- Como?

- Ué, você escreveria um livro, que não seria publicado. Em cima dele, você escreveria as opiniões dos leitores. Então, depois disso, você criaria seu segundo livro, em cima destas opiniões fictícias. 

- Nossa, é mesmo. Que trabalheira. Só de pensar já tô suando. Vou abandonar essa história de livro. Desde já, começarei a pensar em algum argumento para histórias em quadrinhos. Personagens, uma turma, algo assim.

- Que tal uma história de uma turma de bairro, com uma menina dentuça e forte, um garoto que troca o érre pelo éle e é meio careca, um garoto que não toma banho e uma menina que vive com fome.

- Maconheira a menina?

- Não, não. Tá em fase de crescimento.

- Rapaz... você já tinha pensado nisso ou foi de chofre? Bom, de qualquer forma, não sei não... eu estava pensando em algo para o público infantil e esses personagens aí parecem muito complexos e densos para fazerem sucesso.

- Eu simplesmente descrevi a Turma da Mônica, seu asno. Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali.

- É? 

- Sim.

- O Cebolinha não tomava banho?

- No caso, o Cascão não tomava banho.

- É mesmo?

- Sim.

- Rapaz... 

- Você nunca leu a Turma da Mônica?

- Bom, minha mãe sempre comprava os quadrinhos da Disney para mim. E a Turma da Mônica eu só lia na sala de aula.

- Sala de aula?

- É. Do curso de leitora dinâmica que fiz quando criança.

- Era bom, hein, esse curso. Você não entendeu nem a Turma da Mônica. Durou quanto tempo?

- Seis meses.

- Só?

- É, foi o suficiente para ler 5 anos de Almanacão de Férias da Turma da Mônica, todas as revistas da Mônica, do Cebolinha, do Cascão e do Chico-Capim.

- Chico Bento, você quer dizer.

- Não, não. Chico Capim mesmo. Era um menino caipira que lá pelas tantas virava um índio e depois sei lá como desvirava e voltava a ser um menino caipira.

- Acho que você tá misturando o Chico Bento e o Papa-Capim. 

- Quem?

- Deixa para lá. 

Tchurma

— Sabe um troço que eu odeio? Essas pessoas que falam umas palavras mudando a pronúncia pra ficar moderno, tipo tchurma.

— Mintchura.

— Não começa....

— Mas é que eu acho isso mutcho loco.

— Não me irrita...

— Calma aí, não esquentcha.

— Aí já é demais. Essa gíria nem existe.

— É verdade. Agora chega. Mas queria saber se você gostou da minha roupitcha.

— Você é um idiota, mas a camisa até que é bonita mesmo. De que seleção é?

— República Tcheca.

— Perdeu a oportunidade, burro. Podia ter dito Tchetchênia.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Guinchos, uma Questão Existencial

- Guincho guincha guincho?

- O rato roeu a roupa do rei de Roma!

- Como?

- O peito do pé de Pedro é preto! Quem disser que o peito do pé de Pedro é preto tem o peito do pé mais preto do que o peito do pé de Pedro!

- Pirou?

- Não, ganhei. Você falou um trava-língua. Eu, dois. Perdeu.

- Não era um trava-língua, era uma questão existencial.

- Guincho guincha guincho, para mim, parece ou trava-língua ou língua do "gui". Tá bem longe de "ser ou não ser, eis a questão". Essa sim, diga-se, uma questão existencial de respeito.

- Tá, então não era uma questão existencial. Era uma dúvida. Queria saber se, quando quebra, um caminhão guincho é rebocado por outro guincho.

- Nossa, mas isso aí tá longe mesmo de ser uma questão existencial. Pelo amor de Deus! Cada um tem o Shakespeare que merece mesmo.

- O senhor também não é nenhuma Gwyneth Patrol, para eu ser Shakespeare. E, de qualquer forma, já consertei. É uma dúvida.

- Bem idiota, por sinal.

- Por que idiota? Queria saber se guincho guincha guincho, uai. Ou se, em caso de quebra, aparece um super-guincho ou um guincho-pai, que reboca o guincho comum. E se, em caso desse guincho-pai quebrar, se o rebocam ou o que diabos fazem com ele. E se o rebocam, quem o faz? Um guincho-avô?

- Tolinho, tolinho.

- Como?

- Até a minha avó sabe que guincho não quebra nunca. Você já viu algum deles parado por aí, em acostamento, esperando ajuda?

- Não me lembro. 

- Pois então. Eles nunca quebram. E sabe por que?

- Não.

- Questão de princípios. Se todos fossem iguais aos guinchos, o mundo estaria muito melhor.

- Tem certeza de que guinchos não quebram nunca? 

- Absoluta. 

- Nem o pneu pode furar e, por acaso, eles ficarem sem estepe, necessitando de uma ajuda de um super-guincho?

- Bom, se o pneu fura, daí não é questão de quebrar. É questão de azar. E se não houver estepe, o problema é da marginalidade urbana, que rouba estepe que é uma beleza. Nesse caso, aí sim, vem um guincho-pai e reboca o guincho comum.

- Olha aí, tá vendo! Sabia! Sabia! E o que acontece se o guincho-pai tem o pneu furado, está com o guincho-comum no lombo, e não conta com estepe?

- Vem o guincho-avô.

- E se o guincho-avô tiver o pneu furado com os dois nas costas e não possuir estepe? Surge o guincho-bisavô?

- Não, porque ele estará velho demais para ajudar.

- Chamam os Transformers? 

- Que mundo você vive? Transformers não existem.

- Não? Mas a Megan Fox existe, né? Por favor, diga que sim. 

- Sim.

- Ah!

- Mas não é pro seu bico.

- Nhé.

- Mas de volta ao caso dos guinchos com pneu furado...

- Não quero mais saber.

- Como não?

- Perdi o interesse. Esse lance da Megan Fox não ser pro meu bico me estragou o dia.

- Nem se eu te falar que o jeito como resolver o problema dos guinchos é interessante demais?

- Nem.