quinta-feira, 28 de maio de 2009

Samba do grande amor

— Ela era conhecida por fazer origami com qualquer coisa.
— Você sabe o que é um origami?
— Claro que eu sei o que é um origami.
— Então deveria saber também que não é possível fazer origami com qualquer coisa.
— Se você amassa um troço qualquer, dobra, torce e transforma em outra coisa não é considerado um origami?
— É, acho que mais ou menos.
— Pois então, foi isso que ela fez com meu coração.
— E o que ele virou?
— Uma pedra.
— Andou ouvindo Chico Buarque, né?
— Mentira.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Chacina (Republicaciones)

- Uma dúvida: chacina é quando matam no mínimo quantos?

- Hummm.

- ...

- Acho que três.

- Mas três é chacina? Ou quatro é chacina?

- Então, se matarem três no mesmo momento já é chacina.

- Três pessoas?

- Como assim?

- Pergunto se chacina é quando são três pessoas mortas.

- Sim, é o que acho.

- E cachorro vale?

- Como?

- Se matarem duas pessoas e mais um cachorro, é chacina?

- Hummm. Depende.

- Depende como? Se for Dálmata, vale como chacina, e, se for vira-lata, vale como matança de
pessoas e mais um cão vagabundo?

- Não sei dizer. Daí precisa perguntar.

- E o que eu estou fazendo?

- Como?

- Eu estou perguntando. E, no caso, é pra você.

- Então, quando eu digo "daí precisa perguntar", quero dizer que precisamos perguntar pra
alguém mais instruído, que esteja por dentro do assunto.

- Como quem?

- Como o Greenpeace.

- A carrocinha serve?

- Hummm. Não sei dizer. Talvez. Mas eu acho que matando três seres vivos ao mesmo tempo, já
é chacina.

- Se forem mortos três cães, por exemplo, é chacina?

- É, mas se trata de uma chacina canicídea. Tem peso meio na escala de zero a dez das chacinas.

- Se a morte de três cães vale meio, quanto vale dez pessoas?

- Pessoas de que tipo?

- Sei lá. Tem diferença?

- Claro. Velhas de andador valem mais. Assim como homens de turbante, mulheres de barba,
freiras, enfermeiras e japoneses de chapéu dentro de Chevetes 79 e com varas de pescar saindo pela janela.

- Ah.

- ...

- ...

- Mas por que a preocupação? Você matou alguém recentemente?

- Não.

- E pretende? Um cachorro? Ou um vizinho barulhento?

- Não, nada disso.

- E por que o interesse no assunto?

- Ah, bobeira...

-Diga.

- Ah...

- ...

- É que eu estava pensando... se eu morrer de uma hora para a outra, em um lugar público, ao lado de um cão moribundo e de uma cigana nas últimas. Se nós três morrermos juntos, dá para considerar chacina?

- Não, claro que não. Já que, nesse caso, vocês morreriam de causas naturais. E, como se sabe, morrer de causas naturais não é chacina. É acaso.

- Acaso ou obra de Deus?

- Faz diferença?

- Claro. Mas nesse caso precisaríamos perguntar para alguém mais estudado.

- Como quem?

- Como aquele senhor na mesa de trás. Tem uma puta cara de religioso. Olha a barba... Olha o turbante... Olha o tique nervoso...

- Você reparou nas piscadelas também?

- Opa.

- Bom, vamos lá?

- Vamos já. Deixa só eu acabar meu Campari.

- Claro. Aliás, bebe tudo. Porque com a cara daquele senhor, é bem fácil ele ser um chacinista em potencial.

- Se fala chacinista ou chacineiro?

- Não sei bem, mas pelos movimentos bruscos do Barba, é tarde demais para perguntar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sobre Fusões e Mulheres

-Não aguento mais esse negócio de grandes fusões. É Perdigão e Sadia, Itaú e Unibanco, Microsoft e Yahoo! querendo se juntar. Onde isso vai parar?

- Provavelmente, na fusão entre Globo e SBT.

- Taí uma coisa que eu queria ver.

- Ia ser sensacional. Imagina o Jornal Nacional sendo apresentado pelo Willian Bonner e pelo Ratinho. 

- Excelente. E podiam pintar a menina Maísa de verde e colocá-la no lugar do Louro José, para acompanhar a Ana Maria Braga.

- O Vídeo Show iria mostrar os erros de gravação do Chaves. O que, no final das contas, iria ser um episódio inteiro e comum do Chaves.

- A novela das seis ia ser de época. Mas de época mexicana. Imagina a porcaria que não devia ser a Cidade do México em mil oitocentos e qualquer coisa. 

- E o futebol de domingo? Primeiro tempo, Corinthians e Palmeiras. Segundo tempo, o quadro "De Volta para Minha Terra", com o Gugu apresentando.

- Podiam, pelo menos, ressuscitar a banheira do Gugu. Mas em vez de subcelebridades, poderiam escalar umas globais mesmo, como a Juliana Paes ou a Maitê Proença.

- A Maitê Proença é global?

- Não sei, mas é sonho de infância.

- E do jeito que a Globo é poderosa, iam colocar o Michael Phelps ou o Cesar Cielo na banheira. O escolhido seria o responsável por segurar os outros e impedir que eles pegassem os sabonetes no tempo estipulado.

- Exatamente. E o Vale a Pena Ver de Novo? Pantanal e Dona Beija seriam exibidas à exaustão, durante os próximos 10 anos, uma intercalando com a outra.

- O Silvio Santos poderia narrar as provas de Fórmula 1. O Gugu, o Globo Rural. O Pedro Bial, a Casa dos Artistas, já que tem experiência no ramo de subcelebridades. 

- E o Fantástico seria apresentado pela Luciana Gimenez e pelo Louro José, para não ficar sem emprego, já que cedeu a vaga para a menina Maísa.

- Mas a Gimenez é da RedeTV!

- Mas com a fusão, poderia ser contratada a peso de ouro para apresentar o Fantástico. Acho que o investimento seria válido.

- Eu acho que o ET e o Rodolfo poderiam ser analistas políticos do Jornal da Globo, que seria apresentado pela Cristiane Pelajo e pelo Celso Portioli.

- Mas o analista do Jornal da Globo é o Arnaldo Jabor. Acho que idiota por idiota, pode deixar ele mesmo. 

- É fato. Bom, então poderiam chamar o ET e o Rodolfo para ficar dando microfonada na cabeça dele, enquanto ele fala aquelas groselhas todas.

-Excelente. Acho que agora só esquecemos de escalar o Fausto Silva. 

- Você esqueceu. Eu já tinha pensado: ele vai para a Praça é Nossa, a qual seria colocada no horário nobre diário.

- Ele ficaria no lugar do Carlos Alberto de Nóbrega?

- Tá doido? O maior gênio do humor brasileiro fica intocado. O Faustão faria um personagem qualquer. Ele poderia ser um personagem que imita o Faustão. Como ele é o Faustão, teria facilidade em interpretar.

- Se ele já é chato como Faustão, imagina com ele se imitando.

- Pois é. Só faltou o Jô Soares.

- Bom, acho que uma fusão entre Globo e SBT teria força suficiente para extraditá-lo, não? Mandá-lo para a Argentina ou para Serra Leoa.

-Não sei se tem tanta força. Mas se não tiver, é só mandar para a Gazeta. Ostracismo por ostracismo, dá no mesmo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cinema, Elevadores e Urubus

- E esse trailer do novo filme do Sherlock Holmes, hein? É o Guy Ritchie que dirige. Não tem como dar errado.

- Que Guy Ritchie? Aquele que fez Swept Away, com a Madonna?

- Sei lá se ele fez esse. Ele fez Snatch e Jogos e Trapaças e Dois Canos Fumegantes.

- Peraí que saiu a escalação da Copa das Confederações. 

- E?

- O Dunga insiste em Josué e Gilberto Silva.

- Argh! Deu  até uma queimação em ouvir na sequência as palavras seleção, Josué e Gilberto Silva.

- E olha aí como ele gosta de goleiro ruim. Chamou o Gomes para o lugar do Doni.

- Mama mia! Chega a ser um dom saber escolher tanto goleiro zuado.

- Então, sobre o Guy Ritchie. Depois que vi 25 minutos de Slept Away, jurei que nunca mais veria qualquer filme dele.

- Mas, olha só, ele se separou da Madonna. Antes da Madonna, só fez filmão. Durante o casório, só lixo. O que me leva a crer que eles faziam tanto sexo que ele escalou um impostor no lugar dele para fazer filmes. Aí rolaram umas bombas mesmo. Talvez seja o caso desse Swept Away. Mas agora que se separou, pode voltar a fazer filme bom.

- Sei lá. Sei que prometi a mim mesmo não ver qualquer outro filme dele. Mas os da Madonna eu continuo assistindo. Corpo em Evidência é um clássico.

- E Evita? Outro clássico. Esse sim, de um gênio que nunca erra: Alan Parker, o melhor diretor de todos os tempos. Talvez ele tenha errado em The Wall, mas como nunca vi e nem vou ver, não quero saber.

- Mas você vai me dizer que ele não errou em The Commitments? Ora, francamente... quem é que engole essa historinha de banda que começa a fazer música e aí tchananã, aquele negócio todo, que vem uns guéri-guéri? Eu não caio nessa.

- Eu não sei onde estou com a cabeça que não lhe sento a mão na cara neste instante. Você está falando de um dos melhores filmes do universo inteiro. Se falar mal de Simplesmente Amor ou de Tropas Estelares, eu te pego de pau agora.

- Tropas Estelares é sub-A Reconquista, do John Travolta. Quebra o galho para os fãs que esperam ansiosamente A Reconquista 2. E não preciso nem dizer o que penso de Simplesmente Amor, certo? Todo mundo sabe que Simplesmente Amor é uma cópia cuspida e escarrada de Beethoven, o Magnífico 2.

- Meu Deus! Providências serão tomadas. Seu chefe é baiano, não é?

- É. O que tem isso?

- Vou encaminhar um e-mail anônimo a ele, dizendo que você disse que nunca leu Capitães da Areia, que a Carla Perez é enganação, que o Cumpadi Washington é feio e que o Elevador Lacerda não é um elevador e que os baianos querem nos enganar todo mundo com essa história de elevador. Vou te ferrar direitinho.

- Mas eu nunca disse isso. Além do que, se eu dissesse que o Elevador Lacerda não é um elevador, o que eu diria que ele seria?

-Ele só tem um andar, não é? Só em cima e embaixo?

- É.

- Então vou dizer que você disse que era um iô-iô gigante.

- Olha... eu nunca disse isso. Mas agora vou concordar com o senhor. Entretanto, há de se admitir que Iô-Iô Gigante Lacerda não ficaria um bom nome. Nesse caso, eles precisariam mudar o nome para Iô-Iô Gigante dos Incas Venusianos.

- Muito grande para falar. Daria preguiça nos baianos. Sugiro o nome iô-iô, somente. Mesmo porque iô-iô parece iorubá e assim eles se acostumariam rápido.

- Mas iô-iô parece também letra e música do Bob Marley.

- Olha aí, que sorte. As músicas do Bob Marley poderiam ser tocadas dentro do "iô-iô, ex-Elevador Larcerda". Seria o primeiro tipo de música de ex-elevador do mundo.

- Reggae em geral é música de elevador. Dá um sono danado.

- E música de ex-elevador, como seria?

- O que seria o correspondente ao ex-sono?

- Se sono é quando a pessoa está acordada mas com vontade de dormir, ex-sono eu acho que é quando a pessoa tá dormindo mas com vontade de acordar.

- Tipo um sonambulismo? 

- Exatamente. Reggae é música de sonâmbulo.

- Mesmo porque só dormindo para aguentar.

- Imagina você sonambulando em um elevador, ao som de um reggae interminável.

- Deus do Céu! Ainda bem que o iô-iô, ex-Elevador Lacerda só tem um andar. A viagem deve ser rápida.

- E ainda bem que é fechado. Porque se fosse aberto, o que ia ter de sonâmbulo se jogando lá de cima ia ser uma grandeza.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Clipes e Bocas

- Como é que foi esse negócio da mendiga mesmo?

- É uma história meio longa. Quer ouvir mesmo?

- Conta aí. Já deu seis horas, é meu rodízio, não posso ir embora e não tô fazendo nada mesmo.

-Então, esse meu amigo tem uma banda. Aí eles resolveram gravar um clipe. Precisavam de uma garota bonitinha, mas não muito, para encener o clipe.

- Como é que funciona isso?

- Isso o que?

- Bonitinha mas não muito. Se aparecesse uma bem bonita, muito linda mesmo, tipo a Amélia Vega, eles não aceitariam?

- Parece que não. Queriam alguém com uma beleza comum. Bonita, pero non troppo, manja? Não podia ser gostosona também. Juliana Paes, por exemplo, estaria vetada. 

- Quem não estaria? A Catifunda valia?

- Não avacalha.

- Não, não, só quero entender. E eu nutro sentimentos pela Catifunda. Ela parecia minha professora de química do colégio.

- E você era apaixonado pela velha?

- Não, não. Mas eu gostava muito do nome dela: Joana Fume Carlton. Bonito, né?

- Meio politicamente incorreto.

- Passei a admirá-la quando fiquei sabendo o nome completo. 

- Tá, mas como funciona esse negócio de beleza normal?

- Então, não poderia ser uma Juliana Paes, uma Amélia Vega ou uma Catifunda. Teria que ser alguém de uma linhagem do tipo a Fernanda Rodrigues ou a Maísa, do SBT, daqui uns anos. Nem feia, nem bonita, nem gorda, nem magra, meio cansada, mas não muito.

- A Maísa vai ser assim? Acho que ela tá mais para a Susan Boyle.

- Tudo indica que ela vai ter uma beleza normal, nem lá, nem cá.

- Tudo o que?

- Os astros.

- Que astros, meu Deus? 

- Quer ouvir a história ou não?

- Conta, pô.

- Então, aí eles descolaram uma atriz que topou fazer o clipe de graça, ou quase de graça. Ela era do jeito que eles queriam e ela tinha uma beleza bem comum. 

- Correto.

- Aí a única coisa que eles tinham que fazer era pagar a passagem e a estadia. Além dos traslados, como aeroporto e tudo mais.

- É um preço baixo a se pagar por alguém com uma beleza tão enigmática, eu diria.

- Imagina a Fernanda Rodrigues e pára de azucrinar.

- Esse acento no parar caiu com a nova regra.

- Só em 2012.

- Bom, então não se preocupa. Em 2012, o mundo acaba. Até minha avó sabe disso.

- Deus do Céu, quanto palpite.

- É que não tenho nada para fazer. E tenho que enrolar até às 20 horas, por causa do rodízio.

- Mas eu, não. Posso terminar?

- Fique à vontade. 

- Pois então, daí acharam essa atriz. Ela viria do Rio. E alguém teria de buscá-la no aeroporto. Mas como foi o pessoal da banda que bancou a passagem, ela chegaria de madrugada, já que é o horário dos vôos mais baratos. Viria de sexta para sábado.

- Ela parece mesmo a Fernanda Rodrigues?

- Não sei, não a vi. O fato é que aí esse meu amigo ficou responsável por buscá-la no aeroporto. Só que como ela chegava de madrugada, justamente em um final de semana, ele resolveu beber umas coisas, enquanto esperava dar a hora de ir buscá-la. Daí bebeu, bebeu, bebeu.

- E perdeu a hora?

- Pelo contrário.

- Achou a hora?

- Chegou meio bêbado no aeroporto e quando viu a garota, desencanou de beleza normal. Para os olhos dele, era uma deusa. E mais: uma deusa dando mole. Tentou agarrar e o diabo. Cada vez que saía um som do alto-falante anunciando vôo, ele entendia que era alguma música de micareta. 

- E a atriz?

- Horrorizada, pegou o primeiro avião de volta para o Rio.

- E ele? 

- Ainda tentou graça com umas três ou quatro garotas no aeroporto e se deu mal. Daí não entrou em pânico, porque não deu tempo de ficar sóbrio. Ainda bêbado, saiu do aeroporto direto para a Augusta. Foi procurar alguma prostituta com uma beleza normal que pudesse estrelar o clipe sem cobrar muito.

- E conseguiu?

- Nada. Acabou de descolou uma mendiga mesmo. Debaixo da sujeira, ele não sabia se ela tinha uma beleza normal ou não. Meteu ela embaixo de um chuveiro e rapidamente foi para o lugar do clipe, que ia ser gravado às 5 da manhã. Chegou com a moça lá, ainda meio bêbado, todo pimpão.

- E essa mendiga encenou o clipe? O pessoal da banda não achou estranho ele aparecer com outra moça que não era aquela com quem eles haviam combinado?

- Sim, acharam. Mas não tinha muito o que fazer. Ou usavam a mendiga ou colocavam uma peruca loira nesse meu amigo e filmavam ele como garota no clipe. 

- Deixa ver se eu entendi: eles aceitaram uma mendiga, mas não aceitariam a Juliana Paes. É isso?

- Pelas circunstâncias, tiveram que aceitar. 

- E o clipe ficou bom?

- Então, a gravação seria feita em dois dias. Só que no segundo dia, a equipe atrasou para chegar. Aí a tal mendiga deu um chilique, falou que não estava sendo respeitada e o diabo e se recusou a encenar. E não teve Cristo que fizesse a mulher filmar. No auge da discussão, ela pegou seu saco de tralha e foi embora. Se mandou sem olhar para trás e sempre resmungando.

- Caceta! E o clipe, como ficou?

- Desistiram. Resolveram filmar eles tocando em um show e botar no YouTube. Acharam mais fácil.

- Que final de história mais triste.  

- Se para você é triste, você não imagina para o meu amigo.

- Por que?

- Antes de decidirem pelo clipe do show, deram uma peruca loira para ele e o fizeram encenar umas partes do clipe, para ver se ficava bacana.

- E não ficou?

- Nada. Parece que ele era um travesti muito feio. 

- E eles queriam um travesti com uma beleza comum, nem lá nem cá. Tipo a Fernanrda Rodrigues de bigode. Confere?

- Exatamente. 

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ovos de Amendoim, Chato sem Galochas

- Acabei de fazer uma coisa bem idiota.

- Vai me dizer que, de novo, você errou de propósito a senha do cartão do banco no caixa eletrônico, só para ver o que aconteceria?

- Eu não queria ver o que aconteceria. Eu queria saber se algum alarme seria disparado ou se a SWAT invadiria o Bradesco e me renderia.

- Não aconteceu nada disso, não é?

- Não. Meu cartão foi bloqueado e deu um trabalho danado para desbloquear.

- Nem sinal da SWAT?

- Nada. Só a Geni, a gerente do meu banco, que ficou furiosa. Eu quase tive que chamar a SWAT para ela largar do meu pescoço.

- Certo. E qual foi a bobagem que você fez agora?

- Eu tava distraído, trabalhando em uns rascunhos e comendo aqueles ovinhos de amendoim. Sabe quais são?

- Sei sim. Dão uma azia dos diabos. Só perdem para a esfiha de carne do Habib´s, que é temperada com azia. 

- Exatamente. Pois então, distraidamente, fui comendo, comendo e, quando vi, coloquei na boca minha borracha branca. 

- Éca!

- Mas eu estava tão distraído que acabei engolindo. Só percebi que era a borracha quando olhei para a mesa e não a vi. Daí olhei para dentro e percebi que ela tava descendo garganta abaixo.

- Como você olhou para dentro?

- Não importa. O fato é que engoli o diabo da borracha. 

- Bom, não chega a ser uma bobagem tão grande a não ser que...

- Pois é. Quando percebi que era a borracha, dei uma tremida e rabisquei sem querer metade da página. E aí, cadê a borracha para me salvar?

- Que irônico, não? Se você não tivesse engolido a borracha, provavelmente não precisaria dela.

- Pois é. Daí eu tentei apagar o borrão com os ovinhos, mas não deu certo. Esmigalhou tudo. Ficou uma porqueira.

- Eu achei que as borrachas, assim como as lapiseiras, grafites e Bics 4 Cores tinham desaparecido da face da Terra. Nunca mais tinha ouvido falar. 

- Ainda existem algumas poucas. No caso das borrachas, há uma a menos na Terra.

- Quando você falou em bobagem que fez, lembrei de uma que eu fiz recentemente.

- Passou o café com o pó usado novamente, só para economizar?

- Não, não. Parei com essa fase de mesquinharia. A única coisa que reutilizo, hoje em dia, é camisinha.

- Por favor, não desenvolva.

- Não vou. Vou te contar a bobagem que fiz. 

- Qual?

- Fiz um churrasco em casa outro dia e passei o tempo todo descalço. No fim do dia, meus pés estavam pretos. Fiquei com preguiça de lavar e fui dormir assim. Mas tive o cuidado de ficar com eles para fora da cama.

- Sei. 

- Daí, no dia seguinte, acordei e a casa estava imunda. Você conhece bem a horda que frequenta meus churrascos, não?

- Sim. 

- Pois então, tinha coisa para todo lado. O chão estava grudando por conta de cerveja, caipinha e mel derramados. Não tinha um prato limpo, a churrasqueira ainda estava acessa e, estranhamente, assava um pedaço de madeira. Tinha até um ou dois mendigos dormindo na sala.

- Correto.

- Bom, daí não tive coragem de pisar no chão e recorri ao meu chinelo. Fiquei o dia todo com o chinelo em contato com o solado do meu pé, que estava imundo.

- E?

- Bom, daí depois lavei o pé e tals. Mas parte da sujeira do meu pé impregnou no chinelo. Resultado: toda vez que eu usava o chinelo depois disso, meu pé ficava sujo. Demorei para perceber que o problema era o chinelo. Quando percebi, tive que inutilizá-lo.

- Bom, pelo menos era um chinelo, que é baratinho. Pior se fosse uma pantufa ou uma galocha.

- Galocha é cara?

- Não sei. Por quê?

- Tava pensando em comprar uma. 

- Se eu perguntar "por que", você vai fazer algum piada com "chato de galochas"?

- Vou.

- Então não vou perguntar. 

- Seu chato.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Toque de Espalhar, a Lei da Vida

- Você é a favor do toque de recolher?

- Que toque de recolher?

- Não tá sabendo? Em umas cidades do interior de SP, e até em Ribeirão Pires, o governo está querendo estipular um horário para que menores voltem para casa.

- Que horas? 3 da tarde?

- Parece que a partir das 23 horas, todo mundo com menos de 18 anos têm de estar em casa.

- E com os mendigos da cidade, como faz?

- Você já viu algum mendigo com menos de 18 anos?

- Eu acho que mendigo não tem comprovante de idade, como RG. Então, não sei se já vi mendigo com menos de 18 anos.

- É assim que funciona: se caboclo tiver mais de 18 anos, é mendigo. Se tiver menos, é menor de rua.

- Então, te pergunto: o que as prefeituras dessas cidades que adotarem o toque de recolher vão fazer com os menores de rua, que estejam na rua, após as 23 horas?

- Então, te respondo chutando: acho que, nesse caso, não tem problema. Porque, como diz o nome, menor de rua é da rua. É diferente de menor de casa.

- Então se a polícia chegar em um menor de casa e o menor de casa alegar que, na verdade, é menor de rua, ele se livra de ter que ir para casa?

- Ah, aí a polícia pode pedir comprovante de residência.

- Que seria?

- O menor de casa tem que mostrar conta de água ou luz. O menor de rua, um cachimbo de crack.

- Ai, ai.

- Daí seria comum vermos menores de casa tentando falsificar um cachimbo de crack, com algum pote de Yakult. Mas dentro dele, a polícia perceberia que trata-se de leite ninho com pêra e, pronto, mandaria o jovem para casa.

- Ou para a cadeia, por falso porte de entorpecentes.

- Pode ser. Mas e se essa lei não for tão permissiva assim e os menores de rua forem obrigados a ir para casa?

- Que casa?

- Qualquer casa, desde que não fiquem na rua. Isso quer dizer que eles seriam incentivados pelo governo a invadir residências alheias, sob pena de serem presos. E, invadindo as casas alheias, estariam cometendo outro crime e poderiam ser presos também. Que situação difícil, não? Se ficar, o bicho pega. Se correr, o bicho come.

- Pois é, eu é que não queria ser menor de rua em Ribeirão Pires.

 

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mais Gripe Suína, Menos Amor

- Essa gripe suína é uma vergonha! Fosse eu presidente do México, demitiria o Ministro da Saúde.

- "Fosse eu"? Ui, ui, ui, francesinha!

- De ser culto, culpa tenho eu? 

- Tá, tá, Mestre Yoda. Bom, mas se fosse você presidente do México, colocaria quem no lugar?

- Sei lá, talvez o Dr. Chapatin. Aposto que ele resolveria a parada. Ou "teria coisas" tentando.

-Se você fosse o presidente do México, podia também colocar o Professor Girafáles como Ministro da Educação e o Chaves como Ministro da Habitação. 

- Não se esqueça do S. Madruga como Ministro do Trabalho. 

- Bom, de qualquer forma, duvido muito que a coisa fosse piorar por lá. Para pior mesmo, só se colocassem o Chapolin como Ministro da Defesa.

- Lembra da promoção "Vá a Disneylândia com o Polegar Vermelho"?

- Lembro.

- Será que o Chapolin atravessava a fronteira do México com os EUA com os ganhadores da promoção correndo? Ou com todo mundo escondido no fundo falso de uma Kombi?

- Você acha que o Chapolin era uma espécie de 'coiote'?

- Acho que não. Só estava supondo. Ele é tão burro que seria capaz de, na tentativa de levar o pessoal para a Disneylandia, acabar na Bolívia. E, mais tarde, todo mundo viraria escravo boliviano no Brás, aqui em São Paulo.

-Pois é. Provavelmente, contrataram o Chapolin para dar um jeito em um porco que tava espirrando no quintal em algum subúrbio da Cidade do México. Meia hora depois, olha aí o que aconteceu: a gripe suína. 

- Por isso que eu digo, cada um na sua. Se tivessem chamado o Dr. Chapatin, o problema estaria sanado. Enquanto isso, o Chapolin deveria estar na cadeira do Ministro da Defesa.

- Ou no chão. Sempre que ele tenta sentar, cai no chão. Impressionante!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Denner e Marcos, Uma História de Amor

- Acabei de ver na TV uma pesquisa que indica que quem tem amigos vive mais.

- Isso porque quem fez essa pesquisa não conhece os nossos amigos. Essas más companhias que nos fazem beber, fumar, dormir tarde e realizar demais atividades recriminadas pela Bíblia e ilegais em mais de 45 estados norte-americanos.

- É fato. Com amigos como os nossos, duvido que eu, você ou qualquer um deles passe dos 35.

- O Denner passou.

- Mas a que preço!

- É verdade. Todo decrépito e curvo. Ele parece um pouco uma cadeira de balanço, não?

- Sim. Mas sem a mesma mobilidade ou vontade de viver.

- 35 com corpinho de Munn-. Eu me orgulharia.

- Eu não. Mas acho que ele se orgulha.

- De parecer o Munn-?

- Não, da forma física dele. Pelo menos, o Denner é um cara bonzinho, bacana, essas coisas.

- Não tanto como o Marcos, o goleiro do Palmeiras.

- Verdade. O caboclo tirou a gente de duas Libertadores nos pênaltis e, mesmo assim, sempre que ele está em campo torço por ele.

- Dá para dizer que ele é o cara mais bacana do futebol mundial?

- Bom, tem o Róger também, do Ultraje a Rigor.

- Mas esse não seria o cara mais bacana da música?

- Pode ser do futebol, se a gente considerar o Rock & Gol, da MTV.

- Caetano Veloso diria "Emetevê". É bonito, .

- Não acho. Mas se vale citar o Rock & Gol, considero o Toni Garrido o maior mala do futebol mundial. E, de quebra, da música mundial também.

- Não, não. O Toni Garrido é o maior mala do futebol mundial. Da música, é o Ed Motta mesmo.

- Que é o gordo mais chato do mundo também.

- Não, não. Nesse quesito entra o Soares.

- Acho que o entra no quesito mais chato do mundo, em qualquer categoria.

- Empata com o Arnaldo Jabor, em qualquer categoria.

- Na de gordo mais chato, ele ganha do Jabor. Na de chato com o cabelo mais parecido com o Larry, dos Três Patetas, o Jabor leva. Em todas as outras categorias, empatam.

- Sei não, na categoria de chato que entala na catraca do ônibus, o ganha. Ele é muito gordo, não passa.

- O Jabor também empaca. A língua não deixa passar.

- Mas o ego do ajuda a entalar. Ele fica entalado duplamente. Leva no desempate por gols fora de casa.

- Falando em gols fora de casa, sou contra essa regra de desempate do futebol. Se ambos os time já tem a vantagem de jogar em casa, não vejo lógica de usar gol fora como critério de desempate. Se um time conseguiu fazer dois gols fora de casa, onde também tomou dois, mas não fez nenhum em casa e não tomou do adversário, tudo deveria dar na mesma.

- Eu prefiro esse critério a decisão por penaltis.

- Eu gosto dos penaltis. Desde que meu time não esteja envolvido. Mata-mata que terminasse empatado, por mim, iria sempre para os pênaltis. Exceção feita aos jogos do Coringão, que nesse caso já se classificaria para a próxima fase e não me faria sofrer tanto.

- Sofreríamos ainda mais se, em todas as decisões, o Marcos estivesse no gol.

- Em quase todas que valiam algo, vide 1999 e 2000, ele estava. E deu uma zebra danada para a gente. Catou muito. E muito mais nos pênaltis.

- É fato. Odeio o Marcos.

- Eu também.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gripe Suína e Febre do Rato

- Hoje, eu fui em uma banca de jornal comprar papel de Zona Azul e a vendedora estava com uma daquelas máscaras contra gripe suína.

- Isso foi onde? Em Acapulco?

- Não, não. Foi em uma banca da Faria Lima mesmo. Quase esquina com a Rebouças. Muito estranho.

- Sabe o que eu estava pensando? Que se essa moda de máscara contra gripe do porco pegar, os surdos que aprenderam a ler lábios vão ter a sensação de que ficaram surdos pela segunda vez. Deve ser um trauma e tanto.

- Eu pensava que, ao contrário do seu pensamento negativista, talvez isso seja uma boa. Como a maior parte da população mundial é feia, se começar a usar máscaras, o mundo ficará mais belo. Ou, na pior das hipóteses, menos feio.

- Outra vantagem dessa máscara é que ela protege contra o mau hálito. Tanto isola o odor da boca dos outros como seu nariz do cheiro. E, caso você acorde e esqueça de escovar os dentes, basta apelar para a máscara.

- Estou te falando, rapaz... Só há vantagens nessa história de histeria, pânico, choro e ranger de dentes causados pelos porcos mexicanos.

- A longo prazo, a maior parte da população mundial não só se esqueceria, como simplesmente não escovaria mais os dentes. Todo mundo ficaria banguela, além de ter mau hálito. Mas isso não teria problema porque todo mundo usaria a máscara. E sob a máscara, vale tudo: falta de dente, gengivite, bigode mal feito, queixo mal formado.

- Minha tia Idalina, que tem um bigode e tanto, talvez se sentisse prejudicada. Além dela, quem iria se queixar seriam os surdos, não?

- Sim. Mas nas maiores revoluções da humanidade, sempre há uma classe que sai perdendo. Poucos se dão mal em pról da benésse de muitos. É algo justo.

- Quem saiu perdendo na revolução industrial? 

- Primeiramente, os trabalhadores agricolas e braçais da Inglaterra. Depois, muitos outros trabalhadores.

- E quem saiu perdendo na revolução feminista?

- O Jece Valadão.

- Ah. Bom, pelo visto, dessa vez os surdos vão dançar direitinho. 

- Direitinho, direitinho, eu não diria. Mas vão dançar. Isso, é claro, se essa epidemia ganhar o mundo.

- Li hoje de manhã que ela chegou à China. E se ela já estava lá há 12 horas, agora já há pelo menos um trilhão de pessoas com a gripe. Claro que o governo chinês pode resolver tudo do modo chinês, que é matando todo mundo ou arrancando o aparelho respiratório completo dos cidadãos com suspeita de gripe. Mas se ainda não fez isso, talvez seja tarde demais.

- E quando você diz suspeita de gripe, quer dizer qualquer gripe vagabunda, e não exatamente a suína, né? Porque se tem uma coisa que o governo chinês manja é de exterminar vírus, não importando de que tipo ou quantas pessoas estejam com eles. Cortam o mal pela raiz.

- Na dúvida, espirrou vai pro paredão.

- E se começam a aparecer muitos casos, sempre dá para usar a Muralha da China como paredão.

- Torçamos então para que os chineses durmam no ponto e vacilem por mais algumas horas. Daí, o mundo tá salvo da feiúra e do mau hálito. Para sempre.

- Quem diria que o futuro da humanidade estaria nas mãos dos mexicanos e dos chineses, hein?

- Eu diria. Já imaginava isso. Mas nunca tive coragem de dizer para ninguém, por acreditar que poderiam me taxar de maluco.

- Sério isso?

- Sério. Em fevereiro deste ano, sonhei com um enorme Bezerro de Ouro, com um sombrero e de olhos puxados, espirrando. Interpretei que era um indício da gripe suína e de como ela tornaria a humanidade mais bonita.

- Você não deveria ter sonhado com um porco espirrando para chegar à essa conclusão?

- Você já ouviu falar em gripe do Bezerro de Ouro?

- Não.

- Nem eu. Por isso, por associação, conclui que era um sinal de uma gripe do porco.

- Mas em fevereiro ainda não havia gripe suína.

- Ah, não amola. E vou encerrar por aqui porque esse post já tá grande demais.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lei Antifumo e Tudo Mais

- O que diabos o Serra tem na cabeça, hein?

- Calvície?

- Além disso. Estou falando dessa lei de probir as pessoas de fumarem em bares.

- Como você é corporativista, linkou uma reportagem do seu primo aí em cima.

- Nem tinha visto.

- Sei, sei. Bom, de qualquer forma, não é só em bares, é em todo lugar. Menos em templos religiosos e mais uns dois ou três lugares, que me fogem à mente agora.

- Daqui a pouco, vão querer proibir que a gente fume enquanto baixa filmes e músicas pela internet.

- Isso já é probido.

- Fumar baixando música?

- Não, baixá-las. Acho que não importa o que você esteja fazendo enquanto isso, é crime do mesmo jeito.

- Mas e se eu estiver baixando músicas ou filmes não protegidos por direitos autorais?

- Bom, se você estiver fazendo isso em uma lan house e fumando, estará descumprindo a lei antifumo do mesmo jeito. 

- Que tempo são esses em que não se pode mais nem fumar ou baixar músicas ou filmes em paz? Estamos chegando ao fim do mundo mesmo. Já já, começa a chover Kombi em Osasco e, aí sim, começa o apocalipse.

- Pois é. E se o mundo não acabar rápido, em breve, fumar em público vai dar pena de morte. 

- Duvido muito que o Brasil aprove a pena de morte.

- Nem precisa. Basta pegar neguinho fumando na rua e mandar pro Texas. Lá a galera faz o serviço sujo. E com o maior prazer.

- Eles nem perguntam o motivo da pena. Vêem que tratam-se de latinos e já vão afiando a cadeira elétrica. Dando um lustro na forca e tals.

- Tenho certeza absoluta de que se existisse pena de morte no Brasil, os métodos seriam os menos brutais da história. O povo é muito cordato. Não teria nada de enforcamento, nem de cadeira elétrica, ou de injeção letal.

- E como seria?

- Sei lá. Obrigariam o cidadão a comer manga com leite e esperariam ele morrer. 

- Que delícia. Isso seria uma refeição completa. O problema é que se o caboclo não morresse após ingerir a manga com leite, ia ter uma vontade doida de fumar. E aí, como ficaria?

- Eu tenho quase certeza de que nessa lei nova do Serra está liberado fumar em presídios. Sendo assim, não haveria problemas. 

- Mesmo porque não dá para proibir cigarro em presídios. Se isso acontecer, além de tudo, matam a moeda corrente do xilindró. A economia carcerária vai à bancarrota. E aí, como faz?

- Sei lá. Pede-se ajuda para o governo, como a GM e um monte de outras empresas fizeram nos Estados Unidos. Uns trocados para a não falência da Cela 14, do Pavilhão 9. Aposto que o Lula não ia negar. Mas, como te disse, não vão proibir o fumo em presídios. Não tem como.

- Já já vai ter gente cometendo crime para fumar em paz. Deu vontade de puxar um fumo? Tenta roubar um toca-fitas em um carro com alarme e espera chegar a polícia. Pronto, resolvido o problema.

- Do jeito que a polícia demora a chegar no Brasil, nego vai morrer de vontade de fumar até ser preso.

-Dá até para acender uns cigarros, enquanto espera. 

- Em público? Você tá doido? Imagina como a pessoa ia ficar mal falada na sociedade. Ia ser chamado de fumante, essas coisas.

- É mesmo. Melhor esperar a polícia quietinho. Com uma meia-calça na cabeça e o toca-fitas embaixo do braço. 

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Susan Boyle Canta Mal

- Jesus teve irmãos, correto?

- Ih, lá vem você com assunto polêmico.

- Não é polêmico. É só uma dúvida que me ocorreu.

- Certo. Bom, pelo que eu saiba, ele teve irmãos, sim. Uns 4 homens e mais umas minas.

- Caramba! Dava para formar um time de futebol de salão completo e teria até cheerleaders, dependendo do número de irmãs. Com Jesus no gol, ele ia salvar todas as bolas. O time ia ser imbatível.

- Quantas pessoas formam um time de pólo aquático?

- Por que?

- Ah, porque se forem cinco pessoas, a família de Jesus poderia formar um time de pólo aquático. Quem ia ganhar de um time com um jogador que anda sobre as águas?

- Realmente. 

- Mas você perguntou sobre os irmãos de Jesus só para ficar formulando hipóteses sobre os esportes que ele e sua família praticariam?

- Não, não. Eu queria saber sobre o lance da Virgem Maria.

- Como assim?

- Ela foi virgem a vida toda? Se sim, os irmãos também são fruto de uma relação extra-carnal com alguma entidade além terrena? Ou será que eles foram feitos por José e ela deixou de ser virgem?

- Sei lá. Mas, de qualquer forma, o pai era José. Todo mundo sabe que pai é quem cria.

- Concordo. Mas se ela deixou de ser virgem, não deveriam mais chamá-la de Virgem Maria. Acho que só Maria basta. Mas se ela foi virgem a vida toda, então os outros filhos foram concebidos por algum espectro do além e, por isso, deveriam, em tese, ter os mesmos poderes que Jesus.

- Se eles tinham superpoderes, daí, sim, o time de salão ficaria imbatível. 

- Pois é. Será que ela foi virgem a vida toda, tipo a Susan Boyle

- Não sei. Por que será que ninguém chama a Susan Boyle de Virgem Susan Boyle?

- Ah, não acho que seja determinante. Aliás, eu nem sei porque todo mundo se assusta com ela cantando. É como se uma velhinha feia, meio desmaiada e mal-ajambrada, não pudesse cantar bem. 

- Eu não acho que ela canta bem. Prefiro a Kelly Key.

- Como cantora ou como mulher?

- Como cantora. Como mulher, prefiro a Susan Boyle.

- Sério?

- Serio. Adoro mulheres inexperientes na cama. 

- Virgem Maria!

- Não blasfema, pô.

- Não tô blasfemando, foi só uma interjeição de espanto. Não estou sugerindo nada. É que me assustei com o fato de você preferir a Susan à Kelly Key. Só isso.

- Ufa. Porque, aí sim, a gente ia entrar em um assunto polêmico.

- É, mas não é bom metermos a mãe de ninguém no meio. Isso sempre dá confusão.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Movimento de Translação

- Qual é a coisa que você mais se envergonha na vida?

- Sou fã do Phil Collins em carreira solo. 

- Éca! 

- E você?

- Não é algo que eu propriamente me envergonhe, mas não costumo falar por aí para não sofrer represálias.

- O que é? Não gosta de chocolate ou de sorvete?

- Chocolate, no caso, eu acho que tem gosto de cera de ouvido, mas não acho ruim, não. O que eu não costumo contar por aí é que não gostei de "100 anos de Solidão".

- Nunca li inteiro. Comecei 3 vezes e parei, as 3 vezes, na parte que alguém da família morre. Mas até lá, estava achando bem bom.

- E por que parou?

- Deu sono. Só de pensar no nome Buendía, já me dá vontade de bocejar. Mas eu acho que é o melhor livro que eu li até a metade.

- Não perdeu nada em não ler inteiro. É bem chato. Melhor ler um Almanacão de Férias do Chico Bento do que ler aquilo.

- Mas comparar qualquer coisa com uma revista do Chico Bento é sacanagem. 

- É o que costumo dizer quando me perguntam as três coisas que eu levaria para uma ilha deserta. Seria um gibi do Chico Bento, um CD de greatest hits do Phil Collins e um toca-CD, para ouvir o CD.

- Ué, você não iria levar pilhas ou uma tomada?

- Já que posso escolher, gostaria de levar um toca-CD movido a energia solar.

- Problema mesmo seria se você fosse para uma ilha deserta no Pólo Sul, quando é sempre noite. Daí não teria como fazer o toca CD tocar o Phil Collins.

- Ah, mas se a ilha deserta for no Pólo Sul, eu levaria outra coisa, que não o toca-CD. Levaria o Almanacão do Chico Bento, o CD do Phil Collins e uma lanterna.

- Com a lanterna, eu leria o Almanacão na escuridão que é o Pólo Sul.

- E para que serviria o CD do Phil Collins?

- Para eu ler as letras no encarte e cantá-las antes de dormir.

- Você cantando Phil Collins?

- É.

- Ainda bem que estamos falando de uma ilha deserta no Pólo Sul.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vicente Mais ou Menos de Souza

- Esse negócio de nome é uma coisa bizarra. Uma amiga minha estava contando uns nomes na família dela. A mãe chama Neura. O tio, Neuraldo. Parece que tem um Nautilus casado com uma prima Apologéria. E uma criança, de oito anos, chamada Antônio Nelson.

- Sérgio Vinícius, Sheila Marina, Kátia Cristina, Yvana Patrícia e Wilson Tadeu são bem... bem...

- Bem subúrbio?

- Ia falar "exóticos", mas acho que subúrbio se encaixa melhor. Ainda mais se consideramos que são todos irmãos. No caso, seus irmãos. Menos o Sérgio Vinícius, claro.

- Pois é, por isso que estou de cadeira para falar do assunto. Além do que, minha mãe pensou em Xang, Sergay e em Cabralino Sersônio antes de chegar ao Sérgio Vinícius.

- Escapou de uns nomes bons, hein?

- Fato. E pensando a respeito, conclui que só teria um jeito de resolver esse problema de incompatibilidade de nomes. 

- Dar nome de santos para as pessoas? Ou todos os homens se chamarem Antônio, José ou Joaquim e as mulheres, Maria?

- Não, não. Essa idéia já tiveram em Portugal.

- Então todos os homens chamarem Richard e as mulheres Karen?

- Não, não. Essa idéia já tiveram nos Carpenters. 

- Homens, Toby e Mike? Mulheres, Simony? Bichos estranhos, Fofão? Papagaios, Polly e cachorros, Totó?

- Gracinha.

- Mamãe também acha. 

- Nhé.

- Falando em mãe, já reparou que quase todas as mulheres com mais de 50 anos chamam Maria, enquanto não há Danielas ou Camilas com mais de 50? Isso me faz pensar que existe algum órgão secreto que obriga mulheres chamadas Daniela ou Camila a mudarem de nomes quando chegam aos 50 e, se elas não decidem rápido, já metem um "Maria" na identidade, para agilizar o processo. 

- Já tinha pensando nisso, sim. Foi quando percebi que também não há muitos Ricarlos com mais de 50, assim como não há nenhum Rogélho com menos dessa idade. 

- Acho que, com esses nomes, não conheço gente de idade nenhuma.

- Seu círculo de amigos é muito pequeno. Mas, afinal, você quer ou não ouvir minha idéia para que as crianças não sofram mais com a falta de noção dos pais no momento de batizá-las?

- Se eu não quiser ouvir, você vai falar do mesmo jeito, não vai?

- Vou.

- Então eu quero ouvir, só para não ter o dissabor de ser contrariado.

- Pensei no seguinte: as crianças não poderiam ser batizadas até terem idade para falar. Quando conseguissem falar, elas mesmas poderiam escolher seus nomes.

- O que iria ter de "Aaaaaaa", "Eeeeeeee" e "Ooooooooo" por aí seria uma grandeza.

- Tem razão. Não tinha pensando nisso. Então as crianças seriam batizadas quando aprendessem a falar e tivessem consciência do que estavam escolhendo como nome.

- O que ia ter de criança com nome de coisa que gosta também não estaria no gibi. O Brasil iria ter centenas de "Sorvete da Silva", "Pônei de Souza", "Playmobil de Oliveira" ou "Papai Noel da Páscoa dos Santos".

- Tem razão de novo. Pensando bem, o ideal é que os pais escolham mesmo. Além do que, sempre é bom poder culpar alguém. Se você mesmo escolher o nome e se arrepender, quem irá culpar?

- Sem contar que o pai vai dar comida, dar banho, por na escola, enfim, criar a peste e não vai receber nada em troca. O mínimo que ele pode reinvindicar é dar o nome que bem entender ao filho.

- É. Mas o pai do "Um Dois Três de Oliveira Quatro" exagerou, né?

- Nem tanto. Ele poderia facilmente chegar até o Dez ou Doze. Até que foi comedido.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Terror Japonês e Cinema Mudo

- Passei o final de semana assistindo a uma maratona de filmes de terror japonês. Assisti a O Chamado 0, O Chamado, e O Chamado II

- Eu desisti de filme japonês. De terror então, faz tempo.

- Pusquê?

- Bom, todos os filmes de terror japonês têm umas crianças que jogam o cabelo na cara e saem de algum círculo do inferno para tocar o terror na vida adultos.  O Chamado é assim. O Grito também. E tem mais uma cacetada de filme assim.

- E você não tem medo dessas crianças? Eu morro de medo da Samara.

- Medo? Pfffff. Ela só é daquele jeito porque o Japão é um país de frouxos. Se fosse no Brasil, metiam ela na Febem...

- Fundação Casa, por favor.

- Uma vez Febem, sempre Febem. Como eu dizia, metiam a Samara da Febem e quando ela saísse de lá, ela estaria completamente transformada.

- Viraria uma lady prendada, sabendo cozinhar, passar, lavar, essas coisas?

- Em que mundo você vive? Ela iria sair de lá para cometer delitos maiores do que aterrorizar japoneses que atendem o telefone e vêem TV sete dias depois. Ela ia fazer bancos, joalherias, essas coisas. E nada de cabelo na cara, ia usar uma camiseta para tapar a face.  

- Hummm. Sei. Mais alguma reclamação contra o cinema japonês?

- Mais uma, de leve. 

- E qual seria?

- Desisti do cinema japonês em particular, e do oriental como um todo, porque tenho uma mega dificuldade em diferenciar os personagens. A não ser que um personagem seja bem gordo, outro bem magro, um bem alto, outro bem baixo, e assim por diante, eu não consigo saber bem quem é quem nunca.

- Você é meio burro, ?

- Eu? Sei lá se sou. Mas cansei de torcer para bandido achando que era mocinho. Chorei morte de personagem que ficou vivo o filme todo. É decepção atrás de decepção.

- Pelo menos você diferencia os homens das mulheres?

- Nem sempre. O cabelo, os olhos e a voz fina são iguais e isso já me embaralha a cabeça. Eu tenho uma idéia para resolver esse problema, mas não sei para quem mandar o e-mail pedindo providências.

- Tentou o Comunicar Erros?

- Ainda não tentei, mas já pensei em mandar um e-mail para eles. De qualquer forma, eu acho que os personagens, não importa o filme, deveriam usar motivos diversos para se diferenciarem entre si e facilitarem a compreensão dos telespectadores. Um japonês com um chapéu de palha em todas as cenas, outro japonês sempre carregando um ganso, outro japonês com um cachecol azul, e assim por diante.

- Isso os diferenciaria, sem dúvida. Mas perderia um tanto o sentido em vários filmes não? Imagina um filme tipo "Férias no Havaí" japonês e um personagem sempre de cachecol. Ia ser estranho.

- Mais estranho do que os quatro amigos que saem de férias no Havaí se interessarem por quatro mulheres que são idênticas a eles?

- Mas, meu Deus!, nem mulher de homem você diferencia?

- Já disse que não. Mas também tenho uma idéia para resolver isso.

- Todo mundo pelado em cena?

-Pelado, não. Sem calça. E todas as cenas deveriam ser filmadas de modo a mostrar as partes íntimas dos personagens, para o telespectador não confundir. Nada de closes ou coisa do tipo. Seriam sempre filmadas pessoas em plano inteiro. Ou até o joelho, pelo menos.

-Isso não faz o menor sentido. 

- Bom, talvez o problema seja eu mesmo. Uma vez, fiquei horas olhando um show e achando a vocalista da banda uma gata. No intervalo, descobri que a banda era o Suede e a vocalista gata era o Brett Anderson

- Mas o Brett Anderson parece uma mina mesmo. Uma mina feia, mas uma mina. 

- Mina feia? Depois que descobri que era homem, fiquei na dúvida entre procurar um psicólogo ou aceitar que eu comecei a achar homem bonito. Foi mais barato decidir que eu achava homem bonito. E, no caso, o Brett Anderson era um deles.

- E há outros que você acha bonito?

- Fora ele, só a Roberta Close e a Miss Universo 2007.

- Eu acho que a Roberta Close é mulher. E, ao que me consta, a Miss Universo 2007 também. Por coincidência, uma mulher japonesa.

- Falei procê que sempre tive dificuldade em diferenciar essas coisas.