sexta-feira, 25 de junho de 2010

Caso Bruno, A Liga, Cinema em 3D, Essas Coisas

- Se o cidadão é adulto e se apaixona por uma mina de oito anos, mas que tem idade mental de uma pessoa de 30, é considerado pedófilo?

- Eu considero. 

- Não você. Eu quero saber o que a sociedade pensa disso.

- Bom, daí você tem que perguntar para a sociedade. Mas vamos fazer um exercício contrário. Se o cidadão é adulto, mas tem idade mental de oito anos e se apaixona por uma garota que tem oito anos e mentalidade de oito. Ele é pedófilo? É. Logo, o contrário também o qualifica desta forma.

- Eu não sei não. Eis um assunto delicado. 

- Por falar em assunto delicado, e o caso Bruno, hein?

- Só te digo uma coisa: a sorte dele é que quem está investigando a parada é a polícia mineira. Aí, como são incompetentes que só, podem levar anos para encontrar o culpado. Ou podem ainda se distrair com alguma borboleta no meio do sítio do goleiro e esquecerem o que estão fazendo.

- Ou prender o goleiro do Vasco ou o Júlio Cesar, por engano. 

- Se o caso estivesse nas mãos da polícia de Pernambuco, aí sim o Bruno tava na roça. Nunca vi tanta truculência em uma polícia. Antes mesmo de ser indiciado, já tinham tacado spray de pimenta nos olhos dele. 

- Ah, primeiro iam espancar. Depois, esquertejar. Depois, juntar os pedaços do Bruno, jogar pimenta nos olhos dele e, aí sim, interrogar. Ele é bem sortudo mesmo.

- Falando em futebol, já viu um programa da Band chamado "A Liga"?

- Vi outro dia um trecho. Estavam passando a vida dos travestis ou coisa assim.

- Isso que ia comentar. O programa é um intensivão sobre travestismo. Já assistei três vezes e, em todas elas, eles debatem o assunto.

- Isso é ranço da Band e, talvez, uma herança do Comando da Madrugada, com o Goulart de Andrade. O que ele gostava de enfiar travesti no programa não era pouco.

- Verdade. Em um mês, eram quatro programas. Uma semana, ele retratava a vida dos travestis. Em outra, o dia-a-dia dos naturistas. Na outra, dava uma matéria sobre transplante de coração. Na última semana, juntava tudo isso aí e ainda mostrava um enxerto de silicone industrial no peito de um travesti naturista com problemas no coração. Era uma beleza.

- Outro que gostava muito de travesti era o Silvio Santos no Show de Calouros. A diferença é que ele chamava travesti de transformista. E realmente parecia acreditar que eles eram, na verdade, mulheres se passando por homens que se fantasiavam de mulheres.

- Por isso que eu sempre defendi que o SBT é o melhor canal do Brasil. Muito melhor do que a Band, que é uma espécie de Gazeta metida a besta.

- Como assim?

- Ah, a Gazeta conhece as próprias limitações. Ela se contenta com a Kátia Fonseca e com o Chico Lang. Já a Band, procura a Adriane Galisteu e o Vampeta. É tudo a mesma coisa, mas a Band acha que tem grife.

- Falando em grife, como foi o negócio do 3D no cinema?

- A transmissão do jogo do Brasil, em 3D, no Cinemark?

- É. Você não foi lá ver?

- Vi.

- E aí?

- Bom, ao começar a transmissão do jogo, me senti tonto. Fiquei na dúvida se era ressaca da noite anterior ou se, realmente, o diabo dos óculos e do efeito em três dimensões causava o enjoo. Ainda na dúvida sobre o assunto, fui surpreendido por uns respingos no meu pé direito. Pensei que o 3D estava em um estágio de avanço tal que permitia voar suor dos jogadores pela tela. Daí vi que obviamente não chegamos neste estágio de desenvolvimento. Na verdade, foi a senhora com labirintite ao meu lado que não aguentou o mal estar causado pela transmissão daquele jogo modorrento e botou os bofes para fora, bem ao meu lado. Já comentei que eu achava os óculos 3D bem mais bonitos quando uma lente era azul e outra vermelha?

- Não.

- Pois é, eu acho. Acho que o 3D retrocedeu muito desde que eu era criança. Agora os óculos são escuros. Antes, era o mesmo efeito ruim, mas você, pelo menos, ficava mais bonito, mais na moda, mais tchans. De volta à vaca fria, à senhora passou meio mal e tals, mas resolvemos isso rapidamente. 

- Como?

- Bom, ela vomitou e desmaiou. Meu fotógrafo samoano, que estava para cima e para baixo fazendo fotos do pessoal dentro do cinema, tirou o pulso dela e me informou que ela estava viva. Mas desmaiada. Aí achei que já que o vômito era dela, seria bom usar a roupa da velhinha para limpar meu tênis e minha calça. Feito isso, resolvi mudar de lugar. 

- Falando em limpeza, eu estava pensando em abrir uma loja especializada em limpeza. Iria vender coisa para lavar e limpar de tudo.

- Como assim? 

- Ia vender sabão, candida, detergente, sabonente, bucha, pano, pasta de dente, escova de dente, etc. Ia ser um repositório de itens para lavar a casa, as roupas e o próprio corpo. Ia ser um shopping da limpeza. O que você acha?

- Bom, para ser completa a coisa, você ia ter que vender umas ervas e sal grosso, para lavar a alma. E também uns laxantes, para limpar o intestino. Tem que pensar em tudo.

- Boa. Posso ainda expandir os negócios e lavar dinheiro para o crime organizado. Mas isso é só no futuro. Mas, me diga, você levantou e deixou a véia desmaiada lá?

- Eu aprendi nas minhas aulas de medicina que desmaio é quase o mesmo que dormir. E que também é quase o mesmo que entrar em coma. A diferença é que os sonhos do desmaio são bem ruins. Os da dormida são mais ou menos. Os do coma é uma luz vindo na sua direção ou você indo na dela. O resto, é tudo igual, sem tirar nem por.

- Logo, repito a pergunta: deixou a véia desmaiada lá?

- Deixei. Mas incumbi meu fotógrafo samoano de tirar o pulso dela de tempos em tempos. Coisa que, olhando de longe, do meu novo lugar, percebi que ele não fez sequer uma vez em 90 minutos. 

- Você não voltou lá para, ao menos, checar se estava tudo bem?

- Bom, eu havia incumbido o fotógrafo, certo? Achei que era problema dele, a partir do momento em que eu passei o abacaxi para a mão dele. 

- Tem lógica nisso. Mas e o jogo em 3D, como foi?

- Ah. Achei que a imagem fica um pouco tremida quando tiramos os óculos. E eu passei uns 80 minutos sem eles.

- Como assim? 

- Os óculos me davam tontura e eu estava com medo de vomitar em alguém e desmaiar na sequência, tal qual a véia.

- Medo? Desmaiar não é o mesmo que dormir, que o coma e etc? Tava com medinho, é?

- A bem da verdade, a bem da verdade, não estava com medo de desmaiar. Mas de colocarem meu fotógrafo samoano para tomar conta de mim. Nunca vi um cidadão tão relapso com enfermos. Mas ele bate fotos que é uma beleza.

- Que bom.

- Também acho.

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Colaboração involuntária, @terciors

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Depois da Mosquistossomose e da Rabose...


- Cara, criei o nome de uma doença, mas ainda não sei bem o que ela causa.

- Qual seria? 

- Tenho medo de ir muito para o óbvio. Chama “adolfobia”.

- Acho que isso aí tem a ver com ter medo de ter a coragem de ter medo de alguma coisa. Mas nao sei exatamente que coisa. 

- Caralha! Parece bem complexo.

- É muito. Tanto que dá até para escrever com “ph”. 

- A cura é complicada também, né?

- A cura é foda. Acho que só cura colocando vinagre na cabeça e cobrindo com pano depois.  

- Tipo piolho, imagino.

- Isso. Mas tem que deixar por 364 dias.

- Rapaz... Aparentemente, então, a Dona Florinda tinha isso.

- Tinha. O Milton Nascimento também.

- O foda dessa doença é que às vezes ela dá um sintoma inverso. A pessoa fica com coragem de ter medo de alguma coisa que ela tem coragem.

- Exatamente. Por exemplo, subir em um banquinho... 

- Adolphobia é foda.

- Ainda sobre o exemplo do banquinho. A pessoa tem coragem de subir. Mas, aí, medra. E fica com a coragem desse medo.

- Já senti isso com banquinhos.

- Acho que esse é o caso clássico da doença. 

- Vi um banquinho e tremi que só.

- Eu também. Mas aí parei de tremer. Quando vi, tava enchendo uma bexiga. Parei na metade, com medo. 

- É muito comum esse mal em pessoas decisivas, mas que ficam indecisas pra decidir o que já sabem estar meio que decidido.

- Sim, sim. E tem também o clássico medo de ter coragem de ter medo de tirar par ou impar.

- Quando ela se decide em tirar par ou ímpar, acaba colocando na hora agá um sinal de joken pô. Mas depois jura que é zero. 

- Ou pior: se encorajam quando pensam que podem ganhar com par. E quando vai jogar ímpar, desvia a mão, coloca no bolso e lança uma moeda para o cara ou coroa.

- Uma ou cinco moedas.

- Isso é adolphobia aguda.

- Se não me engano, a doença que nasceu na Alemanha nazista.

- Sim. Um soldado alemão com a doença oito dias para decidir se levava um cidadão para o campo de concentração mais próximo. Na dúvida, depois de oito dias, só conseguiu colocar uma toca com álcool na cabeça. Foi fuzialdo sob pena de viadagem.

- Se fosse vinagre, teria se curado e sido levado o preso 

- Pena que, na época, a ciência ainda não havia descoberto a cura por vinagre.

- Inclusive, esse soldado hoje é colocado como um precursor da cura. Tem busto dele pelo mundo inteiro 

- Exatamente. A coisa evoluiu do álcool do vinho que vira vinagre. Como a medicina é engraçada, né?

- Muito.

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Diálogo real, travado com Dr. @rogeriovaquero