quinta-feira, 10 de junho de 2010

Depois da Mosquistossomose e da Rabose...


- Cara, criei o nome de uma doença, mas ainda não sei bem o que ela causa.

- Qual seria? 

- Tenho medo de ir muito para o óbvio. Chama “adolfobia”.

- Acho que isso aí tem a ver com ter medo de ter a coragem de ter medo de alguma coisa. Mas nao sei exatamente que coisa. 

- Caralha! Parece bem complexo.

- É muito. Tanto que dá até para escrever com “ph”. 

- A cura é complicada também, né?

- A cura é foda. Acho que só cura colocando vinagre na cabeça e cobrindo com pano depois.  

- Tipo piolho, imagino.

- Isso. Mas tem que deixar por 364 dias.

- Rapaz... Aparentemente, então, a Dona Florinda tinha isso.

- Tinha. O Milton Nascimento também.

- O foda dessa doença é que às vezes ela dá um sintoma inverso. A pessoa fica com coragem de ter medo de alguma coisa que ela tem coragem.

- Exatamente. Por exemplo, subir em um banquinho... 

- Adolphobia é foda.

- Ainda sobre o exemplo do banquinho. A pessoa tem coragem de subir. Mas, aí, medra. E fica com a coragem desse medo.

- Já senti isso com banquinhos.

- Acho que esse é o caso clássico da doença. 

- Vi um banquinho e tremi que só.

- Eu também. Mas aí parei de tremer. Quando vi, tava enchendo uma bexiga. Parei na metade, com medo. 

- É muito comum esse mal em pessoas decisivas, mas que ficam indecisas pra decidir o que já sabem estar meio que decidido.

- Sim, sim. E tem também o clássico medo de ter coragem de ter medo de tirar par ou impar.

- Quando ela se decide em tirar par ou ímpar, acaba colocando na hora agá um sinal de joken pô. Mas depois jura que é zero. 

- Ou pior: se encorajam quando pensam que podem ganhar com par. E quando vai jogar ímpar, desvia a mão, coloca no bolso e lança uma moeda para o cara ou coroa.

- Uma ou cinco moedas.

- Isso é adolphobia aguda.

- Se não me engano, a doença que nasceu na Alemanha nazista.

- Sim. Um soldado alemão com a doença oito dias para decidir se levava um cidadão para o campo de concentração mais próximo. Na dúvida, depois de oito dias, só conseguiu colocar uma toca com álcool na cabeça. Foi fuzialdo sob pena de viadagem.

- Se fosse vinagre, teria se curado e sido levado o preso 

- Pena que, na época, a ciência ainda não havia descoberto a cura por vinagre.

- Inclusive, esse soldado hoje é colocado como um precursor da cura. Tem busto dele pelo mundo inteiro 

- Exatamente. A coisa evoluiu do álcool do vinho que vira vinagre. Como a medicina é engraçada, né?

- Muito.

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Diálogo real, travado com Dr. @rogeriovaquero

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