– E um retrovisor não resolve isso?
– Resolve, mas só quando estou dirigindo. E eu acho que retrovisão seria importante em todos os momentos da vida.
– Bom, quando você diz a palavra “retrovisão” parece que é realmente um superpoder muito bom. Mas quando se descobre que é um simples espelho retrovisor, perde um pouco a graça.
– Mas eu me sinto muito poderoso quando entro no carro e percebo que posso ver o que está atrás, como se tivesse olhos nas costas. É um grande invento da humanidade. Dão muito valor a quem inventou o carro, mas nenhum a quem teve a brilhante ideia do retrovisor.
– E como seria isso?
– Sei lá, acho que escutar tudo de trás pra frente.
– Como um superpoder, acho que isso serviria apenas para decifrar todas as mensagens subliminares escondidas em discos da Xuxa e dos Beatles.
– E para embaralhar as músicas do Fágner e torná–las audíveis, oras.
– E de retro–olfato, você não gostaria?
– Parece meio complicado. Se eu sentisse cheiro de feijão novinho quando visse um prato cheio de pedras, por exemplo, com certeza ia comer e quebrar os meus dentes.
– Retro-olfato não seria sentir os cheiros ao contrário?
– Sim, mas e qual é o contrário de feijão?
– Deixa pra lá.
– Mas e você, se pudesse ter um superpoder, qual seria o seu?
– Não sei, acho que telepatia.