terça-feira, 30 de junho de 2009

Demian e os Chipanzés de Fralda

- Estamos em plena farra das quedas de aviões, hein.

- Pois é. Mas o mais estranho de tudo é que uma criança de cinco anos sobreviveu.

- Deve ser o Demian, de A Profecia.

- Porra, se é ele mesmo, tenho, pelo menos, quatro notícias ruins para dar.

- Desenvolva.

- Primeira má notícia: além de ser o único sobrevivente, foi ele também quem derrubou o avião. Aposnto que quando chegou o pessoal do resgate, ele estava tocando fogo nas bagagens dos outros passageiros, já mortos. 

- Segunda má notícia, por favor.

- A essa hora, ele já cegou uma pessoa da equipe de resgate, aleijou uma segunda pessoa e arrancou o cabelo, a dentadas, de uma terceira.

- Coitado do pessoal da Cruz Vermelha. Passemos para a próxima má notícia.

- Bom, ele foi resgatado no meio do nada, confere?

- Acho que sim.

- Pois então, para sair de lá, ele terá de pegar outro avião, não? Porque, se não me engano, o Demian é inglês e vive na Inglaterra.

- Sim, terá de pegar outro avião.

- Isso quer dizer que dentro em breve teremos outro desastre de avião. Ou você acha que ele vai aguentar um traslado inteiro sem derrubar outro aviãozinho por aí.

- Nossa senhora! Mas por essa lógica, ele vai causar mais uns 4 acidentes. 

- Essa era a quarta má notícia. Como ele sobreviveu, nos próximos tempos teremos muitos acidentes. Não só aéreos, como de trens, carros e até mesmo pragas de ratos em diversas partes do mundo. Não é à toa que dizem que o mundo vai acabar em 2012.

- Olha só, acabei de ler uma notícia fresquinha sobre o acidente. Sobre a queda, estão apostando tudo nas más condições climáticas.

- Isso aí é a imprensa marrom querendo desviar o foco. Até minha vó sabe que foi o Demian. 

- Mas...

- Mas nada. Entre a Mãe Natureza e Demian, quem você acha que tem mais pinta de derrubar um avião?

- A Mãe Natureza é boazinha, né?

- Então. 

- Mas se ela é tão boazinha assim, porque ela criou os chipnazés de fralda, que tanto assustam as pessoas?

- Eles não assustam as pessoas, só você tem medo deles. Aliás, você também é a única pessoa que conheço que tem medo de bexiga e que acha que os golfinhos são estúpidos e que podem ser considerados as azeitonas do mar, por conta da textura.

- O assunto aqui sou eu ou é o Demian?

- Tá. Mas a Mãe Natureza é boazinha. Ela criou os chipanzés, mas quem colocou fraldas neles foram os homens. Ou, se bobear, o Demian.

- O Demian seria capaz de planejar e realizar algo tão maldoso, como vestir fraldas em macacos somente para aterrorizar pessoas de bem, como eu?

- Sim.

- Me convenceu. Demian derrubou o avião. Mas a Mãe Natureza, sei não.

- O que tem?

- Ainda não decidi se gosto dela. Porque ela bem poderia ter feito a pele dos chipanzés lisas iguais às das azeitonas do mar, também chamadas de golfinhos.

- Por quê?

- Você não tem impressão que elas são bem lisinhas?

- Sim.

- Pois é. Se as cinturas dos chipanzés fossem bem lisinhas, queria ver o Demian conseguir prender fraldas em chipanzés. Se a Mãe Natureza fosse sábia mesmo, teria pensado nisso

- Mas não ia ter jeito.

- Por que?

- Do jeito que o Demian é mal, ele ia dar um jeito de prender as fraldas. Iria usar grampeador, super bonder, pregos, furadeira. Não ia ter pele lisa que desse jeito.

- Nossa! Mas esse menino é o capeta!

- Exatamente.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Adeus, MJ

- E esse lance do Michael Jackson, hein?

- "Esse lance", no caso, é como você chama a morte dele?

- É.

- Que fino.

- Poderia ser pior. Eu poderia ter dito "e não é que o MJ foi para o quiabo!?".

- Verdade. Mas o que tem "esse lance" do Michael Jackson?

- Eu acho que a morte dele não condiz com o que ele fez em vida. Parada cardíaca, excesso de remédios, etc. Não casa bem, manja? Esse tipo de coisa combina com o Elvis Presley, que, aliás, morreu de remédios, não?

- Elvis não morreu. Está vivo e morando na Argentina. Até minha vó sabe disso. 

- Certo. Mas, de qualquer forma, eu acho que a morte dele foi muito comum e não combina com a vida que ele teve, principalmente nos últimos anos.

- Você sugeriria o como como causa mortis mais pertinente? Parada cardíaca de tanta emoção ao entrar em um berçário?

- Não. Isso seria meio esperado. Eu acho que o ideal seria algo bem esquisito mesmo, como morrer engasgado com o próprio sapato. Isso sim seria compatível com o nível de estranheza dele.

- Isso não faz o menor sentido. 

- Exatamente. É isso que eu estou falando.

- Não, não. A sua idéia dele morrer com um sapato entalado na garganta. Não faz o menor sentido.

- Claro que faz. É tão estranho quanto os últimos anos dele. Aliás, outra coisa. Todo mundo diz que o Michael não morreu agora, que morreu há vinte anos. Eu discordo e penso ao contrário.

- Que o que? Que ele morreu quando fez Triller e que aquilo não era maquiagem, como como ele estava na vida real?

- Não. Que ele nasceu depois que parou de fazer músicas decentes, e não que morreu quando ficou estranho.

- Por quê?

- Porque eu acho que uma pessoa não pode ser definida pela profissão, mas pelos seus atos, índole, caráter e gestos no dia-a-dia. Nesse caso, ele virou o verdadeiro Michael Jackson depois que se aposentou. Mesmo que a aposentadoria tenha sido extra-oficial.

- "Você é o que você faz"?

- Algo do tipo. Ou "você é o que você come". Sei que "você é o que você canta e dança" não combina.

- Se é "você é o que você come", acho que ele seria uma espécie de Macaulay Culkin.

- Eu já te disse um milhão de vezes que não acredito que ele fosse pedófilo. Ele era uma criança, simplesmente isso. Dormia com crianças? Dormia. Mas não no sentido bíblico. Sim no sentido literal. 

- Ele era uma criança? 

- Eu acho que sim.

- Mais uma prova de que você é o que você come.

- Ai, ai. Pelo menos, ele não morreu engasgado com um sapato. Senão ele seria uma sapatilha ou uma galocha.

- Fato.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quase Que Eu Disse: Chupa, Espanha!

- Hahahahahahaha.

- É o que eu sempre digo: mais uma vez, a Fúria mostra sua cara. Que é boazinha, boazinha.

- Se perderam para os Estados Unidos, vão empatar com quem?

- Só ganham mesmo na Europa. E olhe lá. Se jogassem o torneio da Concacaf, seriam rebaixados.

- Todo mundo sabe que a Espanha é café com leite. Se um dia, por acaso do destino, eles ganharem alguma coisa, é justo que quem deve levantar a taça é o vice deles. 

- Como eu gosto da imutabilidade do futebol. Aliás, pensando bem, só nós dois, né?

- Acho que sim. Por isso achei uma pena a Itália ter sido eliminada. Estava cumrpindo tão bem seu papel de mendigar na primeira fase. Daí só precisaria ganhar o jogo da semifinal nos penaltis e ir para a final contra o Brasil.

- E perder. Porque, pela lei da imutabilidade, o Brasil sempre ganha. Assim como a própria Itália e a Alemanha. A diferença é que o Brasil ganha mais, principalmente no confronto direto em final.

- Exatamente. Aliás, ainda falando de futebol, hoje eu estava no barbeiro e pintou um cara com uma das expressões mais estúpidas que já ouvi.

- Qual? "Sapeca iá iá" para se referir a uma goleada?

- "Quase que eu disse".

- O que?

- A expressão. Era "quase que eu disse".

- Exemplifique. 

- Ele dizia "Então o Muricy foi demitido. Daí, quase que eu disse 'a diretoria do São Paulo está louca?'. Não está?" Esquisito, não?

- Me dê mais um exemplo, para eu compreender melhor.

- Outro. "O time do Corinthians joga bem sabe por quê? Quase que eu disse ' porque o time foi formado há mais de um ano'. É claro." Entendeu? 

- Ele usava o "quase que eu disse" para dar ênfase em alguma frase?

- Isso. Mas me soava como se ele estivesse narrando alguma situação em que ele quase disse algo, mas se segurou. 

- Dá essa impressão mesmo.

- Mas a partir do momento que ele diz "quase que eu disse", sem estar se referindo a uma conversa passada, a coisa toda vira um contrasenso porque, na verdade, ele disse. Ele passou do quase, ele disse!

- Confuso, não?

- Um pouco. Mas mais confuso é outra coisa que eu estava pensando ontem, enquanto assistia a De Volta para o Futuro.

- Conte-me.

- Se eu voltar uns dois dias no tempo. 

- Só dois dias?

- Só. Então eu pego meu celular, que estava no bolso da minha jaqueta durante o trajeto de volta no tempo, e disco o seu número, por exemplo. Quem atende? 

- Eu, ué.

- Você de dois dias atrás ou você de dois dias para o futuro, de onde eu vim?

- Quem pegar o celular primeiro. Assim que um atende, o outro telefone, que no caso é o mesmo, só que com dois dias de diferença pára de tocar.

- Faz sentido. Mas, supondo que você somente comprou a linha um dia depois do dia que eu estou, a chamada cai somente no futuro ou dá número de telefone não existente?

- Acho que cai no seu número, no futuro.

- Será?

- Claro. Você acha que as operadoras iam perder a oportunidade de ganhar um dinheiro fácil assim?

- Não, não acho.

- Pois então. 

- Agora, me diga. Supondo que eu volte no tempo com meu celular, para uma época em que nem havia telefonia móvel ainda. Em um tempo em que nem telefone existia. Eu conseguiria fazer alguma ligação?

- Só se você pegasse duas latas, fizesse um furo no fundo de cada uma delas. Depois, enfiasse um fio em cada orifício e as ligasse. Daí, você entregaria uma lata para a pessoa com quem você gostaria de se comunicar. Então, falaria na lata e a pessoa ouviria do outro lado.

- Isso quer dizer que o celular não funcionaria, não é?

- Quase que eu disse que não. Mas quis contar aquela história só para você perguntar qualquer coisa para poder usar o "quase que eu disse" de forma apropriada.

terça-feira, 23 de junho de 2009

MacDonalds e Outras Histórias

- Que é isso na sua calça?

- Rapaz... eu estava andando na Rua dos Pinheiros e um mendigo jogou duas asas de frango que comia em mim.

- Pelo jeito, não deviam estar boas.

- Ou estavam. Vai que ele foi com a minha cara, achou que eu ia gostar das asinhas de frango e jogou como forma de oferecimento.

- Pode ser também, mas daí ele poderia ter te oferecido educadamente, não te tacado.

- Poderia, mas daí ele teria de levantar da calçada. E ele estava em uma posição muito confortável. O que me leva a crer que ele até foi com a minha cara, mas não tanto a ponto de querer levantar.

- Por falar em comida, e já mudando de assunto, hoje almocei no MacDonalds. Ontem, também. 

- E por falar em MacDonalds, hoje, parado no farol, um cidadão me pediu uns trocados para comprar um número 1.

- E você deu?

- Eu ia dar. Mas daí comecei a procurar uns trocados e ele começou a recitar um versinho bem idiota, como que para agradecer a boa vontade. Aí me distraí com ele, esqueci das moedas e quando o semáforo abriu, eu tive que sair rápido.  

- Aposto que ele não entendeu nada.

- Não deve ter entendido. Quando olhei para o retrovisor, ele dançava do lado de um carro parado em outro semáforo. Não sei não, mas acho que essas manifestações artísticas do rapaz é o que o levará à ruína. 

- E é o que aumentará a fome dele, também. Além de não receber trocados por distrair os outros, deve dar uma fome danada pular e recitar coisas ao lado dos carros. Esticar a mão é bem menos cansativo.  Mas, voltando ao assunto MacDonalds, hoje comi em um restaurante da rede. Ontem, também.

- E o que tem isso demais?

- Estava pensando em ficar uns 15 dias comendo direto no MacDonalds e filmar a experiência. Acho que o filme seria um sucesso de público.

- Olha, já fizeram isso. Mas foi um mês, se não me engano. Por que você não faz essa experência, mas muda de lanchonete? Tente com o Bobs.

- Agora, já comecei com o MacDonalds. E eu odeio refação. Se tiver que começar do zero com o Bobs, é bem fácil de eu desistir. Vou continuar comendo no MacDonalds mas, em vez de filmar, vou levar comigo um caricaturista. Ele vai me desenhar pelos próximos 15 dias. Você acha que tem apelo?

- Depende do tipo de apelo que você procura. Depois que terminar a experiência, você vai fazer o que com as caricaturas?

- Pensei em emoldurar e decorar a sala da minha casa. Torná-la mais aconchegante, com as caricaturas e um tapete de urso, que pretendo comprar em breve. 

- Ah, aí sim. Com certeza, terá bastante apelo no quesito "aconchego". Mal vejo a hora de ir visitar suas nova sala. 

- O que?

- O que? O que?

- Não prestei atenção no que você disse. Eu estava pensando no que vou comer amanhã. Acho que um Big Mac, mas sem hamburguer e sem molho especial.

- Isso não vale. Big Mac sem esses ingredientes é como comer lanche de padaria. Amanhã, em vez de ir ao MacDOnalds, vá à uma padoca e peça um hambúrguer, que dá no mesmo.

- Não, não. Odeio refação. E agora que comecei com o MacDonalds, vou até o fim.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Costeletas e Vinagre

- Faz, pelo menos, uns 15 anos que eu mantenho estas costeletas. E o mais estranho é que, até hoje, não sei apará-las direito.

- Não precisava nem ter comentado. Qualquer um que olhe para sua cara percebe isso.

- Obrigado. 

- E se a pessoa reparar bem mesmo em você, vai ver que seu nariz também é torto. O que dá uma má impressão dos diabos, considerando-se o conjunto geral.

- Obrigado.

- E vou além: esse seu cavanhaque também não é um primor em termos de estética. Que dirá de métrica?! Ele está levemente torto para a esquerda. E há mais pêlos do lado direito do queixo, enquanto o lado esquerdo está mais ralo e tem um punhado de fios brancos. 

- Sei.

- Por fim, eu diria que as orelhas completam o conjunto tortidão do seu rosto. A da direita é maior que a da esquerda, que, por sua vez, está posicionada mais acima da sua cabeça do que a outra. 

- Acho que já deu, né?

- Só um último comentário, se me permite.

- Permito. Eu comecei o assunto, posso suportar um último comentário.

- Se alguém olhar muito tempo para você, acredito que pode vomitar.

- Ai meu Deus!

- Mas não é por você ser feio ou asqueroso. Não entrarei neste mérito. Acontece que os itens do seus rosto estão tão fora de métrica, proporção e alinhamento que dão uma certa tontura.

- Só isso?

- Não, não. Pensando bem, um último teste. Mostra a língua. 

- Ó. 

- Como eu pensava, a língua piora muito o panorama geral. Ela é mais torta que sua cara inteira junta. Você é um assassino em potencial com essa língua para fora.

- Ué, primeiro, eu causo tonturas às pessoas. Agora, com a língua para fora eu posso matar? Como?

- Supondo que alguém com labirintite pare na sua frente e examine seu rosto. Acho que esse coitado não resistiria a 2 minutos e iria para o beleléu. 

- Mas isso porque ele já tem predisposição genética. Não tenho culpa do cidadão ter tonturas.

- E você tem predisposição genética a matar um labirintítico só com o poder do seu rosto. Acho que isso pode ser usado no tribunal contra você.

- Deus! Então, a partir de agora, não mostro mais a língua para ninguém. E mais: vou agora mesmo no mercado comprar uma gilete e raspar a costeleta e o cavanhaque. 

- E com as suas orelhas e com o seu nariz, o que você vai fazer?

- Não sei. Não pensei nisso. Essas conversas sobre assassinato e sobre torteza me pegaram desprevenido.

- Você vai ao mercado, não?

- Sim.

- Bom, aproveita que está lá, pega um saco de papelão e começa a usar na cabeça. Acho que isso evitaria mais acidentes.

- É um plano válido. Vou lá, então. Quer algo do mercado?

- Traz um vinagre para mim, por favor.

- Litro?

- Não. 500 ml está bom. Eu nem queria muito. Só vou aproveitar que você vai até o mercado para pedir uma coisa bem estúpida. 

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quem Feio Ama, Bonito Lhe Parece

- É twitter para cá, twitter para lá. Essa coisa caiu nas graças de todo mundo, não?

- Que coisa?

- O twitter, pô!

- O que é isso? 

- Não sei muito bem, não. Mas como ouço todo mundo falando a respeito, imagino que seja uma parada parecida com o Orkut, só que menos azul.

- Não me fale em Orkut. Faz um tempão que desisti dele.

- Por quê?

- Sabe quando a pessoa entra no Orkut e na página inicial aparecem as atualizações dos seus amigos?

- Sei.

- Pois é. Eu tenho duas amigas que vivem atualizando os álbuns de fotos. A cada dia elas colocam, pelo menos, umas 10 fotos novas. E o problema é que as melhores amigas dessas duas amigas minhas são muito, muito feias. Mas de uma feiúra bestial mesmo, de uma feiúra mamutesca. E daí, vira e mexe surge ali, naquele espaço das atualizações, fotos novas dessas minhas amigas abraçadas com essas amigas feiosas. 

- Se isso te incomoda, é só ignorar as atualizações.

- Aí é que está. Eu não consigo resistir às fotos com essas amigas feias das minhas amigas. Toda vez que os álbuns são atualizados, eu sou compelido a clicar. É meio que um TOC meu, mas eu não descanso se não clicar e ver essas meninas feias nas fotos.

- E isso te incomoda tanto assim?

- Não é bem o incômodo, é um susto mesmo. Eu abro as fotos e, de repente, bu! Estão lá as bruacas sorrindo para mim. Que medo!

- E por conta disso, você não entra mais no Orkut?

- Exatamente. De coisa feia, basta meu dia-a-dia.

- No seu dia-a-dia você vê muita mulher feia?

- Só quando eu entro no Orkut e tem atualização de duas amigas minhas, que tem duas amigas bem feiosas.

- Nhé.

- É que você não está entendendo. Não é uma feiúra normal, é uma feiúra incômoda. Chega a doer o peito. Cada vez que eu as vejo, sinto que perdi uns 10 minutos de vida. É como se eu fumasse um cigarro.

- Mas do jeito que você está falando, eu estou imaginando duas coisas bem feias. Uma peteca com dois braços dando tchauzinho e uma cabeça loira boiando em um jarro cheio de água. 

- Cara, você já viu essas meninas? Você acaba de as descrever.

- Não que eu saiba. Mas agora sim, fiquei curioso. Vamos acessar seu Orkut e você me mostra.

- Não, por favor! Não me faça fazer isso. Não quero perder mais 10 minutos de vida gratuitamente. Prefiro até fumar um cigarro.

- Mas você não fuma. 

- Não importa. Começo hoje, desde que não tenha de entrar no Orkut.

- Beleza. Pode ser então. Mas só tenho Hollywood vermelho. Serve?

- Pensando bem, vamos acessar o Orkut. Mas se você ficar cego ou virar uma estátua de sal, não me responsabilizo. 

- Tem esse risco, é? 

- Já vi gente ter isquemia por muito menos.

- Ah, deixa quieto então. Vou lá fumar um cigarro então. Me acompanha.

- Não, valeu. Agora resolvi entrar no Orkut. Dez minutos a mais ou a menos de vida não podem fazer tanta diferença assim.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sexta-Feira 13 em Urano

- O termo Uro, de urologia ou urologista, vem do grego ouron e quer dizer urina, correto?

- Sei lá.

- Pois então. Daí, atualmente, entende-se que urologia é relativo aos rins e aparelho urinário, confere?

- Sabe Deus!

- Tendo isso como verdade, concluo que o planeta Urânus fica localizado na zona erógena do Sistema Solar. Não tem sentido?

- Não tem muito, mesmo porque o planeta chama Urano. Você anda com muito tempo livre, não?

- Mais ou menos. Ultimamente, tenho ocupado meu tempo livre com filmes de arte. Ontem à noite assisti a um muito bom.

- Qual?

- O remake de Sexta-Feira 13. 

- Excelente filme. O diretor, que se não me engano é o mesmo do remake de O Massacre da Serra Elétrica, sabe remakear. Não tenta imitar os originais e acaba fazendo uns filmes decentes. Nesse Sexta-Feira 13, por exemplo, ele mudou o Jason completamente. Agora ele corre, pula, pensa, é bom no arco e flecha, no machado à distância, faz armadinhas, espreita tal qual um caçador.

- Foi o que eu notei. Tirando a parte de pensar, o Jason virou uma espécie de Rambo 4 com máscara de hóquei.

- Pois então. E o diretor ainda manteve as minas peladas e enfiou um monte de moleque mala, que dá até gosto de ver morrer. Tirando aquele filme que ele mata o Kevin Bacon, esse é o que tem as mortes que eu mais desejei.

- Mas quem mata o Kevin Bacon é a sra. Vorhees, não o Jason.

- Não importa. Se morreu no filme Sexta-Feira 13, pode ser de ataque cardíaco ou catapora, eu coloco na conta do Jason.

- É justo. Mas eu estava pensando uma coisa sobre esse filme, que não faz muito sentido.

- Você estava pensando em algo sem sentido ou algo que ocorre no filme que não tem sentido?

- Sabe aquele momento em que aparece a casa do Jason?

- Sei. Ela aparece em vários, até.

- Pois é. Em determinado momento, ele acende as luzes da casa dele.

- Certo.

- Pois então, a minha dúvida é: como ele paga a conta de luz? Ele é um maluco assassino de 10 metros e com um machado a tiracolo. Será que ele recebe o boleto em casa e paga via internet banking ou será que é débito automático?

- Olha, eu tenho a impressão que é gerador.

-Mesmo se for, onde ele arruma diesel? Ele paga em dinheiro, cartão ou mão-de-obra, cortando árvores e decepando corpos?

- Acho que ele rouba do vizinho.

- Sei não. Assassino, tudo bem. Mas ladrão acho que é um pouco demais para o caráter dele. Se pans, ele pede para o vizinho mesmo.

- Em vez de pintar com uma xícara pedindo açúcar, ele aparece com um galão pedindo diesel?

- É.

- Mas ele não sabe falar. Como se faz entender?

- Da primeira vez, o vizinho foi oferecendo e apontando para o que tinha por perto. Por sorte, o diesel estava ao seu lado. Quando apontou, o Jason fez sim com a cabeça e levou o galão. Agora, toda vez que ele volta, o vizinho vai dando diesel.

- Pior vai ser quando ele aparecer e quiser açúcar. Até o vizinho descobrir, já perdeu um dedo, uma mão, meia orelha.

- Eu achei ele meio abatido no filme. Acho que ele tá magro, de regime. Deve usar adoçante e não açúcar.

- Nossa. Até o vizinho caipira chegar no adoçante, o Jason já comeu ele inteiro.

- Inteiro, não. Ele está de regime. Aposto que evitaria o cupim e outras regiões gordurosas.


terça-feira, 16 de junho de 2009

Lua De Mel tem hífen?

- Estava pensando na minha lua-de-mel agorinha.

- Você vai casar? Não sabia nem que você estava noivo. Ou, menos, nem sabia que você namorava.

- Não estou noivo, nem namoro. Mas gosto de me programar com antecedência. 

- Sei. E já que você vai ignorar as vontades da noiva, onde seria essa lua-de-mel?

- A gente ainda não sabe. Estamos na dúvida entre três lugares exóticos: Coréia do Norte, Vietnã ou Disneylandia.

- A gente?

- É. Estou falando por mim e por ela, quem quer que seja. Não sou egoísta.

- Sei. Bom, pelo que me consta você já conhece a Disney, não? Então o ideal seria mesmo a Coréia ou o Vietnã.

- Sim, conheço a Disney. Mas fui quando era criança e acho que não aproveitei direito. 

- Por quê?

- Porque eu era criança. E até minha vó sabe que a Disney não é coisa para criança. 

- Assim como soltar balão e pipa?

- Isso. Tudo coisa de marmanjo. Mas acho que, no final das contas, vamos acabar escolhendo a Coréia do Norte. Ela prefere. 

- Ela, no caso, a sua futura esposa, noiva e namorada?

-Ao contrário. Namorada, noiva e esposa. Se eu começar casado com ela e depois noivar e depois namorar, no final do relacionamento eu nem a vou conhecer mais. Seria muito triste.

-Faz sentido. Mas se você nem conhece ainda sua namorada, como sabe que ela prefere a Coréia do Norte?

- Vou me inscrever numa comunidade do Orkut chamada "Quero passar minha lua-de-mel na Coréia do Norte". Daí, é só procurar alguém por lá.

- Assim fica fácil, mesmo. Mas acho que tal comunidade não existe. 

- Posso colocar um classificado nos jornais.

- "Rapaz sério procura esposa para passar lua-de-mel na Coréia do Norte". Acho que vai ter muita procura.

- Eu colocaria um "Não precisa ser bonita. Damos preferência a mulheres com, no mínimo, 25 dentes", depois dessa frase aí. Acho que atrairia mais gente.

- Sem dúvida, atrairia. Mas com 22 dentes, no mínimo, atrairia mais.

- Mas eu não estou tão preocupado assim com quantidade. Prefiro me ater à qualidade.

- E por isso você vai encontrar sua futura esposa em um classificado de jornal.

- Exatamente. E depois passaremos a lua-de-mel na Disneylândia.

- Não era Coréia do Norte?

- Era. Mas só para mostrar para ela quem manda no casal, iremos para a Disneylândia.

- É por esse tipo de loucura que eu estou achando que vai ser bem difícil você casar. 

- Se tudo mais der errado, posso pagar para você uma passagem para a Coréia. Sem segundas intenções. Seria só para você me fazer companhia. Você tem 25 dentes, não?

- 23. Mas meu canino esquerdo é tão grande que vale bem por uns três.

- Ah, então tá combinado.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Filas, Cores e Outras Asneiras

- O que seria do verde se todos gostassem do amarelo?

- Seria uma cor reprimida, eu acho.

- Um tanto acabrunhada, eu diria. 

- Isso. E talvez crescesse até com algum complexo. Poderia virar um serial killer ou coisa do tipo.

- Ah, acho que não. Viraria um serial killer se fosse green. Não, verde. Até minha vó sabe que serial killer só existe nos Estados Unidos. No Brasil, no máximo, é chacineiro.

- E o que seria do amarelo se todos gostassem do amarelo?

- Ah, aí seria o rei da cocada preta-amarelada. Seria exibido e cheio de marra. Seria insuportável, eu diria.

- Mas ninguém iria se importar, já que todos gostariam dele.

- Isso é verdade. Já o pobre verde ia ser apedrejado em praça pública, mesmo se não viesse a ser um chacineiro ou assassino em série.

- Graças ao bom Deus, algumas pessoas gostam do verde e outras, do amarelo.

- E o que seria do rosa, se ninguém gostasse do verde e todos gostassem do amarelo?

- Ele sempre teria a Sula Miranda.

- Que conforto.

- Não seja irônico. Se você fosse o rosa e não tivesse ninguém, não gostaria de ter a Sula Miranda?

- Eu aceitaria a Sula Miranda de brinde em qualquer situação. Mas devo dizer que, se eu fosse uma cor, seria o verde-água.

- Tipo o Hulk desbotado?

- Tipo ele. 

- Não sei se seria uma boa. Afinal, o que seria do verde-água se todos gostassem do amarelo-bebê?

- Vixe, já vi que eu ia virar um assassino em série.

- Exatamente. Ia ser apedrejado em praça pública, vaiado ao caminhar por aí. E, o pior, não teria a Sula Miranda de brinde.

- Pensando bem, se eu fosse uma cor, seria o rosa. Onde eu retiro a Sula?

- No guichê 4. Mas tem fila. Há uns uns 6 ou 7 caminhoneiros na sua frente. 

- Droga! Se eu fosse o amarelo, não teria de passar por isso. Furaria a fila, pegaria a Sula e ninguém iria reclamar, já que todos gostariam de mim.

- É. E se fosse o verde, poderia matar os caminhoneiros e raptar a Sula.

- Mas como sou rosa, sou obrigado a pegar fila. Que azar, não?

- E você tem escolha?

- Se eu fosse o laranja, tudo seria melhor.

- Por quê?

- Porque eu teria um irmão gêmeo, o abóbora, e poderia brincar com ele por aí. Sempre quis ter um irmão gêmeo.

- Já ouvi falar que eles não são gêmeos. Que, na realidade, quando a cor é bonita, é laranja. Quando é feia, é abóbora. Essa é a diferença entre os dois.

- Bom, mesmo assim eles podem continuar sendo gêmeos. Só que não são gêmeos idênticos.

- É fato. Você trocaria uma Sula Miranda por um irmâo gêmeo?

- Tem fila?

- Acho que não. 

- E esse irmão é rico, bonito, bem sucedido e canta bem?

- Se fosse, teria fila.

- Pensando bem, então, vou para a fila ali da Sula. Até mais.

sábado, 13 de junho de 2009

Os Novos Nomes da MPB

- Tem alguma coisa muito errada na MPB brasileira.

- Além do Ivan Lins?

- Além. Eu acho que o grande problema é o nome das mulheres que cantam. Não combina.

- Como assim?

- A Adriana Calcanhoto, por exemplo. Se eu tivesse algum poder, mudaria o nome dela para Adriana Calcanhota. É mulher, não é? Então devia ser Calcanhota, e não Calcanhoto.

- Por essa sua lógica, a Danny Carlos deveria mudar o nome para Danny Carla.

- É exatamente isso que eu acho. A Marina Lima deveria voltar a ser só Marina. No máximo, e se fizesse uma complicada operação nasal que a deixasse somente com um buraco no nariz, poderia se chamar Narina.

- Ai.

- Pois é. Na minha cabeça, a Marisa Monte, nariguda que é, tinha de se chamar Nariz aos Montes.

- Isso parece piada da MAD.

- Foi lá mesmo que eu li esse comentário sobre a Marisa Monte. Além dela, eu mudaria o nome da Simone para Simeone e a faria se apresentar somente trajando uma camisa da seleção Argentina. 

- E a Alcione?

- Essa eu mudaria o apelido. 

- "A Marrom" viraria o que? "A Marronza"?

- "A Marronza" é legal. Mas eu tinha pensado em "Marrom Glacê". Pronto, acho que o ideal seria "A Marronza Glacêsa".

- Que lindo.

- E a Zélia Duncan?

-Antes de mudar o nome, ela deveria começar a fazer músicas excelentes. Daí, poderia se chamar Zélia Duca.

- A Paula Toller ganharia outro nome?

- Pelas letras que faz, acho que Paula Tola cairia bem. 

- E a Preta Gil?

- Bom, eu estava falando de cantoras da MPB.

- Ué, ela é cantora.

- Sério mesmo?

- É.

- Achei que ela fazia parte do nicho de filhos de famosos que têm nomes que fazem referência a cores e que tentam fazer qualquer coisa somente para ser tornar subcelebridades.

- Bom, ela pode ser isso aí. Mas acho que só tem ela nesse nicho, não?

- Tem também o Moreno Veloso.

- Mas ele é músico. E não dá para considerá-lo subcelebridade e nem celebridade. Ele é só músico.

- Nesse caso, só tem a Preta Gil mesmo. Mas eu não mudaria o nome dela. Acho que combina.

- E o nome das filhas da Baby do Brasil?

- A Riroca, que virou Sarah Sheeva, a Zabelê e a Nana Shara?

- É.

- Mudaria para Mimi, Bebé e Cocó. Acho que fica melhor. E aproveitaria e mudaria o nome da mãe também. Baby do Brasil ou mesmo Baby Consuelo não combinam.

- E qual seria o nome?

- Baby do Pepeu.

- Mas acho que eles se separaram.

- Tudo bem, ela não é um bebê mesmo. Não podemos levar tudo a ferro e fogo, não?

- É, acho que não.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Inferno, Inverno e Outras Estações

- Depois que eu fui aos Andes, conclui uma coisa: o inferno não é quente, é gelado.

- O Zé do Caixão concorda com você. 

- Como?

- O inferno, nos filmes dele, era gelado. E detalhe: ele usava pipoca para dar a impressão de neve.

- Como é que nevava no inferno se o inferno é coberto?

- Não nevava. 

- E de onde surgia a neve? Ah, já sei, do microondas, já que a neve era pipoca.

- Não, engraçadinho. Não nevava porque a neve SEMPRE esteve lá. E nunca derretia.

- Precisa mesmo usar esse "sempre" em maiúsculas?

- Precisa. É para dar ênfase na argumentação. 

- Ah, tá. São dois bons argumentos esses da neve eterna e do "sempre" com ênfase.

- Obrigado. 

- Mas eu não sei se concordo com você e com o Zé do Caixão. Eu acho que o inferno de dia é quente, quente, quente. À noite, frio, frio, frio. Não há uma temperatura só, não. Há duas. E extremas.

- Você acha que o inferno é o deserto do Saara?

- Mais ou menos isso.

- Mais ou menos, não. Exatamente o Saara. Pelo cenário que você pintou aí, o inferno é o Saara, mas sem areia.

- Ah, mas eu acho que não tenha areia mesmo. Acho que de dia, quando é quente, o inferno é forrado com carpete. À noite, quando faz frio, substituem por uma fina chapa de alumínio recorberta pela pipoca.

- O pessoal da construção civil trabalha bastante lá, né?

- Depois que o Sérgio Naya morreu, as coisas melhoraram bem nessa área por lá. 

- Sei.

- E vou além, hein. À noite, quando faz frio, de 15 em 15 minutos vem alguém e te joga um balde de água no corpo. 

- Eita!

- E de dia, quando faz calor, te obrigam a usar casaco de peles e cachecol.

- Nossa! E o que te dão para comer? O pão que o diabo amassou.

- A piada é boa, mas não condiz com o que servem nas refeições.

- E o que é?

- Pipoca fria e amanhecida. Pode ser adquirida diretamente do chão mesmo.

- Mas que inferno, hein!

- Ele não tem esse nome por acaso.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Zona Leste e Outros Contos

- Ontem me perdi na Zona Leste. E o pior: era madrugada.

- Não fala besteira.

- Tá duvidando?

- Lógico que estou. Se você tivesse se perdido na Zona Leste de São Paulo, não estaria aqui agora, vivo, para contar história. Seu corpo iria aparecer boiando em algum lugar por aí e não se falaria mais nisso.

- Bom, podemos dizer então que dei sorte. 

- Sorte? Ninguém que se perde de madrugada na Zona Leste sai impune. Se você se perdeu e não foi atacado, esquartejado, guspado ou esfaqueado, deve ter trazido contigo alguma maldição bizarra.

- Guspado?

- É. Vem de guspe. Guspado é o estado em que você está depois que cospem em você.

- Não seria cuspado?

- Seria se a origem da parada, o cuspe, no caso, não viesse do esôfago.

- Mamãe!

- Pois é. De qualquer forma, se você não foi atacado, esquartejado, guspado ou esfaqueado, é batata que alguma maldição colou em você. Logo mais começam a cair seus dentes e você terá uns 23 anos de azar.

- Mas olha, para ser honesto mesmo, eu não cheguei bem a me perder. Eu fiquei na dúvida entre ir para a esquerda ou para a direita em determinado momento. Aí, apareceu uma mulher grávida e eu perguntei o caminho e ela me ajudou.

- Uma mulher grávida?

- Isso.

- Deus, essa maldição tá piorando. Já já, seus cabelos começam a cair. E vão aparecer umas espinhas do tamanho de um pires no seu rosto.

- Credo!

- Era uma encruzilhada o local que você encontrou essa grávida?

- Acho que era.

- Deus Todo Poderoso! Recomendo um banho de sal grosso imediatamente. E coloca uma arruda atrás da orelha.

- Mas eu estou me setindo tão bem.

- Isso é o que você pensa. Começa disposto, alegre e bem de vida. Quando vê, tá magro, sem dente, sem cabelo, sem vontade de viver e casado com um clone do Maguila, mas do sexo feminino. 

- Deus!

- E vou além, hein, sai de perto de mim. Que esse tipo de zica pega.

- Mas olha, pensando bem mesmo, não era Zona Leste muito leste. Era quase São Caetano. Mais: não era tão madrugada, o relógio marcava pouco depois das 11 da noite. E, talvez, não fosse uma grávida, mas uma mulher gorda. Posso também ter me enganado quanto à encruzilhada: acho que era uma reta. E bem longe de qualquer esquina. Se fosse esse o panorama, eu me livraria da maldição, não?

- Você tá falando isso só para diminuir o medo, né?

- Estou.

- Bom, beleza. Se o panorama fosse esse, então eu acho que não rolaria maldição mesmo.

- Oba!

- Mas de um mau olhado você não escaparia. 

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ouça o que eu digo, não ouça ninguém

— O que você acha que o Humberto Gessinger quis dizer com “A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus/O poder e o pudor, os lábios e o batom”?

— Foi o Humberto Gessinger quem disse isso?

— Foi, na letra de Alívio Imediato.

— Pensei ter lido exatamente a mesma coisa no livro em que aprendi a ler. Mas acho que estou confundindo com a frase “Vovó viu a uva”. Que, aliás, faz mais sentido.

— Mas veja bem, se formos analisar, isso que ele diz é uma clara referência à falta de segurança na sociedade moderna, seja por conta da estupidez humana, dos jogos do poder que levam a tantas mortes, ou seja pelo aparecimento de doenças como a AIDS, que impedem que as emoções mais primitivas aflorem naturalmente e permitam o equilíbrio na Terra.

— Não consegui prestar atenção na sua explicação. Como você começou a frase com “Veja bem”, logo de cara eu conclui que o que viria depois era besteira.

— Então toda frase que começa com “Veja bem” é besteira?

— Repare, é um recurso muito usado.

— Via de regra, as pessoas que dizem isso estão querendo expor um pensamento.

— Parei de prestar atenção depois do “Via de regra”.

— Eu diria então que...

— Blá, blá, blá.

— Seguindo essa linha de raciocínio, eu...

— Pffffff.

— A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus/O poder e o pudor, os lábios e o batom.

— Rapaz, isso sim é bonito, hein? Que coisa mais linda.

— Mas foi justamente sobre esses versos do Humberto Gessinger que começamos a conversa.

— Que conversa? Parei de prestar atenção quando você me perguntou o que eu achava sobre alguma coisa...

Mais Superpoderes e Coisas do Tipo

- Se eu tivesse um superpoder, queria mesmo era fabricar cabides instantaneamente assim que eu precisasse, ao abrir um guarda-roupas?

- Para que isso? Você tá sem cabide em casa?

- Não. Eu tenho até que muitos cabides. Mas eu queria esse superpoder só para o caso de eu precisar virar arrumadeira algum dia. Aí, já estaria preparado.

- Mas esse superpoder é muito inútil. O máximo que você conseguiria com ele é mudar de profissão.

-Isso depende. Se meu superinimigo fosse o homem-armário, eu poderia combatê-lo com meus cabides.

- Você iria dar cabidadas nele até matá-lo?

- Não. O homem-armário somente poderia ser derrotado quando alguém conseguisse pendurar cerca de 100 cabides em seu interior. Nesse caso, eu seria a única pessoa do mundo a conseguir esse feito.

- E que mal às outras pessoas o homem-armário faria?

- Não faria malefício algum, porque com meu superpoder eu o impediria.

- Mas no caso você estar ocupado, o que ele faria de mal até você aparecer?

- E por que eu estaria ocupado? Eu seria um superherói fajuto, que somente fabricaria cabides. Acho que teria muito tempo livre. Assim, quando o homem-armário aparecesse, eu estaria pronto para combatê-lo.

- E sua identidade secreta seria o que? Camareiro de algum hotel de luxo?

- Camareira mexicana de algum hotel de luxo.

- Por que camareira e não camareiro?

- Identidade secreta. Acho que a mudança aparente de sexo ajudaria.

- E por que mexicana, meu Deus?

- Sempre quis fazer a siesta depois do almoço. Ah, e não precisaria aparar o bigode para convercer os outros que sou mulher.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Lutas, Brigas e Tretas

- Bicho, dá uma olhada nisso.

- Nisso o que?

- Peraí, deixa eu abrir a camisa para você ver.

- Eu tenho a impressão de que nada que você tenha sob a camisa vá me interessar.

- Bom, agora já abri. Olha isso aqui.

- Credo! Te morderam no peito!

- Exatamente. Olha as marcas de dente. E esse roxo. Foi da sexta para o sábado, de madrugada.

- Você pegou alguma maluca sado-maso?

- Ninguém mais fala sadomasô.

- Eu falo. Raramente, mas falo. E então, foi alguma maluca sádica?

- Você não quer dizer sadomasô?

- Não. Eu disse que só usava a expressão raramente. Já a usei hoje. Agora, só em dezembro. Mas diga, quem foi a fulana?

- Fulana nada. Foi um alemão louco.

- Nossa, você virou florzinha?

- Ninguém mais fala florzinha. 

- Eu falo. Raramente, mas falo. E então, você virou florzona?

- Ai, ai.

- Não vai repsonder?

- Pior que não virei florzona. Sei lá porque, resolvi lutar judô com um alemão louco na madrugada de sábado para domingo. Quando percebi, depois que dei um ippon nele, ele me mordeu.

- A dentição dele deve ser forte, não? Para atravessar o quimono e te ferir...

- A gente estava sem quimono. Como foi uma luta de ocasião, eu usava uma camiseta normal mesmo. Ele também não usava um quimono.

- E usava o que?

- Nada.

- Como assim "nada".

- Ele estava sem camisa.

- Sei. E onde vocês arrumaram um tatame?

- Não tínhamos um tatame. Usamos o chão mesmo. De vez em quando, nos apoiávamos na cama ou na mesa de carteado, na qual uma galera jogava truco. Eu só descobri que era truco depois do ippon. Eu achava que os gritos eram de incentivo para a luta.

- Olha, se não tinha quimono, nem tatame, nem faixa, e tinha um alemão em vez de um japonês na parada, acho que não era judô, não. E vou além, você perdeu a luta.

- Mas eu dei um ippon!

- Não, não. Você estava brigando, não lutando judô. E briga não tem regra. Deu o ippon e tomou uma mordida. No desempate, como isso aí no seu peito deve estar doendo ainda, você perde. Aposto que o alemão louco não está dolorido no momento.

- Eu não sabia que briga não tinha regra. Se soubesse, tinha dado com o volume A-C da Barsa na cabeça dele, em determinado momento. Dava para até mesmo virar a instante no alemão. Até pensei nisso, mas como achei que fosse judô, não quis infringir as regras.

- E por isso perdeu. 

- Se eu soubesse, ia até a cozinha, pegava um limão, cortava ao meio, voltava e esfregava no olho do alemão. Isso valeria, né?

- Claro. Briga não tem regra. Judô, jiu jitsu, taekwondo e mais outras coisas, sim. Isso aí, não.

- Droga. Valia até estilingada?

- Não, nesse caso não. 

- Por quê? Estilingue entra na categoria de tiro ao alvo?

-Estilingue, tijolada, pedrada e outras coisas de atirar entram na categoria treta à distância. E vocês estavam bem agarrados, não?

- Sim. 

- Ui! Florzinha.

- Ei, você disse que usava raramente essa palavra.

- É mesmo! Inferno. Agora, só em 2022.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estátuas Luteranas

- Quanto maior a escadaria, maior a importância do santo que fica no topo dela.

- Provérbio católico?

- Não. Eu estava pensando nisso outro dia, porque subi uma escadaria danada que dava em um mirante e, quando cheguei lá em cima, encontrei uma estátua da Virgem Maria com Jesus no colo. 

- E?

- E que eu acho que se fosse só de Jesus ou só de Maria, a escadaria teria a metade do tamanho. Mas como eram imagens de ambos juntos, o sacrifício´para chegar lá tinha de ser maior.

- O Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, não tem uma escadaria tão grande. E dá para chegar de escada rolante, eu acho. 

- Ah, mas aí essa estátua já sai da alçada da religiosidade. Funciona mais como ponto turístico mesmo. E, como ponto turístico, quanto mais fácil o acesso, melhor.

- Sei.

- No caso, nessa escadaria aí que eu falei, não era um ponto lá muito turístico, era mais religioso mesmo. 

-Pela sua lógica, umas estátuas com todos os integrantes da Santa Ceia deveria ficar na lua.

- Ou no topo do World Trade Center, mas só seria acessível por escadas.

- Que Deus o tenha.

- Quem?

- O World Trade Center.

- Já uma estátua do São Dimas ficaria sobre uma calçada. No máximo, sobre dois degraus. Mas no nível do mar.

- Quem é São Dimas?

- Sei lá. Mas me pareceu nome de santo sem importância.

- É engraçado mesmo o fato de nunca ter uma estátua de mulatas e do Sargentelli no topo de uma mega-escadaria, né?

- Aliás, uma estátua é relativa a representação de uma pessoa ou várias pessoas podem compor uma única estátua?

- Não entendi. Exemplifique, por favor.

- Se há uma representação em pedra do João Penca abraçado em um dos Miquinhos Amestrados, trata-se de uma estátua ou de duas estátuas em uma única?

- Acho que é uma bistátua. É uma variação de estátua, mas com duas pessoas.

- Tristátua seria uma estátua formada por três pessoas?

- Sim. Quadristátua, pentástua e assim por diante.

- E quando há mais elementos em cena, como um cão, uma banca de frutas, uma carrinho de mão, um relógio retorcido? Como é o nome disso?

- Bagunçástua. Ou lixo mesmo.

- Imaginei.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Vida privada

— Mulher pra mim tem que ser que nem uma boa privada, lisinha por fora e molhada por dentro.

— Cara, você é mesmo nojento.

— Então espera, espera. Mulher pra mim tem que ser que nem uma boa privada, com assento macio e sempre disponível.

— Credo.

— Limpinha e cheirosa como um sache perfumado?

— Meu Deus...

— Ok, ok. Com um bom tampo e descarga suave. E não se fala mais nisso.

— Caramba, agora você mostrou que não entende nada de mulher mesmo.

— E pelo jeito você nunca vai saber o que é uma boa privada.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pecados Capitais (Republiaciones)


- Quais são os sete pecados capitais mesmo? Lembro de gula, preguiça...

- Hummm. Deixa ver... como é mesmo o nome técnico de "pãodurice"?

- Avareza.

- Isso, então: avareza, inveja... Tem aquela do cara que gosta de trepar o tempo todo. Como é mesmo?

- Luxúria.

- Pronto, então é isso. Gula, preguiça, pãodurice, inveja, luxúria.

- Certo, só que aí são cinco. Faltam dois.

- Certeza que são sete?

- Certeza. Aliás, lembrei de mais um: ira.

- Ira é pecado, é?

- É sim. E dos capitais ainda.

- Tá, então falta um. Vamos pensar. Não cobiçar a mulher do próximo?

- Não, acho que isso é um trecho dos Dez Mandamentos.

- Hummm. Horror?

- Como?

- O horror. O horror deve ser o sétimo pecado capital.

- Sei não. Tá meio estranho isso aí. Horror? Em que consistiria o horror?

- Como assim?

- Por exemplo, avareza é a pãodurice. Ira é o ódio que afeta nossos pobres corações. A gula é comer mais que a boca. A preguiça é virar o Dorival Caymmi. E horror? Horror é o quê?

- Ah, é o ato de horrorizar. Causar barbárie ou algo assim. Sair pelado de casa com uma máscara do Nixon, por exemplo. Isso é o horror.

- Tocar músicas do Oswaldo Montenegro em público dá pra considerar horror?

- Claro.

- Bom, nesse caso, eu fecho com você. Os sete pecados capitais são gula, preguiça, pãodurice, inveja, luxúria, ira e horror.

- Beleza. Agora a gente já pode mudar de assunto.

- Sim. Sugestões?

- Podemos falar sobre aquela morena, ali no balcão. Boa, né?

- Nossa, tava pra te falar isso. Ela é demais. Soberba!

- O que é isso?

- Isso o quê?

- "Soberba".

- Não sei direito, mas acho que tem a ver com mulher boa.