- O que seria do verde se todos gostassem do amarelo?
- Seria uma cor reprimida, eu acho.
- Um tanto acabrunhada, eu diria.
- Isso. E talvez crescesse até com algum complexo. Poderia virar um serial killer ou coisa do tipo.
- Ah, acho que não. Viraria um serial killer se fosse green. Não, verde. Até minha vó sabe que serial killer só existe nos Estados Unidos. No Brasil, no máximo, é chacineiro.
- E o que seria do amarelo se todos gostassem do amarelo?
- Ah, aí seria o rei da cocada preta-amarelada. Seria exibido e cheio de marra. Seria insuportável, eu diria.
- Mas ninguém iria se importar, já que todos gostariam dele.
- Isso é verdade. Já o pobre verde ia ser apedrejado em praça pública, mesmo se não viesse a ser um chacineiro ou assassino em série.
- Graças ao bom Deus, algumas pessoas gostam do verde e outras, do amarelo.
- E o que seria do rosa, se ninguém gostasse do verde e todos gostassem do amarelo?
- Ele sempre teria a Sula Miranda.
- Que conforto.
- Não seja irônico. Se você fosse o rosa e não tivesse ninguém, não gostaria de ter a Sula Miranda?
- Eu aceitaria a Sula Miranda de brinde em qualquer situação. Mas devo dizer que, se eu fosse uma cor, seria o verde-água.
- Tipo o Hulk desbotado?
- Tipo ele.
- Não sei se seria uma boa. Afinal, o que seria do verde-água se todos gostassem do amarelo-bebê?
- Vixe, já vi que eu ia virar um assassino em série.
- Exatamente. Ia ser apedrejado em praça pública, vaiado ao caminhar por aí. E, o pior, não teria a Sula Miranda de brinde.
- Pensando bem, se eu fosse uma cor, seria o rosa. Onde eu retiro a Sula?
- No guichê 4. Mas tem fila. Há uns uns 6 ou 7 caminhoneiros na sua frente.
- Droga! Se eu fosse o amarelo, não teria de passar por isso. Furaria a fila, pegaria a Sula e ninguém iria reclamar, já que todos gostariam de mim.
- É. E se fosse o verde, poderia matar os caminhoneiros e raptar a Sula.
- Mas como sou rosa, sou obrigado a pegar fila. Que azar, não?
- E você tem escolha?
- Se eu fosse o laranja, tudo seria melhor.
- Por quê?
- Porque eu teria um irmão gêmeo, o abóbora, e poderia brincar com ele por aí. Sempre quis ter um irmão gêmeo.
- Já ouvi falar que eles não são gêmeos. Que, na realidade, quando a cor é bonita, é laranja. Quando é feia, é abóbora. Essa é a diferença entre os dois.
- Bom, mesmo assim eles podem continuar sendo gêmeos. Só que não são gêmeos idênticos.
- É fato. Você trocaria uma Sula Miranda por um irmâo gêmeo?
- Tem fila?
- Acho que não.
- E esse irmão é rico, bonito, bem sucedido e canta bem?
- Se fosse, teria fila.
- Pensando bem, então, vou para a fila ali da Sula. Até mais.
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