quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quase Que Eu Disse: Chupa, Espanha!

- Hahahahahahaha.

- É o que eu sempre digo: mais uma vez, a Fúria mostra sua cara. Que é boazinha, boazinha.

- Se perderam para os Estados Unidos, vão empatar com quem?

- Só ganham mesmo na Europa. E olhe lá. Se jogassem o torneio da Concacaf, seriam rebaixados.

- Todo mundo sabe que a Espanha é café com leite. Se um dia, por acaso do destino, eles ganharem alguma coisa, é justo que quem deve levantar a taça é o vice deles. 

- Como eu gosto da imutabilidade do futebol. Aliás, pensando bem, só nós dois, né?

- Acho que sim. Por isso achei uma pena a Itália ter sido eliminada. Estava cumrpindo tão bem seu papel de mendigar na primeira fase. Daí só precisaria ganhar o jogo da semifinal nos penaltis e ir para a final contra o Brasil.

- E perder. Porque, pela lei da imutabilidade, o Brasil sempre ganha. Assim como a própria Itália e a Alemanha. A diferença é que o Brasil ganha mais, principalmente no confronto direto em final.

- Exatamente. Aliás, ainda falando de futebol, hoje eu estava no barbeiro e pintou um cara com uma das expressões mais estúpidas que já ouvi.

- Qual? "Sapeca iá iá" para se referir a uma goleada?

- "Quase que eu disse".

- O que?

- A expressão. Era "quase que eu disse".

- Exemplifique. 

- Ele dizia "Então o Muricy foi demitido. Daí, quase que eu disse 'a diretoria do São Paulo está louca?'. Não está?" Esquisito, não?

- Me dê mais um exemplo, para eu compreender melhor.

- Outro. "O time do Corinthians joga bem sabe por quê? Quase que eu disse ' porque o time foi formado há mais de um ano'. É claro." Entendeu? 

- Ele usava o "quase que eu disse" para dar ênfase em alguma frase?

- Isso. Mas me soava como se ele estivesse narrando alguma situação em que ele quase disse algo, mas se segurou. 

- Dá essa impressão mesmo.

- Mas a partir do momento que ele diz "quase que eu disse", sem estar se referindo a uma conversa passada, a coisa toda vira um contrasenso porque, na verdade, ele disse. Ele passou do quase, ele disse!

- Confuso, não?

- Um pouco. Mas mais confuso é outra coisa que eu estava pensando ontem, enquanto assistia a De Volta para o Futuro.

- Conte-me.

- Se eu voltar uns dois dias no tempo. 

- Só dois dias?

- Só. Então eu pego meu celular, que estava no bolso da minha jaqueta durante o trajeto de volta no tempo, e disco o seu número, por exemplo. Quem atende? 

- Eu, ué.

- Você de dois dias atrás ou você de dois dias para o futuro, de onde eu vim?

- Quem pegar o celular primeiro. Assim que um atende, o outro telefone, que no caso é o mesmo, só que com dois dias de diferença pára de tocar.

- Faz sentido. Mas, supondo que você somente comprou a linha um dia depois do dia que eu estou, a chamada cai somente no futuro ou dá número de telefone não existente?

- Acho que cai no seu número, no futuro.

- Será?

- Claro. Você acha que as operadoras iam perder a oportunidade de ganhar um dinheiro fácil assim?

- Não, não acho.

- Pois então. 

- Agora, me diga. Supondo que eu volte no tempo com meu celular, para uma época em que nem havia telefonia móvel ainda. Em um tempo em que nem telefone existia. Eu conseguiria fazer alguma ligação?

- Só se você pegasse duas latas, fizesse um furo no fundo de cada uma delas. Depois, enfiasse um fio em cada orifício e as ligasse. Daí, você entregaria uma lata para a pessoa com quem você gostaria de se comunicar. Então, falaria na lata e a pessoa ouviria do outro lado.

- Isso quer dizer que o celular não funcionaria, não é?

- Quase que eu disse que não. Mas quis contar aquela história só para você perguntar qualquer coisa para poder usar o "quase que eu disse" de forma apropriada.

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