segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um Pouco de Nerdice

- Imagina o trabalho que não dá pro Darth Vader tomar banho.

- Ele toma banho? Pergunto porque ele é meio homem, meio máquina. Então, se molhar, pode ser que enferruje.

- Bom, sendo meio homem, meio máquina, talvez tome meio banho. Aliás, meio banho normal, com água, sabonete e xampú. E meio banho de óleo, para limpar sua parte máquina.

- Xampú acho que ele não usa. É careca. 

- Pode usar por preciosismo. Nunca se sabe como são os hábitos higiênicos dele.

- Verdade. Mas se eu fosse ele, não tomaria banho. Ia ficar fedendo para cima e para baixo e ai de quem reclamasse.

- Sei não. Imagina o fedor dentro daquela fantasia de Darth Vader que ele usa. O cheiro ia matar. Ia ter que fazer força para prender a respiração. 

- O Darth Vader usa fantasia de Darth Vader?

- Usa. Ou melhor, não usa. Ah, sei lá. Se ele não usa fantasia de Darth Vader, usa do quê?

- Roupa normal. Para ele, claro. Pros outros é fantasia. 

- Então é assim: ele usa roupa normal, de gala, de passeio, de festa. O que é tudo a mesma coisa: aquele troço negro, aquele capacete chanel e uma capa preta. Quando os outros usam, é fantasia. Certo?

- Por aí. Por exemplo, peguemos o caso das baianas.

- O que as baianas têm?

-Quando elas saem de casa, estão vestidas à paisana. Quando estão vendendo acarajé, estão uniformizadas. Quando estão na ala das baianas, estão fantasiadas. Tudo depende do referencial adotado.

- Já te falei que tenho uma dificuldade danada em saber quando uma pessoa tá vestida de baiana ou quando está vestida para casar? Para mim, usou roupa branca cheia de rococó, pode ser noiva ou baiana. Sempre fico na dúvida.

- Dica. Se estiver com um acarajé na mão, é baiana. Se tiver um buquê, é noiva. 

- E se estiver com as mãos abanando?

- Noiva ou baiana em horário de folga. Aí é observar e esperar elas voltarem a praticar suas artes.

- Que artes?

- Venda de acarajé ou ritual em altar.

- Ritual em altar é noiva?

- Ou noiva ou Iemanjá. Aí vai ter que esperar acabar. Se quando acaba o ritual ela vai para a lua de mel, é noiva. Se voltar pro mar, é Iemanjá.

- Cara, incrível como você sabe das coisas.

- Eu estudei, meu chapa.

------------------------------

Com a colaboração real do @ecostela


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A volta do Tirulipa Júnior

– A mim o que importa é saber se o Tirulipa Júnior vai retomar a carreira.

– Quem é Tirulipa Júnior?

– O povo brasileiro tem memória fraca mesmo. É o filho do Tiririca, o deputado mais votado do Brasil. E se o Tiririca não puder mais ser palhaço na TV, nada melhor do que ressuscitar o Tirulipa.

– Agora eu me lembro. Mas é que sempre achei que o Tirulipa se parecia muito mais com uma miniatura do Genival Lacerda do que com o próprio pai. E se o pai se chama Tiririca, como o filho pode ser Tirulipa JÚNIOR...

– Você não entende excentricidades artísticas. Podia até ser Júnior Tirulipa que não tinha problema. Aliás, já conheci gente que tinha Júnior como primeiro nome.

– Ah, isso tem. Tem aquele lateral–esquerdo Júnior César. Lindo nome.

– E tinha o técnico Juninho Fonseca. Esse era mais legal ainda porque dá para considerar que o nome é um apelido, já que ele se chamava Alcides Fonseca Júnior. Acharam mais interessante passar o Júnior dele pra frente, e não é que ficou melhor mesmo?

– Bem melhor. Mas eu nunca vi acontecer isso com quem prefere usar Filho em vez de Júnior. Nunca vi um Filho Antunes, por exemplo.

– Bom, eu já vi gente que se chama Primo. Se alguém com esse nome tiver um filho, ele pode colocar Primo Filho ou Filho Primo que vai ficar estranho igual.

– E fica mais interessante ainda se esse Primo Filho tiver um sobrinho um dia. Aí o moleque ia poder se chamar Primo Filho Sobrinho. Deve ser duro ser parente de um cara assim.

– Duro demais. Imagina os netos perguntando: “onde está o vovô Primo Filho Sobrinho?”.

– Melhor deixar pra lá que isso está indo longe demais. Mas, voltando ao papo, porque o Tiririca não poderia mais ser palhaço? Acho que ele pode pelo menos cantar umas músicas nas sessões da Câmara, como o Suplicy faz no Senado. Aliás, o Suplicy podia dar um pulo lá e fazer uma dupla com ele.

– Verdade, acho que seria uma boa. E abriria espaço pra uma outra dupla sensacional, Supla e Tirulipa Júnior, os Filhos do Congresso.

– Perfeito. Agora vou ficar aqui pensando em uma maneira de reativar a carreira do Genival Lacerda. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Eu Conheço Alguém que Fala Baleiês

- Minha memória anda cada vez pior. Já te falei isso?

- Isso o quê?

- Ih, esqueci.

- Repete, pô.

- Não, é sério. Esqueci mesmo. Mas mudo de assunto.

- Mude.

- Minha memória anda cada vez pior.

- É? A minha também.

- Já te falei isso?

- Nunca saberemos. A minha memória vai de mal a pior.

- A minha chegou em um ponto que não sei se li algo, se vi na TV, se vi no cinema ou se sonhei.

- Eu, pelo menos, fico feliz várias vezes pelo mesmo motivo. "Vai casar? Parabéns! Ah, já disse? E o que eu disse da primeira vez? Parabéns, também? Viu! Eu não estava mentindo."

- Minha situação é tão ruim que falo uma coisa que acho que inventei e posso estar plagiando Shakespeare sem saber.

- Outro dia, eu estava contando uma piada, perdi o fio da meada e, quando vi, estava recitando Carlos Drummond de Andróide.

- Andrade.

- Não, era Carlos Drummond de Andróide mesmo. Não conhece?

- Não. É bom?

- Uma máquina de escrever. Uma máquina!

- Ai, ai.

- O quê?

- Me diz que você fez esse trocadilho infame com o Drummond só pra emendar essa piada.

- Que piada?

- Carlos Drummond de Andróide.

- Como?

- Carlos Drummond de Andróide, o poeta que é uma máquina.

- Hahaha. Muito boa. Gostei da piada. Posso usar?

- É sua, pô.

- É?

- É.

- Ah, então não espalha. Não achei tão boa assim.

-----------------------------------

com ajuda involuntária da Juliana.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amarração para o Amor

- Estou pensando em entrar no ramo de amarração para o amor e trazer a pessoa amada em até 6 dias.

- Sempre que falam "estou saindo com uma pessoa" e não especificam o sexo, imagino que a "uma pessoa" é do mesmo sexo da pessoa que está me contando isso.

- Eu estou aqui falando de empreendimentos, de mudar de vida, de replanejar toda a minha existência e você vem com esse papo homofóbico?

- Que papo homofóbico? Eu não disse que acho isso bom ou ruim. Só fiz um desabafo, pô.

- Desabafo? Ui, ui, ui. 

- Pronto. Agora isso. Mas fale, você quer entrar no ramo da macumbaria?

- Não.

- Ué, você não disse que ia entrar no ramo da amarração para o amor? E que iria trazer a pessoa amada em até 3 dias?

- Disse 6 dias, não 3. Mas eu não falei em macumbaria.

- E como vai fazer isso sem ser por meio de forças sobrenaturais?

- Pensei em montar uma empresa de busca e apreensão de humanos.

- Tipo sequestro?

- É assim: a pessoa me contrata. Diz quem ama. Eu vou lá, pego a amada, amarro e trago. Como daqui até o Maranhã dá 3 dias de carro, acho que consigo ir e voltar em 6 dias. Por isso trabalho com esse prazo estendido. 

- Isso se a pessoa não oferecer resistência, claro.

- Por isso eu disse que trago "a amada". Vou começar só com mulheres, já que são mais frágeis. Depois, com o negócio crescendo, passo a trazer "o amado" e de avião, para não perder prazo.

- Qual a diferença disso para um sequestro?

- Estou fazendo isso pelo amor. Não por dinheiro.

- Pelo amor alheio e unilateral, já que a outra pessoa vem amarrada.

- Não, pelo amor bilateral em uma situação trilateral. A pessoa que me contrata ama o amarrado. Eu amo a humanidade e o amor das pessoas. Só quem sai perdendo é o amarrado. Mas como não há felicidade plena, acho que 2/3 de uma relação estando felizes, o 1/3 restante tem que se contentar com o que tem.

- Você trabalhará com travestis também?

- Vai começar com homofobismo de novo?

- Não. É porque tecnicamente eles são homens, mas na prática são mulheres, certo?

- Errado. São outro gênero.

- Nem vou perguntar qual. Vou tocar o assunto se não a gente não termina esse papo hoje.

- Tá com pressa?

- Estou. 

- Pronto, perdeu a chance de me contratar. Meu trabalho leva o dobro do tempo do dos outros, mas trago a pessoa inteira, queira ela ou não. 

- Não pretendia contratar seus serviços. Quando quero alguém, vou lá e luto por ela eu mesmo.

- Luta? Ué, não era você que era contra sequestro?

- Luto em sentido figurado. Vou, me aproximo, galanteio e seduzo a outra pessoa.

- "Outra pessoa"? Bicha.