quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tem um jacaré domindo no meu Corcel II

- Por que você tá mancando?

- Você não vai acreditar, mas um jacaré me mordeu hoje de manhã.

- Que crocodilagem, hein?

- Ai, ai, vai rindo.

- Tá, mas fala a verdade, o que aconteceu?

- Um jacaré me mordeu.

- O bicho?

- É.

- Ah, tá. E como isso?

- Eu tava distraído. Quando vi, nhac. Mordeu.

- É? Mas seu pé tá inteiro. Como ele não arrancou fora?

- Ou não tava com tanta fome, ou só me mordeu pra provocar, sei lá. Você acha que eu deveria perguntar se ele queria o pé todo?

- Devia. Porque sua história está tão fantástica que, na certa, esse jacaré fala. Ou melhor, não te responderia nada, porque é um jacaré educado que não fala com a boca cheia.

- Ele não parecia educado. Mordeu meu pé.

- Você vai ter que me provar, muito bem provado, que um jacaré mordeu seu pé. Primeiro porque não tem jacaré em São Bernardo. Segundo, se mordesse, arrancaria seu pé fora. Terceiro: você teria que estar muito distraído para um jacaré se aproximar sorrateiramente e nhac, te morder sem você perceber.

- Ele estava escondido atrás de um Passat, lá na rua. Quando eu passei pelo carro, ele saiu e nhac.

- Ah, então foi de caso pensado?

- Ou foi caso pensado ou ele tava tentando arrombar o Passat, como não conseguiu, desistiu e, muito bravo, se vingou no primeiro pedestre que passou.

- Isso não tá colando. Vai ter que fazer muito mais para que eu acredite.

- Bom, eu tirei uma foto do bicho me mordendo.

- Como?

- Na hora que ele estava avançando, eu peguei meu celular e pimba. Fotografei. Se eu te mostrar a foto, você acredita?

- Olha, em tempos de Photoshop, é meio difícil. Mas se tiver a foto no celular, acredito.

- Nada, tá em papel.

- Já revelou?

- Aproveitei que a Fotótica tá com preço bom.

- Tá, deixa eu ver.

- Aqui.



- Peraí. Você tava descalço vindo para cá? O jacaré te lambeu antes de te morder? E, por último: cara, preciso dizer que isso é um desenho? E mal feito ainda?

- Espero que um dia um jacaré de coma! Vou ficar de longe, rindo e desenha... ou melhor, fotografando tudo.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Uma Tarde com Valderrama

- Olha isso: Valderrama returns.

- Onde?

- Aqui. 



-  Valderrama sempre agrega. Pelo vídeo, ele tava com tanta fome de bola que comeria uma colômbia pascal inteira. Hein? Hein? 

- Era tanto tesão pra jogar que, se aparecesse uma colombina, ficaria pequeno pra ela também.

- Ah, sem dúvida. Ia, o Val, derramá todo seu charme sobre ela.

- Não sei por que, mas lembrei-me agora de um velho amigo meu, dos tempos de meninice. Eram dois amigos na verdade. Um no bairro de Ramos, outro no bairro de Olaria. Os dois, vejam vocês que coincidência, chamavam-se Val. O de Olaria era até um bom sujeito. Mas legal mesmo, amigo para todas as horas, era o Val de Ramos.

- Duro é quando ele cismava de passar aquele troço na cara. Era um horror o Val de rímel.

- Você não está confundindo com o Valder, que é meio bichona? Ele sim passa rímel. O Valder ama maquiagem.

- Confundi mesmo. Mas com outro cara meio bicha, um que gosta de ir para cima e para baixo galopando em animais exótico para todo lado. Não lembro o nome, mas sei que ele valdelhama para cima e para baixo que é uma beleza.

- Pô! Falando em galope, eu nem te contei! O Val de Olaria foi galopar um mangalarga outro dia na fazenda do tio dele, mas levou um tombo, foi pro hospital, tá todo quebrado, não pode nem se levantar. É muito triste ver o Val de cama.

- Ah, sim. E um toque pra você. Você vai casar aí e tudo mais, vai ter que montar a casa... Cuidado com uma coisa. Tem gente por aí empurrando uma caneca oval de café. Não compra essa não, que é enganação. Caneca é assim: se você usa oval, derrama o café todo.

- Boa dica. Vou comprar outro modelo. Tipo aquela caneca de muito bom gosto que vende na Oktober, com uma teta (tipo essa: http://www.leiloes.net/-CANECA-MAMA,name,150998619,auction_id,auction_details). Eu val de mama, então.

- Ótima ideia. Mas, se for importar a caneca de peitoca por navio, lembre-se de importar pelo porto de Rama. Certeza que chega no prazo. É bastante confiável a indústria naval de Rama.

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*agradecimento ao Juliano, que colocou o vídeo na roda, o que gerou essa montanha de trocadilhos entre mim, Costela, @daniellrezende.

*em 2009, o Valderrama também já tinha gerado outra onda de bobiça, mas no UOL Tecnologia: http://tecnologia.uol.com.br/dicas/ultnot/2009/05/26/ult2665u391.jhtm.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Origem, Versão 2x1

- Tive um sonho horroroso com você essa noite.

- Desenvolva.

- Só de alembrar, me arrupio tudo.

- Aconte logo.

- Tá. Eu sonhei que estava associando fotos aos contatos do celular.

- Que sonho cibernético.

- É. Eu tenho esses sonhos, às vezes. Certa feita, sonhei que o Clodovil me pagava com um cheque pré-datado. E o banco do cheque não era banco, era a Seicho-no-ye. Pior que eu ia descontar e não tinha fundos.

- Também... cheque de igreja. Só faltava você receber um cheque do banco Praça é Nossa e achar que tem fundo.

- Pois é. Tenho muito sonho estranho. Daí, voltando ao meu sonho contigo, eu estava organizando os contatos no celular. E tinha contato de telefone, tinham contas de email, amigos do Facebook, do Orkut, tudo misturado.

- Sei.

- Aí, quando eu fui associar sua foto aos seus dados, fiz uma bobagem e associei seu número de celular às contas - fotos, email, Gtalk, Orkut - de uma tal de "Simplísmente Sheiloca Princesa".

- Sei.

- Aí, toda vez que o telefone tocava e era você, aparecia a foto da Simplísmente Sheiloca Princesa, abraçada com uma zebrinha de pelúcia, no visor do meu telefone.

- É isso é pesadelo?

- Você pergunta porque não viu o naipe dela.

- Ruim?

- Era, mas a zebra era pior. Aí, eu mexia, mexia, mexia e não conseguia resolver. Aí a saída que achei foi pegar seu celular e jogar fora, para você parar de me ligar. Pensei em te matar também, mas achei muito grave. Pensei em jogar fora meu celular, mas não queria me prejudicar, mesmo porque fiquei mais da metade do sonho acertado os contatos. Aí não tive saída a não ser jogar seu telefone fora.

- Aí isso resolveu seu problema?

- Não sei. Porque na hora em que eu estava fatiando seu celular com um cutelo afiado como o diabo, acordei.

- Eu sabia que você ia me contar toda essa história antes mesmo de você me contar.

- Como?

- Simples. Eu li esse texto antes de você publicar.

- Mas se não tava publicado, você ainda não havia interagido. E, sendo assim, você não poderia ter lido. Ou poderia?

- Poderia. Se essa conversar foi um sonho.

- Será?

- Nunca saberemos. A não ser que...

- Que...

- Seu celular toque. E seja eu te ligando e apareça a Simplísmente sei lá quem no visor.

- Ai.

- Ó lá. Tá tocando.

- É mesmo. Mas não é você. Você tá aqui na minha frente.

- Sim, mas se for um sonho, pode ser eu. E então... vai lá atender, vai.

- Ai, meu Deus.

- Vá!

- Tenho medo.

- Vai lá, pô. Quer apostar algo, para te encorajar? Eu aposto que não é um sonho. Você aposta que é. Que acha? R$ 100.

- Tá. Vou lá.

- Se eu perder, te pago com um cheque da Seicho-No-ye.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um Conto Natalino Atrasado

- Tô com uma dúvida existencial.

- Pregunte.

- Por que você sempre fala "pregunte" em vez de "pergunte"?

- Essa é a dúvida?

- Não. Essa é outra. Estou para te perguntar isso faz tempo.

- Então pregunte.

- O quê?

- Sua outra dúvida, a inicial.

- E essa do "pregunte", não vai responder? 

- É urgente?

- Não. 

- Então, póxima. 

- "Póxima"?

- É. Póxima pregunta.

- Tá. Até quando a gente dá "feliz ano novo"? Estamos quase na metade de Janeiro e não sei como proceder. Já não sei se dou bom dia ou se dou feliz ano novo aos outros.

- Cara, acho que tem que dar "feliz ano novo" até o dia dos Santos Reis. Depois é facultativo.

- Dia do Sérgio Reis?

- Como?

- Quando é esse dia do Sérgio Reis?

- Hein?

- Aliás, o que acontece nesse dia, além de ser o marco do final da saudação de feliz ano novo? Por acaso as crianças vão a escola com um berrante nas costas?

- Que dia de Sérgio Reis?

- Na hora do intervalo, elas vão ao pátio, ficam em fila, colocam a mão no peito e cantam, em coro, "O Menino da Porteira"?

- Não fala dessa música. É muito triste. Mas eu disse Santos Reis, não dia de Sérgio Reis!

- E depois a cerimônia é encerrada com o Hino Nacional. Tocado com um berrante, naturalmente.?

- Ai.

- Tá. Mas que dia é esse aí?

- Seis de Janeiro.

- Esse não é o dia de Santos Reis?

- É. Foi o que eu disse.

- O Sérgio Reis foi alçado a santo? Agora além de Gaspar, Baltazar e Melchior temos o Sérgio Reis?

- Será inútil protestar, né?

- Imagina chegando na estebaria quatro caboclos, três de coroa e um com um chapelão de vaqueiro. Três deles com mirra, ouro, incenso e o rei Reis com uma porteira e um berrante no cangote. 

- Bom, pelo menos se eles tivessem problemas com os animais, o Sérgio Reis poderia domar as vacas e os cavalos que tinham por perto. 

- Só acho que o Sérgio Reis, como rei, deveria usar outro nome artístico. Adotar um ésse no final do nome cairia bem, por exemplo.

- Numerologia?

- Não, questão de estética. Não fica mais legal Rei Sergios Reis?

- Ele poderia subtrair um ésse do final do segundo nome. Rei Sérgio Rei. Não ficaria melhor?

- Ficaria. Ou poderia se bipartir e, tornando-se dois com o mesmo nome, seria o Reis Sérgios Reis.

- Imagina o incômodo que não ia ser o pessoal entrando em um estábulo com dois berrantes e duas porteiras. Iam ter que colocar o José pra dormir fora, para acomodar esses trambolhos incômodos.

- Já pensou que dois Sérgios Reis geraria, automaticamente, cinco reis magos?

- E magros. Porque o Sergião já tá só o pó. Se dividir em dois, sobrariam dois palitos. 

- Será que eles, fracos fracos, iam conseguir carregar duas porteiras e dois berrantes?

- Isso só quem poderia responder seriam os dois Sérgio Reis. Vamos perguntar a eles?

- Eu acho que só tem um por aí, por enquanto.

- Que pena. Vamos ter que esperar ele se bipartir para ficar sabendo.

- Realmente, um pena.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo, Putada!

- Seu cadarço está desamarrado.

- E como é difícil andar assim hoje em dia.

- Você teve que se esforçar para não pisar nele?

- Pelo contrário, fiz questão de vir caminhando com o cadarço assim. Mas a cada 20 metros, alguém me parava para avisar do desamarro. Foi um inferno!

- É a solidariedade do cadarço desamarrado, que aflora o ano todo e, principalmente, nessa época. Aliás, feliz ano novo!

- Para você também. Como passou de réveillon?

- Hummm.

- O quê?

- Você sabia que assim como na língua portuguesa, a Real Academia espanhola resolveu fazer uma reforma ortográfica?

- Vão unificar tudo?

- Mais ou menos.

- E?

- Então, fiquei sabendo disso no réveillon. Aí, agora isso não me sai da cabeça. Estou pensando em mandar um e-mail pra essa academia da Espanha aí.

- Para?

- Quero sugerir duas mudanças. Eles chamam "boneca" de "muñeca". Além disso, "diminua" é "disminuya". Ficam muito ridículas essas palavras. Vou mandar um e-mail pedindo alteração.

- Quer que usem "boneca" e "diminua" mesmo ou vai dar ideia de outras palavras?

- O que me incomoda é "muñeca" e "disminuya". Se trocarem por qualquer outra coisa, está valendo. "Muñeca" pode ser neneca, rabeca ou panqueca. "Disminuya" pode seguir essa linha.

- Que linha? A da debiloidice total ou a de ser uma outra palavra em português que rime com a original?

- A de ser uma palavra que rime com "boneca". “Disminuya" pode ser neneca, rabeca ou panqueca, desde que um dessas não seja escolhida para ser "muñeca".

- Isso não faz o menor sentido.

- Não faz. Sabe outra coisa que não faz o menor sentido?

- O quê?

- "Don´t cry for me, Argentina."

- A música?

- É.

- Por quê?

- Já ouviu falar em país chorar?

- Não. Mas já ouvi falar em sentido figurado, licença poética, essas coisas. Você já ouviu falar nisso?

- Em país chorar ou em licença figurada?

- Olha...

- Não, nunca. Em nenhum dos dois. Estava pensando em aproveitar o e-mail que enviarei a essa academia espanhola e pedir uma revisão na letra da música.

- Acho que não é bem da alçada deles.

- Também acho. Mas já que vou mandar um e-mail mesmo, aproveito o "send".

- E vai sugerir o quê?

- Substituírem o "Argentina" da música.

- Pelo quê? "Neneca", "rabeca" ou "panqueca"?

- Pensei em Argemiro. Não ficaria legal "Don´t cry for me, Argemiro"?

- Ficaria lindo. Dependendo do naipe do Argemiro, claro.

- Pensei em um bem bonito. Barbudo e tudo.

- Nesse caso, pode mandar o e-mail com fé.