- Tô com uma dúvida existencial.
- Pregunte.
- Por que você sempre fala "pregunte" em vez de "pergunte"?
- Essa é a dúvida?
- Não. Essa é outra. Estou para te perguntar isso faz tempo.
- Então pregunte.
- O quê?
- Sua outra dúvida, a inicial.
- E essa do "pregunte", não vai responder?
- É urgente?
- Não.
- Então, póxima.
- "Póxima"?
- É. Póxima pregunta.
- Tá. Até quando a gente dá "feliz ano novo"? Estamos quase na metade de Janeiro e não sei como proceder. Já não sei se dou bom dia ou se dou feliz ano novo aos outros.
- Cara, acho que tem que dar "feliz ano novo" até o dia dos Santos Reis. Depois é facultativo.
- Dia do Sérgio Reis?
- Como?
- Quando é esse dia do Sérgio Reis?
- Hein?
- Aliás, o que acontece nesse dia, além de ser o marco do final da saudação de feliz ano novo? Por acaso as crianças vão a escola com um berrante nas costas?
- Que dia de Sérgio Reis?
- Na hora do intervalo, elas vão ao pátio, ficam em fila, colocam a mão no peito e cantam, em coro, "O Menino da Porteira"?
- Não fala dessa música. É muito triste. Mas eu disse Santos Reis, não dia de Sérgio Reis!
- E depois a cerimônia é encerrada com o Hino Nacional. Tocado com um berrante, naturalmente.?
- Ai.
- Tá. Mas que dia é esse aí?
- Seis de Janeiro.
- Esse não é o dia de Santos Reis?
- É. Foi o que eu disse.
- O Sérgio Reis foi alçado a santo? Agora além de Gaspar, Baltazar e Melchior temos o Sérgio Reis?
- Será inútil protestar, né?
- Imagina chegando na estebaria quatro caboclos, três de coroa e um com um chapelão de vaqueiro. Três deles com mirra, ouro, incenso e o rei Reis com uma porteira e um berrante no cangote.
- Bom, pelo menos se eles tivessem problemas com os animais, o Sérgio Reis poderia domar as vacas e os cavalos que tinham por perto.
- Só acho que o Sérgio Reis, como rei, deveria usar outro nome artístico. Adotar um ésse no final do nome cairia bem, por exemplo.
- Numerologia?
- Não, questão de estética. Não fica mais legal Rei Sergios Reis?
- Ele poderia subtrair um ésse do final do segundo nome. Rei Sérgio Rei. Não ficaria melhor?
- Ficaria. Ou poderia se bipartir e, tornando-se dois com o mesmo nome, seria o Reis Sérgios Reis.
- Imagina o incômodo que não ia ser o pessoal entrando em um estábulo com dois berrantes e duas porteiras. Iam ter que colocar o José pra dormir fora, para acomodar esses trambolhos incômodos.
- Já pensou que dois Sérgios Reis geraria, automaticamente, cinco reis magos?
- E magros. Porque o Sergião já tá só o pó. Se dividir em dois, sobrariam dois palitos.
- Será que eles, fracos fracos, iam conseguir carregar duas porteiras e dois berrantes?
- Isso só quem poderia responder seriam os dois Sérgio Reis. Vamos perguntar a eles?
- Eu acho que só tem um por aí, por enquanto.
- Que pena. Vamos ter que esperar ele se bipartir para ficar sabendo.
- Realmente, um pena.
2 comentários:
Muito bom, Bucha!
Sensacional....mas o sergião poderia olhar para o estábulo e cantar: "Mas nessa casa tem goteira, pinga ni mim"...rs
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