- Não gosto de policial gordo.
- Eu não gosto de mulher com coisa verde presa no dente.
- Coisa verde quer dizer o que? Um papagaio preso no dente?
- Não. Coisa do tipo alface, couve, aliche. Além de me dar aflição por eu nunca saber o que fazer, se aviso que tem um negócio verde lá ou deixo quieto, ainda acho que fica feio. Não orna, manja?
- Aliche não é verde. É cinza.
- O que só torna as coisas piores.
- Mas eu não gosto de policial gordo porque não condiz com a condição de policial. Eles deveriam estar em forma para o caso de precisarem correr atrás de bandido, não?
- Acho que não. Pra que correr se você pode atirar?
- Mas no caso de ele estar desarmado e precisar correr atrás de um bandido, é batata que vai perder na corrida. Mesmo porque todo bandido, consciente que é da sua profissão, é magro e está em forma.
- Acho que os bandidos são magros porque são tudo drogado, não porque são conscientes da profissão.
- Não importa o motivo. O fato é que em uma corrida o gordo toma um pau do magro. E, no Brasil, o gordo é o policial e o magro é o ladrão. Acho muita falta de noção e profissionalismo os policiais não cuidarem do corpo.
- Os policiais passam a maior parte do tempo sentados, não é fácil manter a forma assim.
- Quem disse que ia ser fácil? O problema é o princípio. Você cortaria o cabelo em um barbeiro careca, iria a uma fonoaudióloga com dislalia ou sairia para almoçar com uma vegetariana que tem como prato preferido alcatra mal passada?
- Não saio com vegetarianas.
- Por quê?
- Elas têm maior probabilidade de ficarem com coisa verde nos dentes. Só de pensar no que fazer, me arrepio todo.
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