- Daí eu ouvi "hoje vou fatiar perobo". E deu no que deu.
- Quer dizer que ele já chegou tilapiando a beirada?
- Exatamente. Daí eu pensei "ou corro e me salvo ou fico e vou para o beleléu". Daí, corri. Mas fui para o bebeléu, por uma infelicidade do destino.
- Como assim?
- Bom, ni qui eu sai correndo, achei que a porta estava aberta. Mas a porta não estava aberta. Era de vidro mesmo.
- Foi estilhaço para todo lado?
- Para todo lado, nada. Pra um só: meu corpo. Me ralei todo. Ó isso aqui, ó. Dói só quando eu respiro.
- Falando em respiro, estou com um problema meio grave. Estou com algo cheirando mal dentro do meu nariz. E a cada respirada, eu sinto esse odor horrendo. Alguma coisa deve ter estragado ali dentro. Acho que foi algum pêlo ou meleca.
- Meleca quando estraga vira ranho.
- É?
- É. Prova disso é que as pessoas as cospem ou as assoam. Já viu gente cuspir ou assoar meleca? Eu, nunca. Já ranho... vixe. É expelido com um asco tão grande que as pessoas até apostam quem cospe mais longe.
- Eu já ganhei medalha de prata em um concurso de mijo à distância, por falar nisso.
- Davam medalha nesse concurso? Que organizados, hein?
- Pra você ver como são as coisas, tinha até regra. Só podia tomar água duas horas antes do embate. Coca-cola, por exemplo, era considerado dopping.
- Quem diria que a organização chegou ao concurso de escatologia.
- Pois é. Aliás, sobre escatologia, tenho uma dúvida. Falar de espinha é escatologia?
- Não sei. Por quê?
- Porque eu queria dizer "falando em escatologia, outro dia me surgiu uma espinha e...". Posso falar isso?
- Pode falar o que quiser. Quem sou eu para te regrar?
- Bom, então, como eu dizia, por falar em escatologia, outro dia cocei o queixo e achei uma espinha. Aí, como ela ficava sob a barba, começou a me incomodar deveras. Quanto mais eu futucava, mais me incomodava. E os pêlos da barbicha ali, atrapalhando meu futuco.
- Aí você resolveu se barbear para coçar melhor.
- Já te contei isso?
- Depende. Quando você acabou de se barbear não encontrou nada sob a barba e concluiu que a espinha havia nascido na própria barbicha?
- Isso. Já ouviu essa história?
- Não.
- Ah, então, vê só que coisa estranha. Quando eu acabei de me barbear, não encontrei nada sob a barba. Sabe qual é a minha conclusão?
- Que a espinha havia nascido nos pelos da barbicha.
- Isso! Como você sabe?
- Já aconteceu comigo isso, certa feita. Mas no lugar da espinha, foi um galho. No lugar da barba, folhas. No lugar de mim, um jacarandá.
- Nossa! E aí, como você resolveu a questão?
- Ah, comprei uma tesoura de jardinagem e mandei bala.
- Ficou bom?
- Mais ou menos. O Edward Mãos de Tesoura faria melhor. E o Wolverine, pior. Acho que no final das contas, ficou na média.
- Será que o Wolverine nunca precisou amolar aquelas garras?
- Num duelo entre o Edward e o Wolverine, quem você acha que levava?
- Duelo do tipo briga ou de jardinagem?
- Num duelo neutro. Tipo em um concurso de quem come mais salsicha e bebe mais cerveja.
- De cerveja, Wolverine leva. De salsicha, Edward. Assim sendo, declaro empatados.
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