segunda-feira, 8 de junho de 2009

Lutas, Brigas e Tretas

- Bicho, dá uma olhada nisso.

- Nisso o que?

- Peraí, deixa eu abrir a camisa para você ver.

- Eu tenho a impressão de que nada que você tenha sob a camisa vá me interessar.

- Bom, agora já abri. Olha isso aqui.

- Credo! Te morderam no peito!

- Exatamente. Olha as marcas de dente. E esse roxo. Foi da sexta para o sábado, de madrugada.

- Você pegou alguma maluca sado-maso?

- Ninguém mais fala sadomasô.

- Eu falo. Raramente, mas falo. E então, foi alguma maluca sádica?

- Você não quer dizer sadomasô?

- Não. Eu disse que só usava a expressão raramente. Já a usei hoje. Agora, só em dezembro. Mas diga, quem foi a fulana?

- Fulana nada. Foi um alemão louco.

- Nossa, você virou florzinha?

- Ninguém mais fala florzinha. 

- Eu falo. Raramente, mas falo. E então, você virou florzona?

- Ai, ai.

- Não vai repsonder?

- Pior que não virei florzona. Sei lá porque, resolvi lutar judô com um alemão louco na madrugada de sábado para domingo. Quando percebi, depois que dei um ippon nele, ele me mordeu.

- A dentição dele deve ser forte, não? Para atravessar o quimono e te ferir...

- A gente estava sem quimono. Como foi uma luta de ocasião, eu usava uma camiseta normal mesmo. Ele também não usava um quimono.

- E usava o que?

- Nada.

- Como assim "nada".

- Ele estava sem camisa.

- Sei. E onde vocês arrumaram um tatame?

- Não tínhamos um tatame. Usamos o chão mesmo. De vez em quando, nos apoiávamos na cama ou na mesa de carteado, na qual uma galera jogava truco. Eu só descobri que era truco depois do ippon. Eu achava que os gritos eram de incentivo para a luta.

- Olha, se não tinha quimono, nem tatame, nem faixa, e tinha um alemão em vez de um japonês na parada, acho que não era judô, não. E vou além, você perdeu a luta.

- Mas eu dei um ippon!

- Não, não. Você estava brigando, não lutando judô. E briga não tem regra. Deu o ippon e tomou uma mordida. No desempate, como isso aí no seu peito deve estar doendo ainda, você perde. Aposto que o alemão louco não está dolorido no momento.

- Eu não sabia que briga não tinha regra. Se soubesse, tinha dado com o volume A-C da Barsa na cabeça dele, em determinado momento. Dava para até mesmo virar a instante no alemão. Até pensei nisso, mas como achei que fosse judô, não quis infringir as regras.

- E por isso perdeu. 

- Se eu soubesse, ia até a cozinha, pegava um limão, cortava ao meio, voltava e esfregava no olho do alemão. Isso valeria, né?

- Claro. Briga não tem regra. Judô, jiu jitsu, taekwondo e mais outras coisas, sim. Isso aí, não.

- Droga. Valia até estilingada?

- Não, nesse caso não. 

- Por quê? Estilingue entra na categoria de tiro ao alvo?

-Estilingue, tijolada, pedrada e outras coisas de atirar entram na categoria treta à distância. E vocês estavam bem agarrados, não?

- Sim. 

- Ui! Florzinha.

- Ei, você disse que usava raramente essa palavra.

- É mesmo! Inferno. Agora, só em 2022.

3 comentários:

Flávia D'Álima disse...

A 3 semanas atrás aconteceu um troço estranho comigo, briguei com um cachorro (cachorro mesmo de 4 patas, com pelo pelo corpinho todo e da raça canina). Na verdade ele é que brigou comigo, na verdade ele me mordeu mesmo. Eu estava na calçada falando ao celular e o danado do cão me mordeu no braço, no lado de dentro do braço, tá esquisito até hoje porque ainda não sarou, e tirando as pessoas que estavam na cena do crime ninguém acredita que foi um cachorro (cachorro mesmo de 4 patas, com pelo pelo corpinho todo e da raça canina).

Flavia D'Álima disse...

Ai meu Deus não acredito! Não coloquei o chapéu no pêlo e com o pelo do lado que é sem chapéu fica esquisitinho né?!!!

Buchabick disse...

Um cachorro já me atacou quando eu ia entregar um currículo - aliás, dois. O meu e o do Costela, que escreve esse blog aqui também. Me livrei dele e entreguei os currículos, completamente sujos, meio rasgados e semi-danificados. Nunca nos chamaram no emprego.

Mas esse troço com o Alemão foi mais esquisito, confesso.