segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ovos de Amendoim, Chato sem Galochas

- Acabei de fazer uma coisa bem idiota.

- Vai me dizer que, de novo, você errou de propósito a senha do cartão do banco no caixa eletrônico, só para ver o que aconteceria?

- Eu não queria ver o que aconteceria. Eu queria saber se algum alarme seria disparado ou se a SWAT invadiria o Bradesco e me renderia.

- Não aconteceu nada disso, não é?

- Não. Meu cartão foi bloqueado e deu um trabalho danado para desbloquear.

- Nem sinal da SWAT?

- Nada. Só a Geni, a gerente do meu banco, que ficou furiosa. Eu quase tive que chamar a SWAT para ela largar do meu pescoço.

- Certo. E qual foi a bobagem que você fez agora?

- Eu tava distraído, trabalhando em uns rascunhos e comendo aqueles ovinhos de amendoim. Sabe quais são?

- Sei sim. Dão uma azia dos diabos. Só perdem para a esfiha de carne do Habib´s, que é temperada com azia. 

- Exatamente. Pois então, distraidamente, fui comendo, comendo e, quando vi, coloquei na boca minha borracha branca. 

- Éca!

- Mas eu estava tão distraído que acabei engolindo. Só percebi que era a borracha quando olhei para a mesa e não a vi. Daí olhei para dentro e percebi que ela tava descendo garganta abaixo.

- Como você olhou para dentro?

- Não importa. O fato é que engoli o diabo da borracha. 

- Bom, não chega a ser uma bobagem tão grande a não ser que...

- Pois é. Quando percebi que era a borracha, dei uma tremida e rabisquei sem querer metade da página. E aí, cadê a borracha para me salvar?

- Que irônico, não? Se você não tivesse engolido a borracha, provavelmente não precisaria dela.

- Pois é. Daí eu tentei apagar o borrão com os ovinhos, mas não deu certo. Esmigalhou tudo. Ficou uma porqueira.

- Eu achei que as borrachas, assim como as lapiseiras, grafites e Bics 4 Cores tinham desaparecido da face da Terra. Nunca mais tinha ouvido falar. 

- Ainda existem algumas poucas. No caso das borrachas, há uma a menos na Terra.

- Quando você falou em bobagem que fez, lembrei de uma que eu fiz recentemente.

- Passou o café com o pó usado novamente, só para economizar?

- Não, não. Parei com essa fase de mesquinharia. A única coisa que reutilizo, hoje em dia, é camisinha.

- Por favor, não desenvolva.

- Não vou. Vou te contar a bobagem que fiz. 

- Qual?

- Fiz um churrasco em casa outro dia e passei o tempo todo descalço. No fim do dia, meus pés estavam pretos. Fiquei com preguiça de lavar e fui dormir assim. Mas tive o cuidado de ficar com eles para fora da cama.

- Sei. 

- Daí, no dia seguinte, acordei e a casa estava imunda. Você conhece bem a horda que frequenta meus churrascos, não?

- Sim. 

- Pois então, tinha coisa para todo lado. O chão estava grudando por conta de cerveja, caipinha e mel derramados. Não tinha um prato limpo, a churrasqueira ainda estava acessa e, estranhamente, assava um pedaço de madeira. Tinha até um ou dois mendigos dormindo na sala.

- Correto.

- Bom, daí não tive coragem de pisar no chão e recorri ao meu chinelo. Fiquei o dia todo com o chinelo em contato com o solado do meu pé, que estava imundo.

- E?

- Bom, daí depois lavei o pé e tals. Mas parte da sujeira do meu pé impregnou no chinelo. Resultado: toda vez que eu usava o chinelo depois disso, meu pé ficava sujo. Demorei para perceber que o problema era o chinelo. Quando percebi, tive que inutilizá-lo.

- Bom, pelo menos era um chinelo, que é baratinho. Pior se fosse uma pantufa ou uma galocha.

- Galocha é cara?

- Não sei. Por quê?

- Tava pensando em comprar uma. 

- Se eu perguntar "por que", você vai fazer algum piada com "chato de galochas"?

- Vou.

- Então não vou perguntar. 

- Seu chato.

Um comentário:

Flavinha disse...

Galochas estavam na moda no inverno passado. Mas ninguem tinha coragem de andar por ai com bota de lavar o quintal.