domingo, 27 de dezembro de 2009

O Caso Sean Deveria Ser Resolvido no Ratinho

- E aí, como foi o Natal?

- O Natal em si, foi ok. Já os traslados, um tanto estranhos.

- Resuma.

- Bom, peguei o ônibus rumo ao Paraná na Barra Funda. Foi quando descobri que a Barra Funda é mesmo muito, muito funda. 

- Por quê?

- Cheguei cedo para esperar o ônibus e sentei no chão, com minha mochila ao lado. Aí, à minha frente, uns dois metros, notei uma moça até que bem feia que ia começar a comer uma coxinha.

- Sei.

- Entrei em uma espécie de transe hipnótico a observando. Só despertei porque uma freira com uma costeleta enorme, que bem poderia ser confundida com o Elvis disfarçado de religiosa, tropeçou na minha cabeça.

- Devo dizer "que sorte" ou "que azar"?

- Sorte. Porque quando acordei, vi que se passara uma hora e estava quase no momento de pegar o busão.

- Rapaz, a irmã Presley te salvou.

- Sim. E mais: quando olhei para a frente, a mulher ainda estava na METADE da coxinha. Vai comer devagar assim no inferno.

- Não blasfema. A irmã Presley não ia curtir. Te daria uma bica na cabeça com sapato de camurça azul se ouvisse você falando isso. 

- Na volta da viagem, a coisa foi um pouco mais estranha. O ônibus quebrou duas vezes, conheci um declamador fanático que sentou uma cadeira atrás da minha e, ao meu lado, veio uma caixa lacrada com silvertape. Às vezes, o que quer que houvesse lá dentro rosnava.

- Credo.

- E quando rosnava, saía uma aguinha debaixo da caixa. Acho que era baba do que quer que estivesse rosnando lá dentro.

- Deus! E não dava para trocar de lugar?

- O único lugar disponível no ônibus todo era ao lado do declamador fanático. Preferi pegar hidrofobia daquilo que estava rosnando e babando dentro da caixa do que ouvir, por 12 horas, como o tal declamador era bom em fazer dobraduras com canudos plásticos.

- Ele falava isso?

- Ele falava sobre tudo. Mas olha que interessante: na segunda vez que o ônibus quebrou, estávamos pertinho, a uns 30 minutos, da rodoviária. O motorista conseguiu estacionar na frente de um batalhão de polícia, na marginal Tietê. 

- Sei. 

- Aí, todos descemos e esperamos o busão reserva. Mas uma loira que estava com mais pressa, ligou para o namorado buscá-la. Chega o namorado para pegá-la em um carro sem placa. Pronto, a poícia foi lá averiguar o cidadão. 

- Que sinuca!

- Aí checa documentos, revista o caboclo. Em resumo: o cara que ia dar carona para a namorada teve o carro apreedido e teve que esperar o ônibus reserva, como todo mundo, para ir embora.

- Hahaha. Que ironia.

- Sabe o que é pior?

- O que?

- Já te falei que o único lugar vazio no ônibus era do lado do declamador fanático? Então, adivinha onde o coitado do carro apreendido teve que sentar...

- Rapaz... e eu perdendo tudo isso, somente acompanhando o caso Sean Goldman.

- Ah, eu só acompanhei por 2 minutos, depois do desfecho. Uma pena, já que eu queria mais informações sobre o assunto. Gosto muito de casos envolvendo barracos de família.

- Eu também. Acho que a TV ficou mais pobre depois que o programa do Ratinho parou de fazer os testes de DNA.

- "E SE FOR TEU? E SE FOR TEU? TESTE DE DNA PRA SABER SE O FILHO É TEU". Essa música era sublime.

- Para mim, o melhor de todos os barracos é o caso Elian. Depois, o do menino Pedrinho. Esse do Sean fica em terceiro. 

- Mas na minha cabeça, tinha um jeito de revolver o problema rapidamente. É simples: duas famílias de países diferentes querem a custódia da criança? Então vai para o país melhor. No caso Sean, tá na cara que devia ir mesmo para os Estados Unidos.

- Hummm.

- Agora, se o pai fosse boliviano ou peruano, daí o Sean deveria ficar no Brasil. Simples assim. 

- E se o pai fosse mexicano e a família, brasileira?

- Aí, apelamos para a sabedoria de Salomão e dividiríamos a criança em questão. Azar dela se os dois países são tão semelhantes. 

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Colaborou, voluntaria e anonimamente, com medo de processos, LS.

2 comentários:

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Amei o declamador, hahaha!!!!

Ótimo 2010 para todos, viu?

Beijos,

Bela

Anônimo disse...

Grande Bucha