segunda-feira, 5 de abril de 2010

Museus, Futebols e as ex-mulheres do Netinho reunidos

- Vai vendo como são as coisas.

- Como são?

- Esses dias, estava visitando um museu. E pedi para um cidadão bater uma foto minha.

- Ele disse que sim, você deu a máquina e ele saiu correndo, te roubando o equipamento na cara larga?

- Não, nada disso.

- Que pena, a história ficaria bem mais legal se fosse isso. E ainda te daria uma lição valiosa: nunca pedir a um cidadão com uma meia-calça na cabeça, com a camisa do Corinthians e usando calças cáqui para bater uma foto sua.

- Ô, debilóide. Posso terminar minha história? A qual, aliás, me deu uma outra lição valiosa, diga-se.

- Pode. Mas lembre-se: nunca peça a um mascarado com uma meia calça para bater uma foto sua.

- Certo. 

- Então, prossiga.

- Pois então. Aí pedi para o caboclo bater a foto e ele, amavelmente, se prontificou a fazê-lo. Até aí, tudo normal.

- Sim.

- Bateu várias fotos, até. Me entregou a máquina. Fui olhar e estava tudo muito ruim. Boa parte delas tremidas. Outro tanto, cortando minha cabeça ou minhas pernas.

- Aí você foi reclamar?

- Não, claro que não. Imagina. O cara tinha feito um favor. Achei por bem ficar quieto. Mas o problema é que ele veio perguntar se estavam ok.

- E?

- Bom, daí eu disse que sim. Que alguma tinham ficado meio estranhas, mas que não tinha problema. Aí ele justificou dizendo que era fotógrafo profissional.

- Formado pela APAE?

- Hahahaha.

- Aliás, como alguém justifica algo que fez bisonhamente dizendo ser profissional naquilo? Não seria o contrário?

- Ele disse que, como era fotográfo profissional, não poderia tirar fotos boas em horário de folga sem cobrar nada. Seria uma espécie de postura ou principio profissional.

- Que coisa mais estranha.

- Exato. Disse que se batesse fotos com maestria estaria, em momento de folga, exercendo a profissão. Que isso não seria correto e, mais, injusto com seus patrões, que pagavam para ele tirar fotos enquanto eu, com um simples pedido verbal, conseguiria seus préstimos.

- Que história mais sem pé nem cabeça. É como se eu pedisse para você pegar um papel no chão e você dissesse que não, porque é um gari profissional e não limpa nada fora do horário de trabalho.

- Exatamente.

- Ou se esticasse a mão para te comprimentar e você se recusasse, alegando que é mímico profissional e não faz gestos fora do horário de trabalho.

- Como é?

- Acho que agora exagerei.

- Tá. De qualquer maneira, peguei a máquina, agradeci o fotógrafo e resolvi ir ver outras coisas no museu.

- E acabou a história?

- Mais ou menos. Antes de sair, o fotógrafo me deu o cartão dele e disse que, precisando, estava à disposição. Daí, eu virei as costas e ele me cutucou. Voltei a ele e ele me perguntou as horas.

- E?

- E eu disse que eram 7 e meia da noite.

- E?

- Como era  dia claro ainda - para ser exato, era de manhã -, ele estranhou. E até mesmo disse: 'ué, mas não é de manhã?'. 

- Por que você mentiu?

- Disse a ele que era cuco profissional e não podia responder corretamente, já que não estava ganhando nada com aquilo. Achei que ficou tudo elas por elas, nesse caso.

- Isso me lembrou uma vez, que fui jogar bola com uns desconhecidos, em uma praia em Cuba.

- O que tem a ver?

- Então, vi uns caras jogando bola e fui perguntar se podia entrar. Disseram que sim. Era um bando de turistas iranianos, mais um punhado de guatemaltecos e eu, brasileiro.

- Sei.

- Quando me apresentei, eles logo ficaram cabreiros. Todos me queriam no time, só pelo fato de ser brasileiro.

- Já te vi jogando futebol. É patético, para dizer o mínimo. Parece muito o Curly, dos Três Patetas tentando fritar um ovo.

- Pois então, eu sei disso. Você sabe disso. Mas a turistada não sabia. Fama de brasileiro é essa aí.

- Ainda bem que você não é mulato, se não tinham de proposta casamento ali mesmo na praia.

- Pensei nisso também. De qualquer forma, foi minha melhor partida. 

- Fez gol e tudo mais?

- Nada. Aos 4 minutos de jogos, eu já tinha apanhado mais do que ex-mulher do Netinho de Paula. Um inferno mesmo. 

- E como jogou tão bem?

- Só apanhei. O pessoal não me deixava dominar a bola e já vinha passando o rodo. No final das contas, sai mancando, todo roxo e sem encostar na bola. E ainda assim, todo mundo veio me dar os parabéns. Ah, a fama dos brasileiros é mesmo uma coisa ímpar. 

- E você ficou feliz em apanhar?

- Claro. Se me deixam dominar uma bola, percebem que tenho dois pés esquerdos e a coordenação de uma maria mole dotada de vida. Como não deixaram, não fiz papelão. E, no dia seguinte, ainda brigaram para me por no time. 

- Você jogou dois dias seguidos?

- Não, claro que não. Quis parar no auge. E parei.

Um comentário:

Rafael P disse...

Muito bom....
Minha primeira vez aqui.
Ja fiquei fã.
Abs