- E essa Caro Emerald, hein? Que classe, que sofisticação, que sonzaço!
- Como é?
- Não conhece?
- O quê?
- Cara, olha isso. Depois conversamos.
- Rapaz! Que classe, que estilo, que sofisticação.
- E a turminha dela? São tão cool e tão cultos que aposto que discutem Baudelaire nas festinhas. Tomam gim e riem a valer de referências de filmes do Truffaut.
- E a gente falando de futebol e de mulher feia.
- Os garçons passam servindo escargot na bandeja. Eles pulam na piscina de roupa e já saem secos.
- E a gente chafurdando em ilhas de chorume.
- Quando vão fazer piadas, aí só usam conceitos do neorrealismo italiano e citam Vittorio De Sica.
- E eu citando piadas do Ary Toledo, que ouvia em uma fita cassete, porque tinha preguiça de ler.
- Exatamente, exatamente. O som dessa Caro é tão envolvente que ontem, voltando de busão de São Caetano, me senti em uma balada mediterrânea.
- Ah, não.
- Sério. Começou a tocar essa "Night Like This" e imediatamente me senti fora do meu próprio corpo.
- Não começa.
- Verdade. Aí já comecei a molejar, antes mesmo de passar a roleta. Olhei para o motorista e vi um DJ. Dei a grana para o trocador e esperei um drinque. Mas só veio um troco e uma cara feia.
- Podia ser pior, você podia ter pego o ônibus em Mauá. Ou, pior ainda, ter pego o ônibus para Mauá.
- Bom, aí tinham umas mocinhas sentadas e umas em pé. As de pé eram as da pegada da balada. As sentadas estavam a fim de conversar e rir. A cada curva mal dada, eu entendia que estava todo mundo dançando. Quando vi, estava sendo expulso pelo segurança da balada.
- Chegou seu ponto e você desceu?
- Nada. Me empolguei tanto que resolvi fumar. Aí me expulsaram.
- E não pode mais fumar em ônibus hoje em dia?
- Crack, aparentemente, não.
- Ah. Que pena.
2 comentários:
Noooossa... amo ela... na boa... ela é foda!!!
Vim aqui pelo merchan feito na Trivela. Muito legal, tá nos favoritos já...
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