sexta-feira, 1 de julho de 2011

Um pouco de sofisiticação

- E essa Caro Emerald, hein? Que classe, que sofisticação, que sonzaço!

- Como é?

- Não conhece?

- O quê?

- Cara, olha isso. Depois conversamos.



- Rapaz! Que classe, que estilo, que sofisticação.

- E a turminha dela? São tão cool e tão cultos que aposto que discutem Baudelaire nas festinhas. Tomam gim e riem a valer de referências de filmes do Truffaut.

- E a gente falando de futebol e de mulher feia.

- Os garçons passam servindo escargot na bandeja. Eles pulam na piscina de roupa e já saem secos.

- E a gente chafurdando em ilhas de chorume.

- Quando vão fazer piadas, aí só usam conceitos do neorrealismo italiano e citam Vittorio De Sica.

- E eu citando piadas do Ary Toledo, que ouvia em uma fita cassete, porque tinha preguiça de ler.

- Exatamente, exatamente. O som dessa Caro é tão envolvente que ontem, voltando de busão de São Caetano, me senti em uma balada mediterrânea.

- Ah, não.

- Sério. Começou a tocar essa "Night Like This" e imediatamente me senti fora do meu próprio corpo.

- Não começa.

- Verdade. Aí já comecei a molejar, antes mesmo de passar a roleta. Olhei para o motorista e vi um DJ. Dei a grana para o trocador e esperei um drinque. Mas só veio um troco e uma cara feia.

- Podia ser pior, você podia ter pego o ônibus em Mauá. Ou, pior ainda, ter pego o ônibus para Mauá.

- Bom, aí tinham umas mocinhas sentadas e umas em pé. As de pé eram as da pegada da balada. As sentadas estavam a fim de conversar e rir. A cada curva mal dada, eu entendia que estava todo mundo dançando. Quando vi, estava sendo expulso pelo segurança da balada.

- Chegou seu ponto e você desceu?

- Nada. Me empolguei tanto que resolvi fumar. Aí me expulsaram.

- E não pode mais fumar em ônibus hoje em dia?

- Crack, aparentemente, não.

- Ah. Que pena.

2 comentários:

Olívia disse...

Noooossa... amo ela... na boa... ela é foda!!!

Pedro Damin disse...

Vim aqui pelo merchan feito na Trivela. Muito legal, tá nos favoritos já...