- Eu acho que não ouvi bem. Pode repetir?
- Acabo de tirar um pedaço de couve do tamanho de um ornitorrinco do meu dente. Tava preso entre meu canino e meu pré-molar.
- Por que você está me falando isso?
- Porque acabei de tirar. Se eu ainda estivesse com a couve presa no dente, dificilmente estaria conseguindo falar. Não percebeu que fiquei a tarde toda em silêncio?
- Você tava com essa couve presa aí desde a hora do almoço?
- Pior que não sei que hora ela entrou na minha boca. Almocei só um pastel. Não comi couve hoje.
- Comeu ontem?
- Também não. Acho que foi no meio da tarde.
- Como assim?
- Acho que eu tava distraído, bocejando no meio da tarde, quando a couve entrou sorrateiramente e se enfurnou entre meu canino e meu pré-molar.
- Couve anda?
- Não sei se anda. Mas que voa, voa. Não tenho outra explicação para ela ter vindo parar aqui.
- A única explicação é que ela entrou voando?
- Isso.
- Já pensou que você pode ter comido couve no final de semana. Aí, uma sementinha dela ficou presa na sua gengiva. Você foi bebendo água e, sem querer, aguando a bichinha. aí, hoje, ela floresceu. Pode ser isso, não?
- Pode. Mas como ela cresceu rápido. Precisaria de adubo, para tanto.
- E as merdas que você fala?
- Opa, opa, opa. Alto lá. Se vai ofender, depois vai ter que aguentar.
- O quê?
- A tréplica.
- Que seria?
- Humm.
- Como?
- Humm. Humm. Humm.
- Ficou mudo?
- Hummm.
- Apareceu outra couve?
- Humm.
- Hahaha. É, e dessa vez nenhuma passou voando. Acho que sua gengiva tá criando couve mesmo. E adubando que é uma beleza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário