terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Menino na Gengiva Verde

- Malandro... acabo de tirar um pedaço de couve do tamanho de um ornitorrinco do meu dente.

- Eu acho que não ouvi bem. Pode repetir?

- Acabo de tirar um pedaço de couve do tamanho de um ornitorrinco do meu dente. Tava preso entre meu canino e meu pré-molar.

- Por que você está me falando isso?

- Porque acabei de tirar. Se eu ainda estivesse com a couve presa no dente, dificilmente estaria conseguindo falar. Não percebeu que fiquei a tarde toda em silêncio?

- Você tava com essa couve presa aí desde a hora do almoço?

- Pior que não sei que hora ela entrou na minha boca. Almocei só um pastel. Não comi couve hoje.

- Comeu ontem?

- Também não. Acho que foi no meio da tarde.

- Como assim?

- Acho que eu tava distraído, bocejando no meio da tarde, quando a couve entrou sorrateiramente e se enfurnou entre meu canino e meu pré-molar.

- Couve anda?

- Não sei se anda. Mas que voa, voa. Não tenho outra explicação para ela ter vindo parar aqui.

- A única explicação é que ela entrou voando?

- Isso.

- Já pensou que você pode ter comido couve no final de semana. Aí, uma sementinha dela ficou presa na sua gengiva. Você foi bebendo água e, sem querer, aguando a bichinha. aí, hoje, ela floresceu. Pode ser isso, não?

- Pode. Mas como ela cresceu rápido. Precisaria de adubo, para tanto.

- E as merdas que você fala?

- Opa, opa, opa. Alto lá. Se vai ofender, depois vai ter que aguentar.

- O quê?

- A tréplica.

- Que seria?

- Humm.

- Como?

- Humm. Humm. Humm.

- Ficou mudo?

- Hummm.

- Apareceu outra couve?

- Humm.

- Hahaha. É, e dessa vez nenhuma passou voando. Acho que sua gengiva tá criando couve mesmo. E adubando que é uma beleza.


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