- Isso o quê?
- Ih, esqueci.
- Repete, pô.
- Não, é sério. Esqueci mesmo. Mas mudo de assunto.
- Mude.
- Minha memória anda cada vez pior.
- É? A minha também.
- Já te falei isso?
- Nunca saberemos. A minha memória vai de mal a pior.
- A minha chegou em um ponto que não sei se li algo, se vi na TV, se vi no cinema ou se sonhei.
- Eu, pelo menos, fico feliz várias vezes pelo mesmo motivo. "Vai casar? Parabéns! Ah, já disse? E o que eu disse da primeira vez? Parabéns, também? Viu! Eu não estava mentindo."
- Minha situação é tão ruim que falo uma coisa que acho que inventei e posso estar plagiando Shakespeare sem saber.
- Outro dia, eu estava contando uma piada, perdi o fio da meada e, quando vi, estava recitando Carlos Drummond de Andróide.
- Andrade.
- Não, era Carlos Drummond de Andróide mesmo. Não conhece?
- Não. É bom?
- Uma máquina de escrever. Uma máquina!
- Ai, ai.
- O quê?
- Me diz que você fez esse trocadilho infame com o Drummond só pra emendar essa piada.
- Que piada?
- Carlos Drummond de Andróide.
- Como?
- Carlos Drummond de Andróide, o poeta que é uma máquina.
- Hahaha. Muito boa. Gostei da piada. Posso usar?
- É sua, pô.
- É?
- É.
- Ah, então não espalha. Não achei tão boa assim.
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com ajuda involuntária da Juliana.
Um comentário:
Não espalha..
Haha...
Bom voltar aqui.
Abraço
Neo
Todos os Sentidos
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