- Que diabo da Deus?
- Deus, aquela cerveja que custa R$ 129 no Makro e é considerada uma das melhores do mundo.
- Ah, aquela.
- É, aquela.
- E vale cada centavo desses R$ 120?
- R$ 129.
- Vale os R$ 120 e mais R$9 de lambuja?
- Não. É que ela custou R$ 129. Você disse R$ 120. Mas é R$ 129.
- O Renato Maurício Prado é uma boa besta, né?
- Eu acho. Mas o que isso tem a ver com a cerveja?
- Nada. Mas acho que é dever cívico falarmos isso pelo menos uma vez por dia. Não tinha dito ainda hoje.
- Ah, sim.
- Aliás, fosse eu dono do mundo, criaria uma lei obrigando as pessoas a dizerem isso uma vez por dia. E uma vez por semana jogar spray de pimenta na cara do Emerson Leão. Além disso, também faria uma emenda obrigando o Arnaldo Jabor a somente abrir a boca para falar vogais. E ao Diogo Mainardi andar com um chapéu com orelhas de burro para cima e para baixo. Por fim, contrataria uma trupe de tatuadores para tatuar, mesmo que a revelia, a cara do Milton Neves nas costas do Juca Kfouri e pronto. Não mudaria mais nada, nadinha, no mundo.
- Taí, votaria em você. Tenho a impressão que o sonho do Renato Maurício Prado é pegar o zico, afagá-lo um pouco e, depois, colocá-lo no colo e deixá-lo lá. Eternamente.
- Ou vice-versa. Mas termine de falar sobre a Deus.
- Ah, sim. Não, ela não vale os R$ 129. As coisas valem o valor que damos a elas, sabe?
- Frase inédita, hein.
- Sim.
- E vale quanto?
- Considerando que as coisas valem o valr que damos a ela e eu paguei R$ 129, então ela vale R$ 129.
- Contraditório, você.
- É. A verdade é que estou na dúvida. Mas não pagaria R$ 129 novamente.
- Por quê?
- Porque sou adepto da cerveja artesanal. Gosto mesmo é de fazer minha própria cerveja.
- Sim.
- Como?
- Então, a Deus é uma cerveja meio achampanhada. É um espumante de breja.
- Não parece bom.
- Não é das melhores.
- Bom, descobri meio que um modo caseiro de fazer a cerveja e vou tentar. Depois te falo se deu certo.
- "Se Deus certo"? Rá!
- Ai, ai.
- Bom, mas afinal, como é o diabo dessa cerveja? Boa? Ruim? Tem gosto de quê? Você falou, falou e não disse nada.
- É que é meio difícil dizer.
- Resuma. Seis linha, no máximo, por favor.
- Ok. Se eu fosse escrever sobre ela no Resenha em 6, eu diria algo como...
- Como...
- Custa uma pequena fortuna e nem é essas coisas. Parece que uns monges belgas levam mais de um ano para fazer, sendo que a maior parte do tempo ficam girando a garrafa e conversando sobre amenidades. Para saber o gosto a preço de custo, abra uma Skol, jogue metade fora. Adicione Cidra na latinha até completá-la. Gire-a por um ano ou três segundos, como preferir, e beba.
5 comentários:
Boa Buchabik.
E sobre a Deus é com primeira comunhão. Ela fica no altar da sua casa durante um bom tempo, como um instrumento de provação, depois que toma, tem gosto de hóstia. Mas vale pela curiosidade.
E que tal um gole dessa aqui?
--> http://papodehomem.com.br/cervejas-mais-antigas-do-mundo-encontradas-no-mar-baltico/
Mesmo com o paladar afetado pelo consumo de brejas inglesas, alemãs, japonesas e sei lá de onde... que bebi antes da Deus, posso dizer que curti. Só acho que o meu olfato já estava comprometido, pq não identifiquei quase nenhum dos aromas que li num blog que descrevia a Deus:
"Seu aroma é extremamente complexo, desenvolvendo fragrâncias de maçãs frescas, hortelã, tomilho, gengibre, malte, pêras, lúpulo, pimenta-da-jamaica e cravo-da-índia."
Tatuar o Milton Neves no Juca Kfouri seria demais!
os textos estão ótimos, parabéns.
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