domingo, 5 de setembro de 2010

Sobre Deus, Renato Maurício Prado e Minhas Finanças

- Tomei o diabo da Deus ontem.

- Que diabo da Deus?

- Deus, aquela cerveja que custa R$ 129 no Makro e é considerada uma das melhores do mundo.

- Ah, aquela.

- É, aquela.

- E vale cada centavo desses R$ 120?

- R$ 129.

- Vale os R$ 120 e mais R$9 de lambuja?

- Não. É que ela custou R$ 129. Você disse R$ 120. Mas é R$ 129.

- O Renato Maurício Prado é uma boa besta, né?

- Eu acho. Mas o que isso tem a ver com a cerveja?

- Nada. Mas acho que é dever cívico falarmos isso pelo menos uma vez por dia. Não tinha dito ainda hoje.

- Ah, sim.

- Aliás, fosse eu dono do mundo, criaria uma lei obrigando as pessoas a dizerem isso uma vez por dia. E uma vez por semana jogar spray de pimenta na cara do Emerson Leão. Além disso, também faria uma emenda obrigando o Arnaldo Jabor a somente abrir a boca para falar vogais. E ao Diogo Mainardi andar com um chapéu com orelhas de burro para cima e para baixo. Por fim, contrataria uma trupe de tatuadores para tatuar, mesmo que a revelia, a cara do Milton Neves nas costas do Juca Kfouri e pronto. Não mudaria mais nada, nadinha, no mundo.

- Taí, votaria em você. Tenho a impressão que o sonho do Renato Maurício Prado é pegar o zico, afagá-lo um pouco e, depois, colocá-lo no colo e deixá-lo lá. Eternamente.

- Ou vice-versa. Mas termine de falar sobre a Deus.

- Ah, sim. Não, ela não vale os R$ 129. As coisas valem o valor que damos a elas, sabe?

- Frase inédita, hein.

- Sim.

- E vale quanto?

- Considerando que as coisas valem o valr que damos a ela e eu paguei R$ 129, então ela vale R$ 129.

- Contraditório, você.

- É. A verdade é que estou na dúvida. Mas não pagaria R$ 129 novamente.

- Por quê?

- Porque sou adepto da cerveja artesanal. Gosto mesmo é de fazer minha própria cerveja.

- Sim.

- Como?

- Então, a Deus é uma cerveja meio achampanhada. É um espumante de breja.

- Não parece bom.

- Não é das melhores.

- Bom, descobri meio que um modo caseiro de fazer a cerveja e vou tentar. Depois te falo se deu certo.

- "Se Deus certo"? Rá!

- Ai, ai.

- Bom, mas afinal, como é o diabo dessa cerveja? Boa? Ruim? Tem gosto de quê? Você falou, falou e não disse nada.

- É que é meio difícil dizer.

- Resuma. Seis linha, no máximo, por favor.

- Ok. Se eu fosse escrever sobre ela no Resenha em 6, eu diria algo como...

- Como...

- Custa uma pequena fortuna e nem é essas coisas. Parece que uns monges belgas levam mais de um ano para fazer, sendo que a maior parte do tempo ficam girando a garrafa e conversando sobre amenidades. Para saber o gosto a preço de custo, abra uma Skol, jogue metade fora. Adicione Cidra na latinha até completá-la. Gire-a por um ano ou três segundos, como preferir, e beba.

5 comentários:

Alex Mecenas disse...

Boa Buchabik.

E sobre a Deus é com primeira comunhão. Ela fica no altar da sua casa durante um bom tempo, como um instrumento de provação, depois que toma, tem gosto de hóstia. Mas vale pela curiosidade.

Yan Borowski disse...

E que tal um gole dessa aqui?

--> http://papodehomem.com.br/cervejas-mais-antigas-do-mundo-encontradas-no-mar-baltico/

Camila Pratti disse...

Mesmo com o paladar afetado pelo consumo de brejas inglesas, alemãs, japonesas e sei lá de onde... que bebi antes da Deus, posso dizer que curti. Só acho que o meu olfato já estava comprometido, pq não identifiquei quase nenhum dos aromas que li num blog que descrevia a Deus:

"Seu aroma é extremamente complexo, desenvolvendo fragrâncias de maçãs frescas, hortelã, tomilho, gengibre, malte, pêras, lúpulo, pimenta-da-jamaica e cravo-da-índia."

Costela disse...

Tatuar o Milton Neves no Juca Kfouri seria demais!

Victor Ribeiro disse...

os textos estão ótimos, parabéns.