sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Garota Caiu na Rua...

- Daí, ela me pediu ajuda para... para...

- Fazer um filme pornô?

- Não. Para... como é que fala mesmo?

- Amarrar o sapato?

- Não, porra. Para...

- Comer mandioca? Fazer dobradura com papel? 

- Não. Para... para... 

- Para fazer dobradura sem papel?

- Aí meu Deus. Para...

- Comer uma macarronada da mama sem mastigar?

- Não, cacete. Para...

- Ela te pediu ajuda para soletrar a palavra "ambíguo" no programa do Caldeirão do Hulk.

- Porra, porra. Não. Para...

- Trocar pilha de um rádio? Escalar os 20 maiores jogadores que usaram bigode na história? Coçar sua omoplata? Definir o gênero de omoplata, se é "o omoplata" ou "a omoplata".

- Hum, hum. Para...

- Fazer um cafuné? Fazer um filme pornô?

- Você já chutou essa.

- E não era, né?

- Não. Aliás, você está chutando aleatoriamente há alguns minutos. Você tem alguma idéia sobre o que eu estava falando?

- Eu achava que estava acompanhando seu raciocínio. Mas se não tem a ver com filme pornô, mandioca, dobradura, macarronada, soletramento, pilhas, bigodes, gênero de palavras, então em algum momento eu me perdi.

- Soletramento?

- É. O ato de soletrar.

- Não seria soletração?

- Não, acho que não. De qualquer forma, me perdi na sua história. O que você dizia mesmo antes de chegar na parte de que ela te pediu ajuda para algo indefinido. 

- Que uma garota andava na minha frente esses dias. Aí ela escorregou e caiu no chão. Eu parei para ajudá-la. Ela estendeu a mão e aí me pediu ajuda para... aí meu Deus, para... com o se fala mesmo?

- Fazer um filme pornô?

- Não. Uma pena. E ela era meio boa até. Mas não sei se teria coragem de ficar pelado na frente de câmeras. Se fosse ajuda para uma peça pornô, acho que aceitaria. Acho teatro arte mesmo. Até o pornô. Já filme é coisa de alienado. 

- Então não consigo fazer idéia de que tipo de ajuda ela queria, já que estava ali no chão, com a mão estendida.

- Pois é. Depois eu até saquei o que era, mas não lembro a palavra agora.

- Você a ajudou a levantar?

- Nada. Não sabia bem o que ela queria. Fiquei confuso. Perguntei se estava bem, ela disse que sim. E estendeu a mão. Aí dei uma bica na mão dela e sai andando. Achei que fosse me assaltar, com aqueles dedos ágeis. 

- Entendo.

- Demorou um pouco, mas conclui que ela estava se fazendo de coitada para me assaltar. Certeza que queria ajuda para... para...

- Aumentar o número de idiotas que caíram no velho golpe da mulher indefesa e gostosa no chão, que acaba surrupiando a carteira do bom samaritano, que, na ânsia de a levantar, não percebe que está tendo sua carteira subtraída pela mão-leve.

- Exatamente! Era isso que ela queria como ajuda. Não sei como estava me fugindo essa expressão.

Um comentário:

Rafael P disse...

Sensacional, como de costume.
Parabéns.
Descobri o site uns 20 dias atrás e ja li tudo até setembro/09. Não sei o que farei qdo terminar. Acho que terei que voltar a trabalhar.