quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pão com Pipoca e Açúcar

- Ontem eu estava com tanto sono, mas tanto sono, que dormi durante o jantar. Dei de cara na comida.

- Se você estivesse com tanto sono assim, teria dormido antes do jantar. Tipo umas seis da tarde.

- Mas eram seis da tarde. Lá em casa o pessoal janta cedo.

- Hummm. Mas e aí, deu de cara em quê?

- Em uma sopa de ervilhas.

- Queimou a cara?

- Nada. O sono era tanto que eu estava pescando fazia horas. Deu tempo da sopa esfriar. Na verdade, fiquei com a ponta do nariz gelada.

- Ainda bem que você não estava jantando uma planta carnívora. Senão, seu nariz ficaria mordido, não congelado.

- E quem é que come planta carnívora?

- Tive um vizinho que jantava isso todo dia. Era vegetariano radical. Aí comia a planta para, além de se alimentar, meio que para se vingar dos carnívoros. Como dizia que não ia comer gente, comia a planta e se sentia vingado.

- Não comia gente por não ser caníbal ou por ser vegetariano?

- Não sei. Mas dava na mesma: não comia do mesmo jeito. Aliás, um caníbal vegetariano come o que?

- Gente de soja.

- Não parece bom. 

- Nada de soja é. Mas esse meu vizinho aí gostava mesmo de coisa estranha. Lembro que uma vez me chamou para lanchar na casa dele e me serviu pão com pipoca e açúcar.

- Não parece tão estranho.

- Nem se eu te falar que o açúcar era mascavo?

- Aì, sim, a coisa muda de figura. Era mascavo?

- Não era. Era refinado. O pão era francês. A pipoca, microoondas. Cara mais previsível, não?

- Acho que sim. Se eu comesse pão com pipoca e açúcar, usaria exatamente esses ingredientes. Talvez substituísse o açúcar por adoçante, se estivesse de regime. Mas só. No final das contas, esse lanche estava gostoso?

- Médio. Se eu pudesse, substituiria a pipoca por um queijinho. O açúcar por um presuntinho. E meu vizinho pela Erika Mader. Aí, sim, a coisa ficaria boa.

- Com a Érica Mader, meu chapa, até pão com pipoca.

- E com açúcar?

- Não vamos exagerar também.

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