segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Musiquinha dos Trapalhões ao Fundo

- Peraí, deixa ver se entendi.

- Perfeitamente.

- Você tem um amigo que ia casar.

- Ia, não. Casou sábado passado.

- E ele tem o mesmo nome que o seu.

- Isso. Nome e sobrenome.

- Ambos são homônimos completos.

- Exato. E eu fui padrinho de casamento dele. Somos muito amigos, entende?

- Então ele te deu alguns convites, para que você distribuísse para outros amigos em comum?

- Isso. Fiquei com uns dez convites e levei para um bar, no qual seria comemorado um aniversário de terceiros e que estariam esses 10 amigos em comum, mas não o noivo.

- Você os levou. Mas, constrangido em distribuir os convites no meio de pessoas não convidadas, resolveu deixá-los em um canto, escondidos. Canto do qual, mais tarde, você os distribuiria, sempre disfarçando, entre convidados?

- Isso.

- Você é uma besta, sabia?

- Sabia.

- Então você bebeu demais, se entreteve com outras coisas e acabou indo embora sem distribuir os convites?

- Sim. Mas não esqueci apenas de distribuí-los. Eu também os esqueci no bar. Completamente.

- No dia seguinte, você ligou para o bar, que informou que os convites haviam sido entregues para a última pessoa da turma a sair do recinto?

- Sim. E era uma das pessoas que não havia sido convidada. 

- Aposto que essa pessoa não ligou de não ter sido convidada, procede?

- Como você sabe?

- Porque normalmente se a pessoa não foi convidada, é porque não tinha tal intimidade com o noivo. Ou algo assim. Não conheço ninguém que tenha ficado ofendido por não ir a um casamento. Provavelmente, se a pessoa não foi convidada, ela também não convidaria a pessoa que não o convidou. E isso não ocorre por revanchismo, mas simplesmente porque não tem a ver.

- Taí um ponto. Bom, daí os convites eram, na verdade, revistas. Os noivos criaram uma espécie de anúncio em revistas e o convite ficava estampado lá dentro, em uma das páginas.

- E daí a pessoa que pegou os convites-revista não se sabia que eram convites de casamento, pegou um taxi e acabou esquecendo as revistas lá dentro?

- Sim. Mas daí liguei a ele e contei a história toda. Por sorte, a namorada dele era amiga do taxista e conseguia pegar novamente as revistas.

- Só que houve um problema, correto? Ele iria viajar aquele dia e não voltaria até depois do casório. E você precisava dos convites.

- Aí ele resolveu deixar o diabo dos convites com uma amiga da namorada dele, porque o taxista conhecia a pessoa em questão também.

- Compreendo. E depois? Eu precisei recapitular porque estava tudo muito confuso.

- Bom, ai perguntei a ele se a amiga da namorada era bonita. Se fosse, eu pensei quem chamá-la para um chope e tals e até pegar as revistas.

- Até?

- Não. Primeiro, os convites-revista. Depois, se desse, ela também.

- Compreendo.

- Daí liguei para ela, que foi muito simpática. Disse que estava com as revistas e que podia pegar quando eu quisesse.

- Entendo.

- Então, a chamei para sair. Iria aproveitar a oportunidade e estreitar o relacionamento e tudo mais. Temos amigos em comum, sacomé?

- Seicomé.

- Daí ela bateu o telefone na minha cara. Liguei novamente, ela não atendeu. Mandei SMS, nada. E não consegui pegar os convites.

- Que menina mais estranha.

- Também achei. Mas hoje meu amigo voltou de viagem. Como tenho o mesmo nome do noivo, ela achou que eu era o noivo. E, por sinal, um noivo muito safado. 

- Eita.

- Pois é. Disse para a namorada desse meu amigo algo como "que absurdo! Estou com os convites de casamento dele e ele me chama pra sair?".

- Rapaz... que saga. E agora?

- Bom, agora quero falar com ela e ver se essa história tem um final feliz.

- Final feliz?

- É.

- Pensei em um bom. Você poderia sair com ela e esquecê-la em um taxi.

- Ai, ai.

- Ou, quem sabe, se você começasse a acordar no Dia da Marmota. Sempre acordando procurando os convites.

- Ai, ai, ai.

- Ou, então, um bom final para a história seria uma grande amnésia geral assolar toda a humanidade pouco a pouco, tipo a cegueira em "Ensaio sobre a Cegueira". Só você ficaria imune e passaria o resto da vida pensando nos convites que esqueceu. Que acha?

- Já deu, né?

- Não, não. Já pensei em mais uns 32 bons finais para essa sua história bisonha. Você poderia encontrá-la e descobrir que ela, na verdade, é um pato que sabe falar e que...

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- Essa é do festival É Tudo Verdade?

- Quase. Mas essa história foi apenas redigida por mim. Orignalmente, encenada, criada e finalizada por Leandro Leal, Costela e Jef.


2 comentários:

Leandro Leal disse...

Não é a história da minha vida, mas é uma delas. Se não tivesse acontecido comigo, também imaginaria que é ficção.

Binson disse...

Eu acredito bem na veracidade dessa história...