sábado, 10 de julho de 2010

Dando um Reforço no Lanche da Galera

- Você acha que o Bruno joga papel na rua?

- Como é?

- Ah, estava pensando. Se um cidadão comete um assassinato, por exemplo. Será que, no dia-a-dia, ele é uma pessoa pacata, que se comporta bem no trânsito e joga o lixo na lixeira, ou será que joga o lixo no chão e vive fechando os outros no tráfego?

- Pela cara dele, posso chutar. Serve?

- Vai ter que servir.

- Bom, acho que ela fecha os outros no trânsito, mas que não joga lixo no chão, não.

- Interessante. Isso quer dizer que ele só é transgressor para certas coisas. Certo?

- Basicamente. Você, por exemplo, nunca roubou nada na sua vida, correto?

- Correto. Nem bala quando era criança, nem chiclete. Nada, nunca. Aliás, foi por isso que parei de ir a uma antiga psicóloga. Ela me acusou de ter roubado um boné, por conta de um desenho que fiz. Fiquei tão indignado, principalmente por ela não acreditar na minha, depois de todas as minhas negativas, que parei de frequentar o consultório.

- O que diabos você desenhou? Uma caricatura do Ronald Biggs?

- Não. Um rapaz com a mão no bolso. Ela entendeu que as mãos no bolso era sinal de que eu tinha roubado algo.

- Algo como o corpo fala levado ao mundo da ilustração infantil?

- Por aí. Tentei explicar para ela que eu desenhei as mãos no bolso porque não sabia desenhar mãos mas ela não acreditou. Eu tava vendo a hora que ela ia chamar o 190.

- O que ela dizia?

- Ah, não lembro bem. Algo como "você não me engana, ladrãozinho".

- Bela psicóloga, hein. Mas, voltando à vaca fria...

- Não. Não quero mais falar da psicóloga.

- Quero dizer, voltando ao assunto. Você nunca roubou nada. Mas no truco vive roubando. Acho que é o mesmo no caso do Bruno. Não joga papel no chão, mas vive matando.

- Falando nisso, estava lendo uma notícia interessante. Presos esperam que Bruno reforce time do presídio.

- Reforço é reforço. Aposto que eles ficaram muito tristes quando o Edmundo foi absolvido naquele caso de atropelamento.

- Verdade. Imagina a tristeza da população carcerária norte-americana quando o OJ Simpson saiu impune daquela matança contra Deus e o mundo e a mulher dele.

- Por essa ótica, imagino que as presas do Brasil torçam para a Dona Palmirinha matar alguém ou roubar qualquer coisa. Assim, presa, ela poderia dar um reforço no lanche da galera.

- Alto lá. A Dona Palmirinha jamais iria fazer algum mal para alguém.

- Sei não. Ela vive assassinando o português. "Nóis vumo fazê isso, amiguinha." "Vamo pegar os prato e colocar nos forno." Daí para pegar gosto pela coisa e envenenar mais alguém é um pulo.

- Acho que não. Acho que ela é o típico caso que assassina o português, mas nunca jogou a matemática no chão ou fechou alguém no truco.

- Será?

- Ah, é certeza.

- Certeza, não. Batata. Aposto que a dona Palmirinha prefere essa expressão.

- Conhecendo o linguajar dela, acho que tá mais para "é batatas" ou "são batata".

- Ou "tudo batato". Certo?

- Batata.

3 comentários:

Anônimo disse...

Genial, Bucha, genial.

Anônimo disse...

Aliás, o anônimo acima sou eu.

Anônimo disse...

Eu = primo