terça-feira, 20 de julho de 2010

40 dias jejuando, meditando e assistindo a filmes com explosão e mortos-vivos

- Hoje fiz uma experiência antropológica-espiritual vindo para cá.

- De novo?

- Como de novo?

- E aquela vez que você resolveu passar 40 dias só jejuando, pensando, esperando, meditando e assistindo a filmes com explosão e mortos-vivos?

- Ah, naquela época eu estava em outra fase. Já passou. Agora estou nessa de experiências antropológicas-espirituais.

- Sei. E em que consiste isso?

- Bom, na verdade, só queria dizer que hoje, ao sair de casa, percebi que um dos cadarços do meu tênis estava desamarrado. 

- Seu pênis? Hahahaha.

- Babaca!

- Eu sei. 

- Então, aí resolvi não amarrar. 

- E você deve ter um bom motivo para isso, além da preguiça de abaixar.

- Sim. Juntando o útil à preguiça, resolvi vir para cá com ele desamarrado, só para ver quantas pessoas na rua iriam me avisar que ele estava desamarrado.

- Pelo jeito, ninguém avisou. Ele continua desamarrado. Estou vendo que não há a solidariedade da porta do carro meio aberta ou do erro de digitação no MSN no caso do tênis desamarrado. 

- Não é o tênis que é desamarrado, é o cadarço. Hahaha.

- Babaca.

- Eu sei. Mas você que começou com o negócio do pênis. Me explica esse negócio da solidariedade aí, que não conheço.

- Acho que li em um texto do Luis Fernando Veríssimo. De um jeito mais inteligente e polido, ele dizia mais ou menos que todo mundo caga para todo mundo. Bate a carteira, taca fogo em mendigo, fecha no trânsito, fura fila. Mas basta alguém ver, no trânsito, a porta de outro carro mal fechada, meio aberta, avisa. Buzina, abaixa o vidro, faz sinal. É a solidariedade da porta meio aberta.

- E o negócio do MSN?

- Mesmo princípio. Mas isso aí fui eu mesmo que descobri. Toda vez que escrevo algo errado no nick ou no subnick, por erro de digitação...

- Ou por burrice.

- Babaca.

- Eu sei.

- ...Por erro de digitação, alguém me avisa. Com a maior delicadeza do mundo, mas me avisa. Pelo visto, isso não é aplicado ao cadarço.

- É verdade. Veja meu caso. Vindo para cá a pé, cruzei com umas, chuto, 100 pessoas. Delas, uma só um senhor me avisou que eu estava com o tênis desamarrado.

- Se ele avisou, porque seu tênis continua desamarrado?

- Porque para me vingar de todos que não avisaram, acabei dizendo para o senhor que eu sabia que estava desamarrado mas que não ia amarrar. E comecei a contar minha experiência para ele.

- E ele? Te chamou de mal educado, lunático, debilóide ou... BABACA?

- Eu sei

- Tá, mas e ele?

- Nem ouviu.

-  Era surdo?

- Não. Quando comecei a falar, passou por nós Passat velho com a porta meio aberta, bem mal fechada. O senhor saiu correndo atrás e me deixou falando sozinho, com o tênis desamarrado e minha experiência antropológica-espiritual.

- Você não sabe o que significam as palavras "antropológica" e "espiritual", ?

- Não faço ideia.

- Percebo. Não use como nick no MSN, ok?

- Ok.

4 comentários:

Leandro Leal disse...

Olha, assim, desculpa falar, eu sei que não foi por mal, mas tem uma porção de erros de digitação nesse texto. (É, eu sei.)

Buchabick disse...

Hahaha.

Vou arrumar. Valeu.

Unknown disse...

"Acho que li em um texto do Luis Fernando Veríssimo" serve para começar qualquer pataquada que vc queira falar

Flavia D'Álima disse...

Tenho um amigo q seeempre anda c/ os cadarços desamarrados. Mas ele que ditar moda. É, eu sei meio babaca, mas é amigo é amigo.