quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Reflexo Condicionado

- A Febem te pegou?

- Me pegou junto com a sua mãe, seu filha da puta!

- Opa. Desculpe, não sabia que não podia brincar com seu corte de cabelo.

- Ah, isso. Não, não. Não fico ofendido. É reflexo condicionado de quando eu era criança. Sempre que alguém falava "a Febem te pegou", e foram muitas vezes desde o pré-primério, eu já respondia com falta de educação. Agora, não consigo mais me controlar.

- Hummm. Isso acontece comigo também. E é algo que comecei a ter durante as aulas de biologia na oitava série. Entranto, meu reflexo é acionado quando toca uma campainha. Eu não xingo, como você. Meu reflexo condicionado me faz salivar, querendo comer um bife.

- Seu professor de biologia chamava Pavlov?

- Você também teve aula com ele? Como sabe?

- Esquece. 

- Tem outra coisa que me faz salivar também: Urso Branco, o drink.

- Que drink é esse? 

- É fácil de fazer. Só de pensar, já estou salivando.

- Como é? 

- Receita simples. Metade leite tipo C, metade qualquer vodka. Sem gelo. Servir em copo de plástico. Ou, se quiser impressionar alguma garota, nas mãos em formato de concha e jogar na boca.

- Só de pensar já estou... 

- Salivando?

- Quase. Nauseando.

- Reflexo condicionado?

- Acho que estômago fraco mesmo. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Telefone Tocou Novamente, I'm A Cuckoo

- A paixão mais fugaz que já tive foi por uma garota que tinha como música, no despertador do celular, I´m a Cuckoo, do Belle & Sebastian.

- Hoje de manhã, confundi o desodorante com creme de barbear e meti espuma no sovaco. Infelizmente, não percebi a tempo e, depois de colocar e lambuzar a camiseta, ainda joguei desodorante na cara. Como uso daqueles bem vagabundos, do naipe de Avanço, ainda fiquei com o rosto ardendo e vermelho por horas. Parecia que eu estava com rubéola.

- Já fiz isso. E o pior: fiz quando eu estava, realmente, com rubéola. A coisa fica muito pior. É muita idiotice.

- Por falar em idiotice, fale mais sobre essa sua paixão fugaz.

- Pois então, é isso. Conheci a garota nem lembro onde. Não me interessei muito mas acabou que fomos parar nem sei bem onde. Aí, de manhã, acordei com I´m a Cuckoo, do Belle & Sebastian, tocando. Achei uma coisa muito perspicaz e fofa ao mesmo tempo. Cuckoo, despertador, essas coisas. E a música é fofinha, boa para acordar. 

- Acho que a paixão mais fugaz que tive foi certa feita quando me apaixonei pelo andar da Ivone.

- Como assim?

- Era uma moça que trabalhava comigo. Nem era bonita e nem parecia muito uma moça. Mas tinha um modo de andar sublime. Andava como se flutuasse no ar e exalasse lavanda ao mesmo tempo. Ela cheirava não muito bem, mas quando andava, era lavanda para cá e almíscar para lá. Uma beleza. Pena que, por motivos óbvios, não deu certo.

- Que motivos óbvios?

- Bom, eu me apaixonei pelo andar dela, não por ela. Quando saíamos, eu sempre queria ir fazer cooper ou caminhadas em geral, porque queria vê-la andando. Como ela queria ir ao cinema, teatro, bares e ficar sentada, o encanto acabou rápido. Fora que levei quase dois meses para conseguir convencê-la a sair comigo.

- Ela era irredutível?

- Não. É que sempre que eu a chamava para conversar, ela parava de andar pelos corredores. Aí, eu perdia o tesão. Só consegui chamá-la para sair enquanto estávamos em um cortejo fúnebre, de um colega em comum. A distância entre o velório e o jazigo era tão longa que deu tempo de me apresentar direito, chamá-la para sair, combinar o lugar e tudo mais.

- Rapaz, ainda bem que esse colega não era obeso. Coitado dos carregadores.

- Quem disse que não era?

- Xiii.

- Mas voltando ao negócio do Belle & Sebastian, porque foi fugaz?

- Durou exatamente o tempo da música, coisa de três minutos e pouco.

- Mas você não havia passado a noite com ela?

- Havia. Mas não havia me apaixonado. Só que, quando tocou I´m a Cuckoo, aí sim achei demais e me apaixonei.

- E por que passou tão rápido?

- Bom, aí resolvi fuçar mais no celular para descobrir qual seria o toque de chamada.

- Sei.

- Descobri que era O Telefone Tocou Novamente, do Jorge Ben ou do Jorge Ben Jor, sempre me confundo.

- E isso te broxou?

- Pelo contrário. Fiquei mais empolgado. Percebi que ela era toda temática com relação ao celular. Resolvi ir além e, já que ela estava no banho, fuçar mais um pouco no telefone e descobrir o toque de mensagem recebida.

- E qual era?

- Message in a bottle, Police.

- Realmente, temática.

- Temática e perspicaz. E a paixão aumentando. Aí, como era um smartphone desses bem modernos, resolvi procurar por qual seria a música que indicava a chegada de um novo e-mail.

- E qual era?

- Não era música. Era aquele antigamente irritante, mas hoje até que divertido, “You´ve got a mail” da AOL. Bacana, né?

- Muito.

- E aí, o que aconteceu que você desanimou?

- Bom, daí eu estava lá com o telefone na mão quando a bruaca saiu do banheiro.

- Era feia? Foi isso, então?

- Nada. Quem vê cara não vê coração. Além do que, logo mais estaremos todos bem velhos e beleza vai ser a última coisa que conta. Não queria desperdiçar a chance de ficar com uma garota tão interessante, celularísticamente falando, por conta de um rosto feio.

- Entendo.

- Bom, aí ela saiu do banheiro e logo quando eu ia elogiar os gostos telefônicos dela, ela disse algo como ‘por que você está fuçando no telefone do meu namorado?’. Então ela me explicou que havia perdido o dela e, como o namorado estava viajando, havia deixado o celular com ela.

- E você sabia que ela namorava?

- Com aquela cara, tinha certeza que não. E isso foi o segundo ponto que me desanimou. O primeiro, obviamente, foi perceber que eu estava apaixonado por um homem que estava viajando. E o pior: que ele já tinha namorada.

- E a ironia da coisa toda era que você nem tinha como pedir o telefone dele, já que o celular já estava na sua mão.

- Pois é. Mas não ia pedir mesmo. Acho que já estou muito velho para mudar meus hábitos sexuais. Mas que ele é um partidão, isso é. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sobre Freiras, Meninos e Lobos

- Você tem sorte de isso aqui não ser um convento e eu não ser a madre superiora. Se não, você seria punido agora. 

- Você iria me por para ajoelhar no milho ou coisa assim?

- Não sei o que faria, já que não sou a madre superiora. Mas se eu fosse, saberia direitinho o que fazer. E você, meu caro, ia sofrer de um jeito que eu nunca imaginei. 

- E você nunca imaginou porque não é a madre superiora, correto?

- Correto. 

- E você não é a madre superiora porque isso aqui não é um convento, correto? 

- Correto.

- Porque, obviamente, se isso convento fosse, a madre superiora você seria. Não é?

- É, Mestre Yoda.

- Mas porque mesmo eu seria punido? Acho que você não me explicou o que fiz para merecer tal castigo não pensado.

- Não sei. Não sou a madre superiora. Mas se fosse, eu saberia porque te puniria. E você saberia porque estaria apanhando.

- Mas se isso aqui fosse um convento, você fosse a madre superiora, eu não seria eu, correto? Eu seria uma freira, por exemplo.

- Sim, é fato. Você seria uma freira. Bem feia, é fato, mas ainda assim uma freira.

- E o que eu, como freira, poderia fazer para sofrer tamanho castigo?

- Isso aí é você quem vai me dizer. Eu seria a madre superiora, não uma adivinha. 

- Se eu esquecesse o Pai Nosso na metade, seria castigada?

- Não sei. Não sou a porra da madre superiora, já disse.

- Ah, mas agora eu queria saber porque eu sofreria. Se eu gaguejasse na Ave Maria, será que seria castigada?

- Não sei, já disse. 

- E se eu aparecesse de hábito tipo mini-saia?

- Bom, aí não precisa ser madre superiora para saber que você seria castigado. Freira drag queen já é demais.

- Ufa. Agora já sei o que não fazer, caso eu vire freira algum dia. 

- Ta satisfeito? Podemos terminar a conversa?

- Quase. Que tipo de castigo eu teria, caso pintasse de drag queen religiosa? 

- Acho que te mandava tomar banho para tirar a maquiagem. Depois, te dava um hábito bem grande, para cobrir suas pernas. Aí, te fazia rezar uns 10 Pais Nossos e umas 12 Ave Marias ajoelhado no milho. E pronto.

- Rapaz. Para quem não sabia como agir como madre superiora, até que você já tem todo o esquema de punição na cabeça, hein. Respondeu de bate-pronto e tudo mais.

- É. Por isso que eu digo, uma pena que isso aqui não é um convento e eu não sou a madre superiora. 


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Era Uma Vez...

- Vamos brincar de “Era uma vez”?

- Cuma?

- A internet caiu, não tenho como trabalhar. Pensei em inventar uma brincadeira, enquanto ela não volta.

- E como funciona isso?

- É assim: eu começo uma história, você continua. Daí, você pára em algum ponto. Eu continuo e assim vamos, até a gente cansar ou a internet voltar para podermos voltar a trabalhar.

- Hummmm. Tá bom. Começa.

- Era uma vez uma garota chamada Adriana. Adriana não tinha o dedo mindinho do pé esquerdo. Um dia, ela saiu de casa e, distraidamente, topou com o pé em uma pedra.

- ...

- Continua, pô.

- Ah, tá. Aí veio a terceira guerra mundial. Pegou todo mundo de surpresa. O mundo explodiu e todo mundo morreu. Não sobrou nada, nem uma poeirinha cósmica para iniciar outro mundo.

- Se você não queria brincar, era só avisar. Não precisava criar uma história de catástrofe só para se livrar da brincadeira.

- Ué, mas você pode continuar a história.

- Como, se não sobrou nadica de nada?

- Só ter imaginação.

- Então continue.

- Bom, daí o mundo acabou e não sobrou nada. Mas Deus não gostou do que viu. Com uns dois gestos e sua varinha mágica de condão, recriou o mundo tal qual o conhecemos hoje. Com exceção do Jô Soares, que ele considerou um erro e decidiu não recriá-lo. Esse mundo, inclusive, tinha a Adriana, que não tinha o dedo mindinho do pé esquerdo. 

- Aí certo dia, Adriana saiu de casa, rumo à escola, e deu com o pé esquerdo em uma pedra. Ficou com ele todo dolorido. Muito mesmo. Seria uma dor mortal, se doesse um pouco mais. Mas como ela não tinha o dedo mindinho, não morreu de dor. Se tivesse, já estaria morta. Nunca um defeito físico foi tão bom.

- Aí Deus teve um infarto fulminante e foi pro vinagre. Veio a terceira guerra mundial e não sobrou nada. E, dessa vez, nem tinha Deus para recriar tudo. Acabou o mundo, o universo e tudo mais. Não sobrou nada, nada, nada.

- Cacete, como é que eu vou continuar isso agora?

- Imaginação, meu caro.

- Então continua.

- Aí Deus misteriosamente ressuscitou e recriou novamente o mundo. Igual como o conhecemos hoje. A diferença é que, além de não ter criado Jô Soares, aproveitou para emudecer o Diogo Mainardi e deu um dedo mindinho à Adriana, que saiu de casa, topou em uma pedra e morreu de dor. 

- Ah, agora quem não quer mais brincar sou eu. Você matou a pobre Adriana.

- Eu? Eu? Eu nada. Deus, meu chapa.

- Mas mesmo assim, eu queria contar a história da Adriana sem dedinho. 

- Você pode ressuscitá-la.

- Ah, não. Não quero contar a história de uma morta-viva. Muito bizarro para mim.

- Mas nessa história até Deus é morto-vivo, por que a Adriana não seria?

- Porque ela era pura e inocente. Não via maldade em nada. Era vegetariana e tudo mais. Não faz sentido ela ser tudo isso e mais morta-viva.

- Mas ela pode ser uma morta-viva limpinha, que não come miolos e nem manca e se arrasta e grunhe. Ela pode ser normal, com a dieferença que já foi para o além vida e voltou.

- Quando a pessoa vai dessa pra uma melhor e volta, volta toda zuada. Não é possível ir e voltar melhor do que era quando viva.

- Como não? Mire no exemplo de Deus da nossa história. Ele morreu, voltou e quando reconstruiu o mundo, emudeceu o Diogo Mainardi. Isso é ou não uma melhora no caráter do todo-poderoso-morto-vivo?

- É. Mas ele não é uma pessoa, e sim uma divindade. Pessoas não voltam melhores. Divindidades voltam.

- Então cria uma condição especial para a Adriana. Vamos supor que ela fosse mãe-de-santo. Mãe-de-santo é divindade?

- Não sei dizer.

- Supondo que sim. Então ela morreria e voltaria melhor. Pronto, pode continuar a história.

- A Adriana vai ser uma mãe-de-santo morta-viva vegetariana, com um dedinho colocado às pressas no pé, que vai topar com uma pedra no meio da rua?

- É.

- É o fim do mundo!

- De novo? Nosso mundo já acabou três vezes. Assim não dá.

- Não, não. Eu estava reclamando da condição da Adriana e não terminando com o mundo. Se bem que, como a internet voltou, temos que acabar a história. Como termina?

- Que tal acabarmos com o mundo, com Deus, com tudo o que existe?

- Pode ser.

- Tá. Então a Adriana andava pela rua quando aconteceu uma grande explosão intergalática, que dizimou a vida de todos os seres do mundo. Até mesmo Deus, novamente, foi para o quiabo. Acabou-se o mundo e somente sobrou...

- Um violinista surdo, seu violino e uma pedra, na qual ele sentava. Sobre ela, tocou pela eternidade uma ridícula e irritante canção de ninar. Mas como ele era surdo, não se importou. Como não havia ninguém para ouvir, não houve reclamações. Fim. 


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Seria Isto Uma Linhagem de Repetição?

- Como se define um monumento?

- Como assim?

- O que diabos é um monumento?

- Luma de Oliveira, Viviane Araújo e quase todas as rainhas de bateria do carnaval, com exceção da Geisy.

- Não no sentido figurado. No sentido literal da coisa, porra.

- Aliás, já que você tocou no assunto, uma coisa que me irrita é quem usa o termo "literalmente" errado.

- Eu toquei?

- É. Você falou "sentido literal". Boa parte das pessoas usa o termo "literalmente" para dar ênfase a algo e não para se referir a algo que aconteceu de verdade, no sentido literal da palavra. Já reparou?

- Já, sim. Me dá um pouco de vergonha quando ouço alguém dizer "ele literalmente deu com os burros n´água" ou "ele literalmente ficou com a cara no chão" quando, na verdade, a pessoa quer dizer que o sujeito em questão se deu mal, muito mal, ou sem graça, muito sem graça.

- Eu fico puto com isso. Literalmente puto.

- Hahaha. Olha aí, usou errado.

- Não usei, não. 

- Quer dizer que... Éca!

- Tá. Não falemos sobre minha vida dupla. Explique o que você quer saber sobre monumentos.

- Preciso fazer uma relação de 50 monumentos ao redor do mundo. Achei uns três ou quatro e empaquei. Mesmo porque eu não sei bem o que é um monumento.

- É fácil. Monumento é um troço grande, que não tem qualquer serventia a não ser olhar e ser alvo de fotos de turistas orientais.

- Hummm. Como você entende do assunto. 

- Opa.

- O Arco do Triunfo, em París, é um monumento, então, certo?

- Certo. 

- O Big Ben, na Inglaterra, também?

- Não, não. É um relógio gigante. Não configura monumento.

- E o Cristo Redentor?

- Também não. Serve para o Didi se pendurar de vez em quando. Ou para um paraquedistas pularem de cima para aparecer no Caldeirão do Huck. Logo, é uma maquete da Globo.

- Xi. Então minha lista só tem um monumento. Você tem algum aí de cabeça, para eu anotar?

- O Borba Gato, em Santo Amaro.

- Que beleza. Vou anotar. E a Estátua da Liberdade, é monumento?

- Hummm. Tem alguma serventia além de base para fotos?

- As pessoas podem subir nela. 

- Ah, então é uma escada gigante. Deveria até mudar o nome para Escada da Liberdade. Não configura monumento.

- Nossa, como é difícil achar monumento. 

- Pra você, claro. Eu já pensei em mais vários.

- Quais?

- Os Moais, na Ilha de Páscoa. A Lua, no Céu. E a Luma de Oliveira, na Passarela do Samba.

- Até a Luma só serve para foto?

- Serve para muitas outras coisas. Mas no meu mundo e no seu, só em foto mesmo. E da Contigo. 

- É... uma pena. De qualquer forma, concordo. Que ela é um monumento, isso é.

- Literalmente!


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma Ode ao Nani

- Como foi de ano novo?

- Até o ano novo, tudo bem. O problema veio depois.

- Vai me dizer que você também lamenta a morte do grande Eramos Dias e acha que deveria ser feita, além de uma canonização imediata, uma estátua dele dentro da PUC? 

- Não. O problema é outro.

- Seu comunistinha pilantra.

- Como? 

- Nada. Meu problema no ano novo foi escolha minha. No dia primeiro resolvi parar de fumar. Deus todo poderoso, como é difícil! Como eu planejava parar, fumei até quase morrer no dia 31. Aí dia primeiro até que foi tudo bem. No segundo, comecei a ficar irritado e com palpitações. Aí apelei para o nicorete.

- Ledo engano.

- Pois é. Nicorete na boca e lamber um cinzeiro cheio de filtro de Hollywwod é quase a mesma coisa.

- Eu sei.

- Aí, comecei a colocar cada vez mais nicorete, para ver se a vontade de fumar passava. Passou quando eu estava na ambulância, sendo levado ao pronto socorro.

- Pelo menos, passou.

- Passou, mas a que custo. De qualquer forma, logo depois de reanimado, voltou a vontade. Aí fiz de tudo para ver se passava. Tudo mesmo. Corri, gritei, entre outras coisas. Quando estava passando sangue de bode pelo corpo, a polícia me deteve.

- Hahahaha.

- Mas assim que souberam que eu estava tentando parar de fumar, me soltaram e deram até um segundo bode, de brinde, para eu sacrificar. Agora, no sexto dia, a vontade está pior do que nunca. Outra coisa que me falaram é que estou mais mal humorado, mas não notei ainda. Aparentemente, solto frases grosseiras sem perceber, no meio de uma conversa normal. Deve ser efeito colateral da falta de nicotina.

- Como o que?

- Com a porra da sua mãe, seu filha da puta!

- Caraca! Você está mesmo ficando agressivo sem perceber.

- Ah, não. Esse foi só um exemplo do que eu ando falando sem notar. Eu percebi que havia dito aquilo. Normalmente, pelo que me falaram, agrido verbalmente quando estou distraído, pensando em fumar.

- E você pensa muito em fumar?

- Não tanto. Agora, por exemplo, não sai da minha cabeça uma deliciosa sopa de nicotina, com diversas bitucas de Marlboro vermelho, boiando nela. Nham, Nham.

- Credo!

- Seu fresco com cara de melão!

- Essa foi sem querer?

- O "cara de melão" foi. Desculpe.

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Texto 90% baseado nos últimos 6 dias do Nani.